I SÉRIE — NÚMERO 1
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A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Portanto, não somos só nós a dar os alertas relativamente às ULS; vários profissionais de saúde, nas últimas semanas, têm vindo a alertar para estes riscos e, na verdade, aquilo que se tem verificado é que, como em todas as negociações, o Ministério, ou melhor, o Sr. Ministro diz que negoceia muito, até à última, mas depois decide tudo sem o acordo de absolutamente ninguém.
Portanto, a pergunta que lhe quero fazer é se, de facto, considera alterar, de alguma forma, esta decisão, considerando o histórico e a experiência que as ULS têm tido no nosso País — não resolvendo os problemas — e se vai, finalmente, fazer aquilo que é necessário: investimento público no SNS que não vá direitinho para o bolso dos privados.
Aplausos do BE. O Sr. Presidente: — Para formular um pedido de esclarecimento, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Joana
Cordeiro, da Iniciativa Liberal. A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro,
o SNS faz hoje 44 anos, mas, de facto, o momento não é de festa. E não é de festa porque é mais do que evidente que o SNS não está a conseguir responder a todas as necessidades das pessoas.
Não responde a quem não tem médico de família, não responde a quem está à espera de uma consulta ou de uma cirurgia, não responde às necessidades das grávidas nem no momento do parto e, agora, nem nas ecografias, e não responde aos profissionais de saúde.
Tudo isto tem vindo a agravar-se nos últimos anos, em resultado da governação do Partido Socialista, algumas vezes por convicção, mas outras porque era preciso agradar ao PCP e ao Bloco de Esquerda. Portanto, três partidos que dizem que defendem o SNS, depois pensam primeiro na ideologia e só a seguir nas pessoas.
O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Muito bem! A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — Mas, Sr. Ministro, ao ouvir as suas intervenções, parece que estamos a falar
de SNS diferentes. É que o Sr. Ministro ri-se, para o Sr. Ministro está sempre tudo bem, diz sempre que o SNS está a fazer mais; que agora há previsibilidade; considera os concursos para a contratação de médicos de família um sucesso, quando 60 % das vagas ficam por preencher;…
O Sr. Rui Rocha (IL): — Quando somos pouco ambiciosos, é assim! A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — … diz que há diálogo com os profissionais de saúde, mas depois a dedicação
plena é aprovada sem o acordo dos sindicatos;… O Sr. Rui Rocha (IL): — Claro! A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — … e também não vê qualquer problema na contratação de médicos cubanos,
mesmo que todos os factos demonstrem que isto configura e que se trata de uma situação de tráfico humano por parte do estado cubano.
O Sr. Rui Rocha (IL): — Não têm nada a ver com isso! A Sr.ª Joana Cordeiro (IL): — Mas, no meio disto tudo, há aqui um ponto positivo, porque agora, apesar de
estar tudo bem, é anunciada então esta grande reforma do SNS para 2024, que será a criação de 31 unidades locais de saúde.
Temos tempo para depois debater isto, mas não posso deixar de lhe perguntar como é que vai garantir que agora é que é, que agora é que este modelo das unidades locais de saúde vai começar a funcionar. É que já aqui foi referido que a primeira unidade local de saúde foi criada em 1999. Passaram-se 24 anos. Depois dessa, existiram outras sete, e toda a experiência demonstra que os resultados não são bons. Das oito que estão em