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I SÉRIE — NÚMERO 1

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Ora, tendo em conta que existem outros 2,3 milhões de portugueses que vão ficar sem médico de família… Neste momento, o Ministro da Saúde levantou as mãos. O Sr. Ministro levanta as mãos, mas isto, de facto, é de bradar aos céus. Portanto, gostaríamos de saber o

que é que vai fazer para as famílias que não têm médico de família. Para concluir, porque já terminou o meu tempo — e com a boa tolerância do Sr. Presidente —, queria ainda

lembrar que hoje, precisamente, celebramos o centenário do nascimento de Natália Correia, uma defensora da despenalização da interrupção voluntária da gravidez em Portugal.

Neste contexto, não posso deixar de o questionar em relação ao relatório da ERS (Entidade Reguladora da Saúde), que diz que 69 % dos hospitais públicos em Portugal não asseguram a IVG.

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Uma vergonha! Não escondam o que se está a passar em Portugal! A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Na sequência destes dados, o Sr. Ministro veio lançar a ideia de colocar

nas unidades de saúde familiar a competência das consultas de interrupção voluntária da gravidez. A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Um escândalo o que se está a passar com a IVG! A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Esta medida tem muitas zonas cinzentas para esclarecer e gostava

que o Sr. Ministro pudesse, precisamente, aclarar esta sua ideia de passar, de facto, para as unidades de saúde familiar esta possibilidade, para que este direito, que tanto custou às mulheres em Portugal a conquistar, não deixe de estar consagrado.

O Sr. Presidente: — Para formular um pedido de esclarecimento, em nome do Bloco de Esquerda, tem a

palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires. A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs. Deputados,

de facto, 44 anos de SNS é uma data importante a assinalar. Na verdade, o SNS representou uma das conquistas mais importantes da nossa democracia e tem durado

tanto tempo porque sempre foi apoiado pela população, porque as pessoas sabem que sem o SNS, na grande maioria das vezes, não teriam direito a aceder aos cuidados de saúde.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem! A Sr.ª Isabel Pires (BE): — O problema é que o SNS tem inimigos. Protestos da Deputada da IL Joana Cordeiro. E, nas últimas décadas, grande parte desses inimigos foi estando nos Governos que foram gerindo o Serviço

Nacional de Saúde, Governos que foram, portanto, criando condições para haver privatizações, que foram degradando determinados serviços e que nos levaram ao ponto em que estamos agora.

Falando em degradação de serviços, Sr. Ministro, isto leva-nos à situação incontornável da maternidade do Hospital de Santa Maria.

Queria voltar ao dia 20 de julho de 2023, ao debate do estado da Nação. Na altura, eu própria lhe perguntei o que é que estava a acontecer com aquele serviço neste hospital, alertando para o facto de estar aqui em causa uma possível destruição do serviço de obstetrícia e de maternidade e que, dentro de pouco tempo, poderia começar a haver mais rescisões de contratos por parte dos profissionais de saúde. E perguntei ao Sr. Ministro se iria demitir a Presidente do Conselho de Administração ou se iria mantê-la, correndo o risco de vermos aquilo que, agora, vemos acontecer.

A sua resposta foi paradigmática, e cito: «Tenho toda a confiança na forma dedicada ao serviço público como ela está a dirigir um dos maiores hospitais do País.»