12 DE OUTUBRO DE 2023
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Sabemos que a força do mercado — é uma expressão muitas vezes usada por muitos nesta Câmara — repele pessoas de uns sítios e atrai-as para outros. Foi sempre assim. Mas essa força do mercado não é uma inexorável força de destino ou do destino. O que esperamos dos decisores políticos é que não desistam de corrigir os excessos desse mercado, naturalmente, para usarem os recursos todos do território.
É verdade que nos PowerPoint que o PS gosta tanto de passar, para português ver, o problema até já parece estar resolvido, como tantos outros, aliás, mas o país real sabe que não é assim. O país real sabe, por exemplo, que nem as redes novas da conectividade digital cobrem o território todo, nem as «redes velhas» das acessibilidades físicas estão completas, mesmo que já tenhamos perdido a conta às primeiras pedras, que pululam, por exemplo, no IC6, no IC7 e no IP3, como o Sr. Deputado bem sabe.
Por isso, queria fazer uma pergunta muito rápida. Por que diabo, por que razão é que estes desequilíbrios, depois de tantos anos de Governos socialistas, de receitas socialistas, de domínio mediático socialista, continuam a agravar-se em vez de melhorarem?
Vozes do PSD: — Muito bem! O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — Não será, certamente, por falta de pessoas sensíveis a este problema
da parte da bancada do PS. Já percebemos que não. Será que é falta de jeito? Falta de técnicos? Falta de meios financeiros? Será porque é mais fácil anunciar do que concretizar? Será porque as políticas estão, às vezes, mal concebidas ou são mal executadas? Política é fazer escolhas. Escolher A deixar B por fazer. Avançar com umas coisas e deixar outras na gaveta. Nós, lá em Coimbra, temos muito a noção do que vai ficando na gaveta! E, mesmo quando não decidimos, decidimos, estamos a decidir.
Depois de tantos anos e de governos socialistas, o resultado concreto das escolhas está à vista e não é bom para o equilíbrio territorial do País. Sr. Deputado, como é que vai ajudar o Governo socialista a governar melhor nesta matéria?
Aplausos do PSD. O Sr. Presidente (Adão Silva): — Tem V. Ex.ª, Sr. Deputado José Carlos Alexandrino, um bom grupo de
perguntas outra vez. Faça favor. O Sr. José Carlos Alexandrino (PS): — Sr. Presidente, não posso deixar de responder à Sr.ª Deputada
Paula Santos. Concordo com muitas coisas que disse aqui e até quanto ao mercado de trabalho, mas gostava de lhe dar uma nota que é relevante, porque são casos concretos, não são casos da teoria, do país irreal.
Oliveira do Hospital tem um conjunto de fábricas têxteis de fatos. Para mim, Oliveira do Hospital faz os melhores fatos do mundo, mas «presunção e água benta cada um toma a que quer», como sabem.
Neste momento, poderíamos ter mais 600 pessoas no desemprego e não aconteceu porque temos uma Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, a quem presto aqui a minha homenagem, que se disponibilizou para encontrarmos soluções. Foi nesta colaboração com o Governo que hoje duas empresas de Oliveira do Hospital continuam a funcionar e que exportam para a Nova Zelândia, exportam de uma forma diferente.
Aplausos do PS. Tem razão quando diz que há o problema da fixação. E deixem-me também dizer o seguinte, e não é contra
os trabalhadores, é a favor: considero os trabalhadores de Oliveira do Hospital heróis, todos aqueles daquele meio, porque eles não têm as mesmas vias de comunicação para lá chegarem. Temos uma estrada do tempo da monarquia, ainda da estrada nacional, e precisamos do IC6, como referiu o Deputado João Paulo Barbosa de Melo, por quem tenho uma enorme consideração, porque foi meu colega autarca no meu primeiro mandato.
É preciso realmente mudarmos algumas coisas. O que me preocupa — e não era para o dizer, mas visto que o Deputado João Paulo Barbosa de Melo o referiu —, as maiores reivindicações de Oliveira do Hospital são o IC6 e, depois, a construção do IC7 para nos ligar à A25, para irmos para o mercado ibérico.