I SÉRIE — NÚMERO 14
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Sr.ª Deputada, não vamos estar aqui até…
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Isso não é a mesma coisa?!
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, tem de concluir.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Ó Sr.as Deputadas, não vale a pena irritarem-se. Não vamos estar, aqui, a teimar,
mas é minha convicção de que a Sr.ª Deputada está equivocada, mas veremos.
Aplausos do PS.
Protestos das Deputadas do BE Joana Mortágua e Mariana Mortágua.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Membros do Governo, Sr.
Primeiro-Ministro, o seu Governo prometeu, recordo-lhe, que com a maioria absoluta iria implementar grandes
reformas no nosso País, que iríamos ter todos melhores oportunidades para viver, mas hoje essas reformas
nem vê-las, e mais, no que toca às oportunidades, só mesmo aquelas para apertarmos o cinto.
Sr. Primeiro-Ministro, é a oportunidade de apertarmos o cinto naquilo que diz respeito ao valor da habitação,
que é hoje oito vezes mais cara, ao contrário, aliás, dos salários, que subiram apenas cinco vezes, em
comparação com a habitação.
É a oportunidade de apertar o cinto quando temos de pagar as contas do supermercado, uma vez que já
anunciou que vai acabar com a medida do IVA zero, o que faz muita diferença para quem tem de pagar o pão,
a massa ou o arroz.
Protestos do Deputado do CH Pedro Pinto.
Também é a oportunidade de apertar o cinto para uma mãe que não tem dinheiro para pagar as creches, isto
porque, apesar de serem gratuitas, não há vaga para todas as crianças.
É também uma oportunidade de apertar o cinto quando se tem de comprar os passes dos transportes
públicos, porque apesar de ser gratuito para os jovens estudantes abaixo dos 23 anos, não é gratuito para todos
os jovens, e menos ainda para todas as pessoas.
Também é a oportunidade de apertar o cinto quando se tem de pagar o alojamento estudantil, uma vez que,
infelizmente, os nossos jovens não têm como pagar para estudar ou lutar por melhores condições de vida.
Sr. Primeiro-Ministro, também é a oportunidade de apertar o cinto no que diz respeito aos animais de
companhia, quando temos de pagar a sua alimentação ou os cuidados médico-veterinários e nos deparamos
com um IVA a 23 %, taxado como se fosse um bem de luxo.
Aqui chegados, a pergunta que se impõe é a seguinte: e agora, Sr. Primeiro-Ministro, que oportunidades é
que o País vai ter?
Desde logo, quando temos mais uma oportunidade de apertar o cinto, ainda agora falámos no IUC e temos
uma petição que já conta com mais de 200 000 assinaturas.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Também é contra?
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Há uma pergunta que tenho de lhe colocar: o Sr. Primeiro-Ministro veio
justificar-se com as questões ambientais, mas as questões ambientais podem ser feitas à conta das borlas
fiscais que estão previstas no Orçamento do Estado, pois são 68 milhões de euros, mais 25 % de aumento em
relação ao ano passado, ao invés das pessoas que são mais pobres, ao invés das pessoas que não têm como
pagar o passe nem aceder.
O Sr. Rui Rocha (IL): — Até o PAN, Sr. Primeiro-Ministro! Tem mesmo de acabar com o IUC!