I SÉRIE — NÚMERO 18
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A direita portuguesa tem de recuperar do trauma do corte. E não imputem ao Governo do PS os cortes,
porque, mais uma vez, os pensionistas que nos ouvem lá em casa sabem que não houve nenhum corte de
pensões. Corte de pensões foi quando os senhores foram para o Governo e cortaram as pensões aos
pensionistas neste País.
Sr. Primeiro-Ministro, este é um «Orçamento dos portugueses» — é uma afirmação sua, da tribuna. Este é
um Orçamento dos portugueses, acima de tudo, porque é um Orçamento que não é feito contra os portugueses.
E tem resultados, porque adotou uma estratégia diferente.
Lembramos que a estratégia do PPD-PSD e da direita era a do empobrecimento máximo, emigração máxima,
salários mínimos e pensões mínimas.
O Sr. Rui Rocha (IL): — Não fales de emigração, Eurico!
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Aquilo que trouxeram para o equilíbrio orçamental, que tanto
procuraram e nunca conseguiram, foi uma solução que só podia ser assente no corte do Estado social, no corte
dos salários e das pensões.
O Sr. Miguel Santos (PSD): — Como é que é possível?!
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Não há equilíbrio orçamental possível sem cortes de pensões e salários,
recorrendo, evidentemente, a uma estratégia de empobrecimento.
Ora, foi isso que mudámos. O que o Grupo Parlamentar do PS apoia desde 2015 é uma estratégia que não
é a estratégia do duplo E: Empobrecimento e Emigração. Volto a dizer: os portugueses lembram-se! Os
portugueses lembram-se que a estratégia era sair da zona de conforto e emigrar, ou, em alternativa, condenar
aqueles que ficavam ao empobrecimento. Logo, Sr. Primeiro-Ministro, a alternativa evidente era cortar no Estado
social, cortar nos salários e cortar nas pensões.
Mas as boas políticas têm bons resultados. E quero relembrar que as boas políticas são aquelas que
conduzem à valorização da oferta portuguesa no exterior — como tem vindo a defender, por exemplo, o Sr.
Ministro da Economia, neste Hemiciclo, em diversas ocasiões. Ora, essa valorização da oferta portuguesa no
mundo é aquela que permite valorizar os salários, ter melhores salários.
É por isso que nós hoje estamos a discutir um Orçamento que aumenta salários — não corta salários; um
Orçamento que aumenta o salário mínimo nacional e no qual não se diz que devemos, se calhar, reduzir o
salário mínimo nacional, como foi dito por um ex-Primeiro-Ministro. É por isso que aumentámos as pensões e
dizemos aos portugueses e aos pensionistas que podem estar tranquilos, porque, em 2024, vão receber um
aumento nas suas pensões.
Ao mesmo tempo, aumentamos as prestações sociais, promovemos a igualdade e a justiça sociais e
diminuímos impostos — o IRS e também o IRC — para quem valoriza os salários, para quem inova e para quem
investe.
Devo dizer que o conseguimos, com o resultado que quero sublinhar neste Hemiciclo e que é o chamado
triplo equilíbrio.
Risos do CH.
Hoje estamos a discutir aqui as possibilidades de a economia portuguesa melhorar a vida dos portugueses
e ter mais desenvolvimento. Temos um equilíbrio orçamental. Sim, o saldo estrutural é zero — 0 %, neste caso.
Sim, temos pleno emprego. Temos máximos de emprego, quando a nossa prioridade foi emprego, emprego,
emprego. E temos também um equilíbrio nas contas externas. O País não se está a endividar, tem capacidade
de financiamento externo, tem uma balança de bens e serviços positiva, bem como uma balança de capital.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Este triplo equilíbrio dá liberdade aos portugueses, dá liberdade aos
atores políticos para fazer uma política diferente. E estas são as boas políticas que levam a bons resultados.