31 DE OUTUBRO DE 2023
27
O quarto motivo pelo qual este é um mau Orçamento: com este Orçamento Portugal não cresce.
Aliás, o Sr. Ministro Fernando Medina, na audição que teve aqui na semana passada, já admitiu isso. Os
senhores já estão à procura de um fundo especial, um fundo soberano, para quando não houver em Portugal
os fundos que têm caído de Bruxelas. Isto porque sabem que não puseram o País em condição de crescer. Esta
é verdade dos factos: convosco Portugal não cresce.
O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Muito bem!
O Sr. Rui Rocha (IL): — E também é um mau Orçamento, porque não põe o País a funcionar.
Olhemos para a educação. Há poucos dias, Sr. Primeiro-Ministro, saiu um estudo do IAVE (Instituto de
Avaliação Educativa, I.P.), de que ninguém fala nessa bancada, muito menos o Sr. Ministro da Educação. O que
diz o estudo do IAVE? Diz que houve perda de aprendizagens por causa da pandemia e das opções políticas
tomadas então. Mas diz mais, Sr. Primeiro-Ministro, diz que os planos de recuperação que os senhores puseram
no terreno foram uma falácia, que não houve recuperação de aprendizagens, assim como o Tribunal de Contas
diz que esses planos de recuperação não tinham métricas, não tinham objetivos, não tinham gestão e não tinham
monitorização.
O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Bem lembrado!
O Sr. Rui Rocha (IL): — Olhemos para a saúde, Sr. Primeiro-Ministro. Já lhe falei de listas de espera; já lhe
falei dos portugueses sem médico de família; já lhe falei dos portugueses que passam a noite à porta de centros
de saúde; mas há mais uma área em que a prestação de serviços e de cuidados de saúde tem vindo a degradar-
se: quero falar-lhe do acompanhamento das grávidas deste País, Sr. Primeiro-Ministro.
A falta de médicos de família faz com que o acompanhamento de consultas se tenha tornado, em muitos
casos, irregular. Há dificuldades de acesso a meios de diagnóstico, a ecografias obstétricas, e, sobretudo nas
últimas semanas da gestação, as grávidas portuguesas não sabem qual é a equipa que as acompanha, se têm,
ou não, uma urgência aberta e onde, e não sabem qual é a equipa com quem vão ter o parto. Isso gera ansiedade
e isso é também responsabilidade do Sr. Primeiro-Ministro.
Aplausos da IL.
Depois, vem o Sr. Primeiro-Ministro dizer que, afinal, é um problema de gestão. Mas antes aumentaram o
orçamento em 56 % — como diz nos últimos anos —, e agora é que descobriram que é um problema de gestão.
Agora é que vão começar a tentar gerir o Serviço Nacional de Saúde. Agora é que vão tomar medidas, dizem
os senhores.
O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — Muito bem!
O Sr. Rui Rocha (IL): — Portanto, olhando para o seu histórico, Sr. Primeiro-Ministro — e o senhor é Primeiro-
Ministro há oito anos —, o senhor afirmou que a saúde seria a joia da coroa do PS. E cá estamos: com listas de
espera, com portugueses à noite nos centros de saúde, com falta de médicos de família.
O Sr. Rodrigo Saraiva (IL): — É uma joia falsa!
O Sr. Rui Rocha (IL): — O senhor prometeu — se for à internet, vai encontrar dezenas, centenas de
afirmações destas — que a educação era uma prioridade. E cá estamos: com planos de recuperação que não
funcionam, com alunos sem professores.
O senhor também prometeu Mais Habitação. É a promessa mais recente, um pacote que foi agora aprovado.
Qual é a consequência, como sempre que o senhor promete alguma coisa? Valores mais caros no
arrendamento, preço de metro quadrado mais alto, diminuição do investimento nos últimos meses. Portanto,
sempre que o senhor promete alguma coisa, o que acontece é o seu contrário.