31 DE OUTUBRO DE 2023
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Protestos de Deputados do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, os resultados eleitorais podem ser consultados a qualquer momento no
site da Administração Eleitoral.
O Sr. Rui Rocha (IL): — É fácil ir lá ver!
O Sr. Presidente: — Passamos agora ao pedido de esclarecimento em nome do Grupo Parlamentar do PCP,
tendo para isso a palavra a Sr.ª Deputada Paula Santos.
Peço silêncio na sala para podermos ouvi-la.
O Sr. Pedro Pinto (CH): — Pingo Doce, para começar!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, a proposta de
Orçamento do Estado que o Governo traz a debate não só não contém as respostas para os problemas
prementes — os baixos salários e pensões, o aumento dos preços, a deterioração dos serviços públicos —,
como ainda contribui para o seu agravamento.
Para lá da enorme operação de propaganda para iludir as pessoas sobre o que o Orçamento não é,
escondendo o que verdadeiramente é, não se consegue esconder a opção do Governo por um Orçamento que
limita o aumento dos salários e das pensões, que não promove o investimento público — aliás, nem aquilo que
tem sido previsto é executado — nem aposta na produção nacional, essencial para criar riqueza, emprego com
direitos e reduzir a dependência externa. Prossegue a degradação de serviços públicos, não garante o direito à
habitação, acentua injustiças e desigualdades, não promove a redistribuição da riqueza e atribui mais benefícios
fiscais e privilégios aos grupos económicos.
Faltam respostas para uma efetiva valorização dos salários e das pensões. Faltam respostas para fixar
profissionais de saúde no SNS. Faltam respostas para resolver de forma estrutural a falta de professores. Faltam
respostas para garantir o direito à habitação e para proteger a casa de família.
O que falta aos trabalhadores e ao povo está a ser transferido para os lucros dos grupos económicos. Como
se não bastassem os lucros colossais obtidos no setor financeiro, energético, nas telecomunicações ou na
grande distribuição, o Governo introduz novos benefícios fiscais que acrescem àqueles que já existem.
Acaba com a tributação extraordinária dos lucros da banca e da energia, embora de forma limitada, reforça
os gastos com as parcerias público-privadas, alarga a transferência de dinheiros públicos para os grupos
privados, como é exemplo na saúde, que ficam com mais de metade do orçamento do SNS. Avança com a
subsidiação pública dos lucros da banca e dos grandes proprietários.
É muito significativo que, ao fim de uma hora e meia de debate, ainda não se tenha colocado a questão da
recusa do Governo em pôr travão e a fazer baixar as rendas e as prestações à banca.
Aplausos do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — São opções! Cada um tem as suas!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Avança com novas privatizações, como são exemplo a Efacec e a TAP.
Gostaríamos, desde já, de lhe colocar uma questão sobre a TAP, porque está à vista de todos o desastre da
gestão privada e os prejuízos que causaram à empresa. Não há multinacional estrangeira que garanta o serviço
público, o hub de Lisboa, a coesão, a ligação entre o território continental e as ilhas e a ligação com as
comunidades portuguesas, porque o que lhes interessa é o lucro.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — A TAP é estratégica para o desenvolvimento do País e só o seu controlo
público, ao serviço dos interesses nacionais, é a solução. O Governo está a tempo de não cometer este crime