31 DE OUTUBRO DE 2023
33
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Paula Santos, este é um Orçamento focado
precisamente no reforço dos rendimentos das famílias, no aumento do investimento e na proteção do futuro.
Visa o aumento de rendimentos, sim, desde logo, salários. Os salários sobem no setor privado, de acordo
com o reforço que foi feito em concertação social, no mínimo, 5 %. Este ano, de acordo com as declarações
para a segurança social, os salários subiram 8 %. Todos os indicadores internacionais indicam que Portugal foi
dos poucos países onde, apesar da brutal inflação com que fomos atingidos, houve um ganho efetivo do poder
de compra.
Em segundo lugar, refiro as pensões. As pensões subiram, no ano passado, acima da inflação e sobem para
o ano acima da inflação, portanto, havendo ganhos do poder de compra por parte dos pensionistas.
Protestos da Deputada do PCP Paula Santos.
Em terceiro lugar, em relação aos jovens, eles beneficiarão, quando estão a estudar, de isenção do
pagamento do passe até aos 23 anos e passarão a ter um prémio salarial pela qualificação correspondente a
um valor equivalente ao que foi um ano de propina na licenciatura ou um ano de propina no mestrado.
Todas as prestações sociais são aumentadas acima da inflação e, com o complemento solidário para idosos,
garantimos que nenhum idoso fica abaixo do limiar da pobreza. É um grande esforço que é feito, de 5000 milhões
de euros, em termos líquidos, para o reforço do rendimento das famílias durante o próximo ano.
É também um ano de reforço no investimento. Quando se diz que temos investido pouco e que não
executamos sempre, as taxas de execução, Sr.ª Deputada, nunca ficaram abaixo de 79 % — e isso foi em 2016
— e têm variado entre 79 % e 94 %,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Mas 94 % do quê?
O Sr. Primeiro-Ministro: — … sendo que, este ano, se prevê que seja de 86 % a execução, em termos de
investimento público.
Protestos da Deputada do PCP Paula Santos.
Em quarto lugar, sim, nós queremos ter um Orçamento equilibrado, mas não o queremos só para termos um
Orçamento equilibrado. Queremos ter um Orçamento equilibrado para termos capacidade de dar resposta às
eventualidades que nos surjam. Se não tivéssemos tido um saldo orçamental em 2019, nunca teríamos
conseguido responder à covid como respondemos.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Bem lembrado!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Vá dizer isso às famílias!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E temos este saldo orçamental apesar de termos respondido a factos
extraordinários, como a criação do apoio à renda. A Sr.ª Deputada referiu o aumento das rendas, mas tem de
referir, igualmente, o aumento do apoio à renda, que garante que, no próximo ano, nenhum inquilino, desde que
tenha…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Desde que tenha!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … um rendimento até ao 6.º escalão, que é um rendimento bruto de 3135 € por
contribuinte — não é por agregado, é por contribuinte, e, portanto, não são só as famílias mais carenciadas, Sr.ª
Deputada —, deixará de ter acesso ao apoio à renda quando a sua taxa de esforço for superior a 35 %.
Protestos do Deputado do PCP Duarte Alves.
E, nessa circunstância, o aumento da renda será só de 2 %.