I SÉRIE — NÚMERO 18
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Por fim, Sr.ª Deputada, já definimos muito bem quais são os critérios relativamente à privatização da TAP,
sendo que o último critério é mesmo o preço. O primeiro critério é a preservação da importância estratégica da
TAP para a economia portuguesa e a preservação do hub de Lisboa.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É uma questão de fé!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Por isso, tenho tranquilidade para lhe dizer, em relação à hipótese que coloca
de o hub de Lisboa não estar garantido e de não estar garantida a função estratégica, que, nesse caso, não
haverá privatização.
Protestos do PCP.
A privatização ocorrerá no estrito respeito pela vocação estratégica da TAP, porque foi por isso que
adquirimos a parte necessária do capital, em 2015, foi para isso que fizemos o aumento de capital, em 2020, e
não será na privatização que vamos alienar aquilo que se conseguiu.
Agora, para alcançar esse objetivo não é necessário ter 100 % do capital ou, sequer, 51 % do capital.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Basta ter amigos e fé!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Depende de quem seja o sócio e depende de qual seja o pacto social entre os
sócios.
Aplausos do PS.
Protestos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para um pedido de esclarecimento em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra a
Sr.ª Deputada Mariana Mortágua.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, como o Sr.
Primeiro-Ministro sabe, a renda é para todos e o apoio é só para alguns. O que o Governo decidiu foi sujeitar
todos ao maior aumento de renda dos últimos 30 anos, contrariando aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro tinha dito
numa entrevista, há semanas, em que dava a entender que iria limitar o aumento da renda e só não sabia de
quanto seria o limite.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Foi dado o dito pelo não dito, e, agora, todas as pessoas que pagam renda
vão estar sujeitas ao maior aumento da mesma em 30 anos, em cima de tanto desespero, de tanto aumento nos
preços da habitação, de tanta dificuldade para poderem pagar a sua casa.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É verdade!
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, queria falar-lhe sobre saúde, porque as negociações
na saúde arrastam-se há quase dois anos e a única coisa garantida é mesmo a inconsistência do Governo
nessas negociações.
O Governo propõe, mas não faz proposta; diz coisas, mas recusa-se a escrever aquilo que disse; quando
escreve, escreve o que não disse; promete menos horas de trabalho em troca de uma redução do tempo de
descanso; acena com mais salário em troca de mais horas extraordinárias. E, no meio disto, o Governo vai
dizendo e vai escrevendo, inclusive aos médicos, em tom de acusação, que a redução do horário de trabalho
não pode comprometer a capacidade de resposta do SNS.