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2 DE NOVEMBRO DE 2023

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Risos do Deputado do CH Pedro Pinto. O País de que ontem ouvimos falar não existe. O Primeiro-Ministro insiste em pôr-lhe um filtro cor-de-rosa,

um filtro que faz com que, por magia, as nossas cidades não estejam demasiado caras, os nossos salários não sejam demasiado baixos e os nossos serviços públicos estejam no bom caminho.

Mas, afinal, que importa o País, quando andamos todos entretidos a correr atrás da cenoura das contas certas? Mais valia dizer: «Que se lixe o País, viva o défice zero!»

E é assim que o Governo destrunfa a direita. Há quem diga que é apenas um problema de expressão, mas a verdade é que, tal como na música dos Clã, embaraça o Partido Socialista dizer o que está mesmo a sentir.

Posso dar quatro exemplos. Primeiro, a privatização da TAP: é melhor dizer que é mais uma obrigação do que uma opção. A joia da República, tão fundamental para o País como foram as caravelas, um ativo estratégico, a segunda maior exportadora nacional, 1,7 % do PIB de Portugal — claro que soa melhor dizer que foram obrigados a privatizar. A realidade é plástica, e vai-se torcendo conforme dá jeito.

António Costa bem pode prometer que o hub está garantido, que o acordo social defenderá o interesse estratégico. A palavra do Primeiro-Ministro neste assunto vale muito pouco. Mas que importa isso? Ficou destrunfada a direita, vamos privatizar a TAP e a IL fica sem ter o que meter nos cartazes durante três meses.

A Sr.ª Patrícia Gilvaz (IL): — O BE e os seus cartazes!… A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Cotrim de Figueiredo ainda há minutos se lamentava ao Ministro das

Finanças dizendo que o Governo está a fazer exatamente o que a IL propõe. Destrunfou-se a direita. Segundo exemplo, o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Claro que embaraça o PS admitir que a

consolidação orçamental prejudica o serviço público de saúde. É tão mais fácil dizer que tudo não passa de um problema de gestão — e toda a gente sabe que não adianta atirar dinheiro para cima dos problemas de gestão.

O que interessa, se isso não tem adesão à realidade? O que interessa se temos o SNS pendurado pela teimosia do Governo nas negociações com os sindicatos?

Protestos da Deputada do PS Maria Antónia de Almeida Santos. O que interessam as declarações dos médicos esta madrugada, depois de nove horas de negociação, a

dizer que a questão financeira é o que impede um acordo, que a revisão salarial é a maior dificuldade e que a questão salarial é o calcanhar de Aquiles da negociação.

«Não, não passa de um problema de gestão», diz o PS. E o PSD responde: «Aleluia! Que importa o SNS?» Ficou destrunfada a direita!

Vamos ao terceiro exemplo, os rendimentos. Esta é a mais fácil de todas. De tanto dizerem que o problema dos salários em Portugal era o IRS, não restou à direita outra coisa além de «meter a viola no saco» com o anúncio do desconto no IRS.

Os salários continuam baixos? Continuam, mas destrunfou-se a direita e pelo meio acabam com os impostos sobre os lucros excessivos, agravando ainda mais a justiça fiscal.

Com isto chegamos ao último e ao melhor exemplo de todos, que é o da habitação. Perante o maior aumento de rendas dos últimos 30 anos, o Governo abdicou de ter qualquer controlo sobre o mercado e pôs o Estado a subsidiar o rendimento dos senhorios. Xeque-mate!

O Sr. Pedro Pinto (CH): — Tão amigos que eles eram! A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Muito mais do que destrunfar a direita, juro que vi uma lágrima no canto do

olho dos Deputados da IL e do Chega quando o Governo anunciou a sua grande medida para a habitação. Protestos de Deputados do CH.