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I SÉRIE — NÚMERO 26

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seu salário, que não recuperava o seu poder de compra, mas que permitia ao Partido Socialista dizer, «fizemos um acordo», mesmo que nada mude no SNS.

O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — O acordo está aí! A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — O discurso da valorização dos profissionais do SNS é como aquela história

de obrigar a velhinha a atravessar a estrada. Ela não queria atravessar a estrada. Ela não queria atravessar aquela estrada. Ela nem queria ir naquela direção. Mas o Governo vai lá e obriga-a a atravessar a estrada para poder dizer «Nós é que ajudámos a velhinha a atravessar a estrada!»

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ainda por cima, deixaram a velhinha no meio da rua! A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Sr. Deputado, a valorização que faz da carreira médica e dos salários dos

profissionais de saúde é de tal forma e é tão boa que os médicos dizem que ela não vai resolver o problema da saúde. E a maior parte dos médicos rejeitaram-na. Rejeitaram-na!

Pergunto-lhe: a quem é que serve este acordo? A quem é que serve o acordo que o Governo agora anuncia? Esse acordo vai fixar médicos no SNS? Essa é a única pergunta a que é preciso responder.

Para abrir portas de urgência, é preciso profissionais. Para haver profissionais, é preciso condições de trabalho. Para haver condições de trabalho, é preciso um acordo. E a pergunta é: esse acordo vai manter profissionais no SNS? E a resposta é não. E não sou eu que o digo, é a maioria dos médicos, inclusive daquele sindicato que assinou o acordo de que o Sr. Deputado agora vem falar.

E é por isso, Sr. Deputado, que falam do aumento do número de profissionais, mas as pessoas o que veem é as urgências fechadas ou condicionadas.

É por isso que o Sr. Secretário de Estado anuncia as vagas e as vagas ficam vazias — vazias! —, porque os médicos não querem as vagas, porque não querem mais horas extraordinárias.

A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — Isso é uma questão de negociar! A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — E tudo o que o Governo tem para lhes oferecer é obrigá-los a atravessar

a estrada e a aceitar um regime de dedicação plena que os obriga — imaginem só! — a fazer mais horas extraordinárias, que é tudo o que os profissionais pedem para não ter de fazer.

E os Srs. Deputados ficam contentes com o acordo que fizeram, ficam contentes por terem vencido os médicos pelo cansaço, mesmo sabendo que isso não vai resolver o problema do SNS. E essa é a maior desistência de todas: é quando o Governo acha que ganha a batalha pública, mesmo sabendo que perde o SNS. E com isso nós não podemos concordar.

Aplausos do BE. A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — O Sr. Secretário de Estado da Saúde tem 16 pedidos de esclarecimento.

A Mesa tem a informação de que deseja responder quatro a quatro. Para formular o primeiro pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires, do Grupo

Parlamentar do Bloco de Esquerda. A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as Deputadas, Srs. Deputados, Sr. Secretário de Estado,

ouvindo a sua intervenção, há duas notas que queremos deixar. A primeira nota que, obviamente, temos de deixar neste debate é de que ele estava marcado há três semanas

e, ainda assim, o Ministro da Saúde não conseguiu criar espaço na sua agenda para cá vir — com uma marcação que estava feita há três semanas —, o que só demonstra que, de facto, este Ministro da Saúde está em fuga na resposta aos problemas do SNS. Essa é a primeira nota que queremos deixar registada.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!