22 DE DEZEMBRO DE 2023
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Sr. Presidente e Sr.as e Srs. Deputados, é importante que os cidadãos e as empresas participem ativamente
nos processos de formação das decisões públicas.
Tal está previsto na nossa Constituição, que consagra a participação na vida pública, tal como prevê o direito
de petição, entre outros, enquanto um elemento fundamental de qualquer Estado de direito democrático, razão
pela qual o lobbying — enquanto atividade de representação profissional de interesses — constitui uma das
formas de reforçar a transparência nas relações entre as entidades públicas, de um lado, e os particulares e as
instituições da sociedade civil, por outro. Esta é, além do mais, a forma correta de trazer ao conhecimento das
entidades públicas os interesses públicos e privados que estão em cima da mesa para cada procedimento
decisório.
Por outro lado, esta participação tem de ser feita dentro de um contexto jurídico transparente, definido e
seguro.
Mas não é isso que acontece hoje em dia. Atualmente, o que se passa na Assembleia da República, no
Governo ou nas câmaras municipais é que não há qualquer espécie de controlo ou regulamentação desta
matéria.
É, pois, chegada a hora de aprovarmos e adotarmos medidas eficazes de promoção de maior transparência
e de uma progressiva abertura na participação dos interessados nos processos decisórios estruturantes da
administração direta do Estado ou de outros órgãos ou entidades públicas.
É fundamental implementar um modelo de regulação da representação de interesses legítimos junto da
administração direta e indireta do Estado, que reúna as entidades administrativas públicas portuguesas que
produzem decisões estruturantes para a vida do País.
É preciso criar um sistema de registo dos representantes de interesses legítimos que tenha natureza pública,
gratuita e facultativa.
Só assim conseguiremos tornar mais transparente o processo de decisão e daremos mais confiança aos
cidadãos relativamente às instituições.
Termino esta intervenção deixando aqui um apelo, não às diferentes bancadas ou partidos aqui
representados, mas, sim, aos Deputados aqui presentes — mulheres, homens, políticos, cidadãos. Deixo aqui
o apelo para que mostrem de forma inequívoca e clara a todos os portugueses que se importam! Mostrem que
se importam com a corrupção, com o roubo e com a pouca-vergonha a que chegámos!
Sr.as e Srs. Deputados, mostrem de forma inequívoca e clara a todos os portugueses que já chega! Votem a
favor da nossa proposta!
Aplausos do CH.
Protestos do Deputado do PS Pedro Delgado Alves.
O Sr. Presidente (Adão Silva): — O Sr. Deputado tem um pedido de esclarecimento do Bloco de Esquerda,
concretamente do Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, a quem dou, de imediato, a palavra.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Rui Paulo Sousa, fez na sua intervenção
— e o Chega tem feito genericamente esse tipo de intervenções — um conjunto de críticas às maldades do
Partido Socialista, à maioria absoluta e ao seu currículo, que nas palavras do Chega é «cadastro»; noutros
momentos fazem críticas ao PSD também, referindo-se a PS e PSD como o «grande centrão», e vai daí o Chega
apresenta a mesma proposta que resultou da atividade do PS e do PSD.
É estranho, Sr. Deputado. É estranho!… Confesso que não percebo essa escolha. Então, eles fazem tudo
mal, tudo, tudo mal, e vamos ver o documento do Chega e mais de 95 % do que lá está escrito, palavra por
palavra — repito, palavra por palavra —, é copiado do que foi feito pelo PS e pelo PSD.
E para quê? Para garantir que os facilitadores têm via aberta, via verde, para entrar nos espaços de poder
do nosso País.
Bem, grande Chega antissistema!… Qual é o sistema que o Chega defende? O mesmo que o PS e o PSD
promovem!