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4 DE JANEIRO DE 2024

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O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Pergunto o que é que motivou o Partido Socialista para, a menos de uma semana, ou a uma semana, do último Plenário desta Legislatura, trazer este diploma à discussão.

Protestos do CH. Lemos na comunicação social que o Partido Socialista trazia a debate, mas dizia que dificilmente iria concluir.

Diz o Sr. Deputado, na sua intervenção, que, afinal, até quer concluir alguma coisa até à próxima semana. Ora, vou fazer umas contas simples sobre a questão parlamentar, para as pessoas perceberem o que é que

isto significa: este diploma é hoje discutido, mas, por vontade do Partido Socialista, não será hoje votado; será votado na próxima sexta-feira; será aprovado, pelo menos com os votos do Partido Socialista, baixará à Comissão — a Mesa dirá a que Comissão é que vai baixar —; a Comissão terá de incorporar este diploma na sua ordem de trabalhos, algo que é lançado na sexta-feira também, para uma reunião na próxima semana. Para fazer o quê? Para, na ordem de trabalhos, dizer como é que vamos fazer o processo de especialidade e, aí, perguntar aos grupos parlamentares que sobre isso irão decidir. E depois, para semanas posteriores, seria marcar audições, apresentação de propostas de alteração, votação das propostas de alteração e depois, meses depois, a votação final global.

Ora, o último Plenário desta Legislatura é quinta-feira da próxima semana e, por isso, o «dia a seguir» é 24 horas depois da reunião da Comissão. Pergunto-lhe: quando é que, então, vai fazer esse debate? Eu temo saber a resposta. Das duas, uma: ou o que disse ali foi só para entreter, é para que as pessoas percebam que este agendamento não é meramente um pró-forma para ocupar espaço; ou o PS vai impor, com a sua maioria absoluta, uma supressão completa dum processo normal, da especialidade deste diploma.

O Sr. André Ventura (CH): — Claro que é isso, claro que é isso! O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Por outro lado, qual é o objetivo político deste debate? Percebo, da agitação normal do Chega, que queira ligar sempre os casos que vão acontecendo a uma

questão qualquer de falta de legislação. Mas pergunto ao Partido Socialista se é isso que acha que acontece. Lacerda Machado ter sido acusado

pelo Ministério Público é um caso de falta de legislação? O que é que falta de legislação aqui? É achar-se que os interesses que ele representava eram legítimos e, por isso, legitimar a sua atuação e dizer-se que o Ministério Público não tem razão na matéria? Ou é dizer-se «não, é muito mau o que ele fez porque, na verdade, já está a ser acusado aparentemente por um crime, o crime de tráfego de influências»?

É o quê? É algumas das pessoas que falaram com ministros terem falado indevidamente? É isso que o PS acha, e, por isso, pensa que devia ser ainda mais agravado aquilo que o Ministério Público está a fazer? Ou então, pelo contrário, diz que o que falta é uma cobertura legal para que não haja quaisquer dúvidas de que aquilo que aconteceu é mesmo legal?

É que, politicamente, não consigo perceber os objetivos do Partido Socialista. Só vejo um — e já o disse quando fizemos o debate marcado pelo Chega, em dezembro do ano que findou —: apenas e só dar para este peditório da extrema-direita…

Vozes do CH: — Oh! O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — … e, no pingue-pongue com a extrema-direita, achar que valorizando a

extrema-direita se valoriza o PS. Mas quem perde nisto tudo, Sr. Deputado, é a democracia. Aplausos do BE. A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Delgado Alves. O Sr. André Ventura (CH): — Dá-lhe, Pedro! Dá-lhe!