I SÉRIE — NÚMERO 35
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O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Bruno Dias, queria agradecer ao PCP por ter trazido este tema a Plenário, porque, de facto, como diz o título da interpelação — que, aliás, é longo —, e é indesmentível, pela mão dos Governos socialistas, as desigualdades em Portugal não se têm atenuado, apesar da profusão destes discursos piedosos que ouvimos muitas vezes.
Factos são factos, Srs. Deputados, e basta olhar para as estatísticas oficiais para demonstrar que as desigualdades se agravaram,…
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Oh, não! Outra vez?! A estatística é uma chatice! Já tínhamos o Chega! O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — … nos últimos anos em particular, como disse o Sr. Deputado Bruno
Dias. O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — É! Factos são factos, é verdade! O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — No espaço de apenas um ano, a taxa de risco de pobreza passou
de 16,4 %,… O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Oh! O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — … em 2021, para 17 %, em 2022. O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Digam lá que é mentira! O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — Estou a falar de números do INE, mesmo pós-transferências sociais. Aplausos do PSD. Neste curto espaço de tempo, aliás, a evolução foi espantosa: em 2021, as pessoas no top 10 dos
rendimentos ganhavam 8,5 vezes o que ganhavam os do down 10 %, os do fundo; um ano depois, já não é 8,5 vezes, é 9,7, quase 10 vezes mais. São números do INE.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — É, é! O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — E eu diria que os números para 2023 vão ser, certamente, muito
melhores. Isto, ainda por cima, aconteceu num tempo em que a economia já estava a sair dos rigores da pandemia. Ou
seja, o crescimento económico que se verificou em 2022 veio agravar as desigualdades em vez de as atenuar,… O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Muito bem! O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — … sinal de que algo não funcionou e parece não estar a funcionar. O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Muito bem! O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Sim, sim! O Sr. João Barbosa de Melo (PSD): — O agravamento não se vê só na distribuição do rendimento e da
riqueza, Srs. Deputados. Vê-se no Estado calamitoso nos serviços públicos, que limita o acesso àqueles que precisam, vê-se na degradação da escola pública, que tem empurrado cada vez mais famílias para o ensino privado, vê-se no escalar dos preços da habitação, vê-se no esmagamento da classe média.
Pela mão do PS — e é preciso lembrá-lo sempre, com a cumplicidade ativa do PCP…