1 DE MARGO DE 1996
obedece exclusivamente as regras quer do Euro-Estado
quer da OIT e cumpre-as escrupulosamente.
O que dizem as normas em relag&o aos formandos é
que devem apenas ser considerados empregados as pes-
soas que estao a ser objecto de acco de formagao profis-
sional, que recebem remunerag&o por esse facto e que se
insiram normalmente no processo produtivo da entidade
onde estado a fazer a formacao. Na maior parte dos casos
nao € isso que se verifica. O que € que acontece relativa-
mente aos formandos? Acontece que nao sao considera-
dos nem empregados nem, sobretudo os jovens, na popu-
lagio activa. Digamos que, de algum modo, sao
considerados estudantes ou numa situagao semelhante.
Pode-se tirar a prova real estatistica de que € assim, nao
tenho aqui os elementos. Basta verificar uma ou duas
coisas que me parecem importantes. Reparem no seguin-
te: no inquérito do INE a variagao entre o 4.° trimestre do
ano, por exemplo, de 1988 e o 1.° trimestre de 1989 veri-
fica-se que nao hé um aumento de jovens a procura do
primeiro emprego. No 4.° trimestre de cada ano é que se
verificam mais accdes do Fundo Social Europeu e € no
1°trimestre do ano seguinte que nao se verificam essas
acgées porque ainda nao estao aprovadas. Se este factor
influenciasse decididamente as estatisticas verificava-se um
grande aumento dos jovens desempregados @ procura do
primeiro emprego. Tem-se referido, por exemplo, que a
diminuicio da taxa de desemprego em 1988 resultou em
parte disto. Néds podemos demonstrar que isso nao é ver-
dade, na medida em que o niimero de formandos das can-
didaturas do Fundo Social Europeu foi justamente o mes-
mo, ou seja, foi de 280 000 formandos. Mesmo que esse
factor pudesse influenciar as estatisticas, de 1987 para 1988
isso ndo poderia suceder, na medida em que 0 némero de
formandos do Fundo Social Europeu foi justamente 0
mesmo. Portanto, matematicamente nao iria poder variar
as estatisticas.
Quanto a questo do PEDIP gostaria de dizer 0 se-
guinte: so 20 milhdes de ecus por ano, 3 400 000 con-
tos, que fazem parte integrante do Fundo Social Europeu.
Eles estdo a ser feitos em articulagao com os objectivos
do Fundo Social Europeu, isto é, dedicando-os sobretudo
a parcela de novas tecnologias, de formagao de quadros
intermédios e superiores das. empresas, mas numa logica
de harmonizagdo, quer de procedimentos, quer de politi-
cas, quer de dossiers, com 0 Fundo Social Europeu, que,
aliés, fazem parte desse mesmo recurso financeiro comu-
nitério e nacional. A Sr# Deputada Elisa Damiao perguntou
também se ha
ou nao conformidade da politica de formagao profissional
com as necessidades da economia. Nés pensamos que de-
mos af um passo, de algum modo, importante, mas, como
é ébvio, ainda insuficiente. Fizemos um esforgo de elabo-
rar uma matriz com trés nfveis de prioridades quer pelo
grau de empregabilidade quer por sectores de actividade
econémica quer por grupos sociais mais vulneraveis. Isso
foi feito e introduzido na apreciagao das candidaturas.
A partir deste ano, nao j4 com a aprovagdo de projectos
No sentido comunitério, podemos € devemos elaborar pro-
gramas operacionais — e foi possivel obter para isso um
diélogo fecundo com os parceiros socials, quer patronais
quer sindicais — consent4neos com as necessidades de for-
Maciio profissional do nosso pais. O préprio Ministério a0
Emprego, através do seu Departamento de Estatistica, fez
um levantamento das necessidades de formagio profissio-
nal para o biénio de 1989-1990, que aponta, quer mi SS da reconversio profissional quer
na 4rea da modernizacao
quer da qualificac&o e aprendizagem, o numero e a quan-
tificago por sectores de actividade econdmica —e que,
se a Comissdo assim o entender, podera ser fornecido —
e que anda a volta, conforme os sectores, de 280 000 pes-
soas. O que é que mudou na maquina administrativa?
Creio que ela mudou bastante, sobretudo no DAFSE.
Este Departamento ainda vinha com a estrutura de pes-
soal de 1983 — altura em que foi criado —, com cerca de
19 ou 20 pessoas. Neste momento temos uma nova lei
organica, acabamos com os niicleos regionais, que, de al-
gum modo, foram a sede de algumas perturbagGes e dis-
funcgdes, informatizimos completamente os servigos — e
aqui gostaria de dizer que a informacao contribuiu, de
algum modo, para detectar situagdes anémalas, sobretudo
‘ de duplicago de processos na tal candidatura que nao
chegou a ir para Bruxelas —e alterémos radicalmente a
relacio entre o DAFSE e 0 Instituto do Emprego, no sen-
tido de melhorar e sobretudo concatenar o controlo fac-
tudrio e contabilfstico com 0 controlo técnico-pedagdgico.
Finalmente, nao tenho aqui os ntimeros relativos as ins-
pecgGes, mas poderei facultd-los a esta Comissao. As ins-
pecgdes tém sido feitas a varios niveis: ao nivel da 1.* ins-
tancia pelo DAFSE e, sobretudo, pelo préprio Instituto do
Emprego. Até meados do ano passado essa inspec¢ao tam-
bém foi feita através de auditores privados, que foram
seleccionados numa altura anterior. Neste momento ja
estamos em fase de os poder dispensar.
O grande trabalho foi feito pela Inspecgao-Geral de
Finangas. B justo realgar que esta Inspecgdo fez em rela-
g&o a todos os aspectos um trabalho de alta valia e bas-
tante meritério e que muito contribuiu para o esclareci-
mento de situagdes menos adequadas e menos correctas.
Com a imprecisao de estar a falar um pouco de cor, ja
que nao tenho aqui os numeros, gostaria de referir que 0
conjunto monetério de dossiers verificado através da Ins-
peceao-Geral de Finangas ultrapassa os 50 % relativamente
a toda a candidatura, com a obrigatoriedade de inspeccio-
nar todas as entidades que tenham indicios maiores ou
menores de irregularidades.
Relativamente a propria Policia Judicidria, o ultimo
ponto da situagao de que dispomos é de 19 de Outubro
de 1988. Eram 181 os processos em investigagdo na Poli-
cia Judiciéria, 43 dos quais j4 tinham safdo para as fases
instrutrias seguintes. Os crimes indiciados eram os seguin-
tes: 11 na fraude na obten¢ao de subsidios ou na subven-
ao, 53 no desvio, 3 na corrup¢do e 14 em falsificacao de
documentos e de outros elementos. Dos arguidos consti-
tufdos, 50 estavam em liberdade, 5 detidos e 6 em liber-
dade sob caucao. No ntimero de processos entrados por
més —o que me parece um elemento relevante porque
mostra, apesar de tudo, as situagdes que fomos detectan-
do e enviando para as autoridades judicidrias — verifica-
-se, por exemplo, que de Outubro a Dezembro de 1987
foram enviados 29, em Janeiro de 1988 o numero foi de
4, em Fevereiro 18 e nos meses seguintes 36, 55, 10, 3,
2, 3, 20 e 1. Estes sao os dados de que dispomos até ao
dia 19 de Outubro. Ainda esta semana cabe-me enviar mais
outro relatério da Inspecgao-Geral ‘de Finangas.
Neste momento, Sr. Presidente, creio que € tudo.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.* Deputada Ilda
Figueiredo.
A Sr. Ilda Figueiredo (PCP): — Sr. Presidente, a pri-
meira grelha de perguntas que gostaria de pér ao