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II SÉRIE — NÚMERO 13

Apesar das frequentes advertências quanto à falta de crédito do jornal O Globo, mostrou uma completa incapacidade de antever as nefastas consequências. Depois do malogro de O Globo, que deixou os trabalhadores numa prostração completa, ninguém mais acredita nas palavras do Sr. Capitão.

A partir desta altura dá-se um verdadeiro êxodo de pessoal que se ausenta com licença sem vencimento, férias ou baixa.

Não terem qualquer fundamento as promessas de que iria provar a viabilidade da empresa, base fundamental para a aceitação por parte dos trabalhadores de aumentos salariais que provocaram um enorme desequilíbrio na já difícil situação da empresa.

Deu instruções para que fossem adquiridas à empresa pública O Século máquinas IBM obsoletas e de preço elevado, apesar das opiniões contrárias de profissionais habilitados.

(Estas máquinas serviriam para a execução do jornal O Dia.)

Tentou colocar nas instalações da empresa trabalhadores do jornal O Dia, conforme se prova pelo anexo iv.

De notar que, nomeadamente, os trabalhadores do jornal O Dia iriam utilizar as máquinas aos fins-de--semana, num período em que os trabalhadores da EJC estão ausentes, sem haver a garantia de boa utilização do material, tanto mais que os profissionais que se deslocariam à EJC não conhecem as fotocomposito-ras com que iriam trabalhar. De notar ainda o preço precário de 300$/página, quando o normal é fazer-se o cálculo preço/hora. • Não estavam previstos nem consumos de material nem depauperação do mobilizado.

V — Algumas características de personalidade reveladas A desconfiança como método.

Insulta os trabalhadores, quer oralmente na presença sinal de oposição um complot preparado para o desacreditar. A única saída é isolar-se completamente ou rodear-se de pessoas que lhe estejam dependentes como se prova na situação concreta.

Sofre de qualquer trauma que o faz sentir-se perseguido por todos os que vejam a realidade de forma diferente da sua. Várias situações vividas na presença de trabalhadores testemunham estes juízos.

Provocador.

Insulta os trabalhadores quer oralmente na presença de outros trabalhadores quer por escrito (ver anexo vi).

Faz crítica à composição da comissão de trabalhadores (provavelmente por desconhecer que no nosso sistema democrático se aplica o método de Hondt).

Aconselha os trabalhadores da EJC a substituírem a comissão de trabalhadores numa atitude de provocação.

Conflituoso e vingativo.

Ameaçou de agressão física ura elemento da comissão de trabalhadores, na presença de testemunhas, sem nenhuma explicação plausível.

O seu comportamento é um convite a confrontações que só não gerou ainda situações de violência porque os trabalhadores se aperceberam que pode ser esse o seu último gesto para o fecho da Empresa, situação que têm evitado a todo o custo.

A partir do dia 21 de Setembro (dia seguinte à assembleia geral de trabalhadores que determinou o pedido de exoneração do Sr. Capitão como membro da comissão administrativa) todos os seus comunicados e despachos são eivados de um espírito vingativo e cheio de retaliações.

A prova mais chocante é a instauração de um processo disciplinar ao responsável pelo Departamento Financeiro por alegada passagem de cheques sem cobertura numa ocasião em que este se encontrava em gozo de férias.

VI — Conclusão

Por tudo o que ficou exposto e porque na actuação do Sr. Capitão Tomás Rosa está sempre presente uma grande má-fé, os trabalhadores estranham o facto de ainda não ter dado entrada na Procuradoria-Geral da República o processo da EJC. Tanto mais que este membro da comissão administrativa formou uma Comissão de Apoio ao Processo de Desintervenção sem um único trabalhador da empresa e corta relações pessoais com a comissão de trabalhadores no momento mais oportuno, depois de ter afastado os quadros mais interessados na salvaguarda dos interesses da EJC.

Conforme a comissão de trabalhadores afirmava publicamente em 9 de Maio (ver anexo v) houve a preocupação de não criar o mínimo problema a quem pretendesse encontrar uma solução para a empresa e manteve o seu propósito até ao dia em que o Sr. Capitão Tomás Rosa, não satisfeito com todos os seus excessos, acresceu-lhes uma inadmissível falta de respeito pelo seu colega da comissão administrativa Sr. Álvaro Jordão Marques, conduzindo-se de forma nada dignificante para o cargo de gestor público que ocupa.

Em conclusão afirmamos que o Sr. Capitão Tomás Rosa teve na EJC uma oportunidade única de melhorar a sua imagem pública e se tal não aconteceu deve-se exclusivamente à impossibilidade real de a melhorar.

Lisboa, 9 de Outubro de 1984. — A Comissão de Trabalhadores, (Assinaturas ilegíveis.)

ANEXO 1

Os elementos «mais responsáveis» na EJC

1 — Sr. Capitão Tomás Rosa — desempenha as funções de:

Vogal da comissão administrativa; Director-geral da EJC;

Director do Departamento Administrativo e Financeiro;

Director do Departamento de Produção; Director do Gabinete Tccnico de Orçamentação; Presidente da Comissão de Apoio ao Processo de Desintervenção.

2 — Sr. Engenheiro Sousa Santos (amigo pessoal do Sr. Capitão Tomás Rosa) — entrou na empresa em regime dc avença, como colaborador eventual, pres-