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II Série — Número 94

Tarça-feira, 28 de Maio de 1985

DIÁRIO

da Assembleia da República

III LEGISLATURA

2.ª SESSÃO LEGISLATIVA (1984-1985)

SUMÁRIO

Conferência da Assembleia da República subordinada aos lemas do Ano Internacional da Juventude «Participaçlo», «Desenvolvimento», «Faz»

Ada da reunllo de dia 26 de Maio da 1985

O Sr. Presidente (Luís Monteiro): — Está aberta a reunião.

Eram 10 horas e 42 minutos.

O Sr. Presidente: — Em relação às inscrições para a apresentação de comunicações —volto a salientar que devem ter um tempo máximo de 15 minutos—, peço que as mesmos sejam feitas desde já.

Pausu.

Encontram-se inscritos para intervenções os seguintes Srs. Conferencistas: Paulo Mil-Homens, da Associação Livre de Objectores e Objectoras de Consciência, António Eloy, dos Amigos da Terra — Associação Portuguesa de Ecologia, e Jorge Ferreira, da Juventude Centrista.

Iremos, assim, dar início a este painel, intitulado «A paz», e aos seus 2 temas — «Os jovens e o diálogo para a paz» e «O serviço cívico e o serviço militar».

Tem a palavra o Paulo Mil-Homens.

O Sr. Paulo Mil-Homens (Associação Livre de Objectores e Objectoras de Consciência): — Antes de começar a ler o meu «trabalho de casa», não posso deixar de manifestar aqui o meu descontentamento pelos seguintes factos: primeiro, acho que é de reparar aqui a falta de repesentatividade do Governo, bem como de um representante da Presidência da República; segundo, salvo algumas excepções de deputados que passaram por aqui e que fizeram algumas intervenções em áreas do seu interesse, praticamente ninguém aqui apareceu.

E, quanto a mim, e não só quanto a mim, porque sobre o facto já comentei com algumas pessoas que

aqui estão, uma falta de consideração e de respeito para com aqueles que foram convidados a participar e a assistir. Acho que merecíamos um pouco mais de consideração e que, pelo menos, a ética deveria ditar ès consciências de quem governa este pais que poderiam estar aqui connosco e, mesmo nas conversas de corredor, nos intervalos para o almoço e para o café, trocar algumas impressões, o que seria agradável. Fica aqui, pois, o meu protesto, o qual penso ser partilhado por mais pessoas.

Em relação ao tema «Os jovens e o diálogo para a paz», direi que vivemos numa sociedade em que as relações humanas se deterioram cada vez mais.

A nossa vivência diária é uma guerra constante, originada pela competitividade crescente, pela agressividade, muitas vezes pela violência gratuita ou pela violência organizada, promovida por instituições que a legalizam.

Interrogamo-nos, pois, sobre por onde começar o diálogo e a construção da paz.

Comecemos lutando por uma maior dignificação do ser humano, pela construção de uma sociedade baseada na verdade e na justiça, pela aplicação de reformas profundas que possibilitem que, na prática, isso seja possível.

Para iniciar o diálogo para a paz, comecemos pela nossa própria casa, por uma pacificação do nosso próprio país e, paralelamente, a nível internacional.

Mas para pacificar é urgente ousar mudar, e mudar implica um empenhamento profundo por parte da juventude. Porque a juventude é o futuro e este começa-se a construir no aqui e agora.

Por isso, entendemos que para um futuro de paz a juventude terá de reivindicar cada vez mais a sua participação nesse diálogo, que hoje em dia está demasiado, senão quase totalmente, limitado aos órgãos do Poder.