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II SÉRIE — NÚMERO 45

Mercê da sua luta, a Marinha Grande foi um dos concelhos do Pais a que o fascismo mais odiosamente votou desprezo, em profundos reflexos negativos nas condições de vida das populações.

Todavia, a Revolução de Abril abriu novas perspectivas reais de desenvolvimento. Com o poder local nascido da Revolução a estrutura física da Marinha Grande alterou-se radicalmente, a qualidade material e espiritual da vida da sua população melhorou substancialmente.

Resolvidas que foram em boa medida, ao longo dos quase catorze anos de existência do poder local democrático, as suas principais carências básicas, a Marinha Grande vem sendo crescentemente reconhecida pelas amplas e diversificadas actividades sociais, culturais e desportivas. A título de exemplo mencionam-se as Jornadas Desportivas, iniciativa anual que já movimentou cerca de 15 % da população e a Feira de Actividades Económicas, que, à distância de cinco meses da sua segunda edição, tem inscritos 120 expositores.

No plano cultural, a recente estada na Marinha Grande da Companhia de Dança de Lisboa, onde montou dois novos estúdios coreográficos, atesta bem o empenho e a intensa actividade desenvolvida nesta área.

A Marinha Grande preenche, sem dúvida, todas as condições para ser elevada à categoria de cidade. Cidade que mais condições terá para florescer e desenvolver-se com o desbloqueamento de desanexação dos terrenos florestais da área necessária à implantação de uma zona industrial, o acelerar da criação e instalação do museu nacional do vidro, onde a autarquia já investiu alguns milhares de contos e o pleno aproveitamento das centenas de milhares de contos investidos no Hospital Concelhio. São justas e sentidas aspirações da população e da Marinha Grande que urge resolver.

Do ponto de vista legal, a Marinha Grande reúne todos os requisitos para a sua elevação a cidade quer em número de eleitores quer em equipamento.

No último recenseamento eleitoral registou cerca de 21 000 eleitores em aglomerado populacional contínuo. Em termos de equipamentos possui:

a) Um hospital;

b) Seis farmácias;

c) Corporação de bombeiros;

d) Oito casas de espectáculo;

e) Bibliotecas e um museu concelhio em fase de instalação;

f) Diversas instalações de hotelaria;

g) Um estabelecimento de ensino preparatório e dois secundários;

h) Catorze estabelecimentos de ensino pré-primário e dois infantários;

/) Transportes rodoviários suburbanos e ferroviários;

j) Cinco parques e jardins públicos.

É, pois, justo elevar Marinha Grande a cidade.

Assim, os deputados abaixo assinados, do Grupo Parlamentar do PCP, apresentam o seguinte projecto de lei:

Artigo único. A vila da Marinha Grande é elevada à categoria de cidade.

Assembleia da República, 2 de Fevereiro de 1988. — Os Deputados do PCP: Ilda Figueiredo — Cláudio Per-cheiro.

PROJECTO DE DELIBERAÇÃO N.° 9/V

ADOPÇÃO DE MEDIDAS COM VISTA A CRIAÇÃO DA AREA DE PAISAGEM PROTEGIDA DO LITORAL DE CAMINHA E MATA DO CAMARIDO.

A Mata Nacional do Camarido, situada na margem esquerda da foz do rio Minho, no concelho de Caminha, tendo como limites a oeste o mar, a sul a povoação e a praia de Moledo, a este a veiga de Cristelo e a norte o rio Minho, ocupa uma área aproximada de 141,3300 ha.

É Mata Nacional desde que, em 26 de Março de 1836, passou à Administração-Geral das Matas e Florestas do Reino.

Esta mancha florestal ocupa, em termos geológicos, uma área de dunas que, sendo terrenos arenosos, predominantemente siliciosos, favorecem a implantação e o desenvolvimento de resinosas, particularmente o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), o qual é exigente neste tipo de solos, apresentando-se, por isso, com carácter espontâneo nestas areias do litoral. Em 1859 diz-se que esta Mata possuía, na sua maior parte, pinheiros--bravos, mas também alguns sobreiros (Quercus suber) e pinheiros-mansos (Pinus pinea). Esta vegetação arbórea tem uma função importante nestas áreas dunares, já que propicia a fixação e consolidação das dunas, constituindo uma barreira natural contra a invasão das areias. Hoje em dia, como é natural, ainda predominam na duna secundária os pinheiros-bravos, para além de outras espécies, nomeadamente algumas folhosas (olmos, choupos e plátanos), mas proliferando também as acácias, que, possuindo carácter infestante, se multiplicam facilmente. A duna primária está ocupada por vegetação dunar espontânea muito sensível, destacando--se as «camarinhas» (Corema álbum).

A Mata Nacional do Camarido, pela sua implantação e constituição vegetal, origina o desenvolvimento de habitats naturais para algumas espécies de vida selvagem, tornando-se, deste modo, num ecossistema.

Considerando que:

a) A Mata Nacional do Camarido deve a sua origem ao esforço da população local, visto que, segundo documentação, «foi semeada pelos povos das duas freguesias de Moledo e de Cristelo com o fim de porem as suas casas e campos ao abrigo da invasão das areias do grande Cabedelo da Foz do Minho».

Este labor humano deverá merecer de todos nós o maior respeito, já que surge na sequência do foral concedido pelo rei D. Dinis à vila de Caminha em 1284, tendo ordenado a plantação de um pinhal junto à foz do rio Minho.

Portugal integra, pela sua assinatura, a Convenção do Conselho da Europa sobre a Conservação dos Habitats da Vida Selvagem desde 1976. A actuação das entidades públicas compromete-se a agir em conformidade com as normas e o espírito desta Convenção;

b) As áreas dunares, do ponto de vista biofísico, se revelam frágeis e por este motivo integram a Reserva Ecológica Nacional, determinando por tal que a implantação de estruturas seja rigorosamente ponderada, através de estudos de impacte ambiental face às características ecológicas das áreas contempladas na Reserva Nacional.