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II SÉRIE-A — NÚMERO 22

2 — Geografia

A zona de Olhos de Água encontra-se posicionada no município de Albufeira, no chamado litoral algarvio, e formada pela povoação de Olhos de Água e pelos lugares de Balaia, Torre da Medronheira, Maria Luísa, Roja Pé, Foros de Quarteira, Vale Carro, Patã de Baixo, Vale da Azinheira e Alto da Semina, ocupando uma área de 1500 ha. A povoação de Olhos de Agua dista 5,5 km da cidade de Albufeira.

O Algarve litoral, onde a povoação se insere, é uma área de formações miocénicas, que engloba grande variedade de composições, como sejam áreas de areias, de praias e de dunas, arenitos de diversas tipologias e calcários. Na praia de Olhos de Água a série carbonatada, representada por calcarenitos, torna-se mais detrítica para o topo. Na praia da Falésia desaparece, dando lugar a uma série detrítica de espessura aproximada de 30 m, constituída por arenito amarelado, sobreposto por arenito branco, arenito esbranquiçado, a que se segue arenito grosseiro com calhaus de rocha eruptiva, arenito amarelado muito fino e bem calibrado. O topo é constituído por arenitos argilosos de grão médio e cor avermelhada, que assentam em discordância com o nível anterior. Os arenitos argilosos são paleontológicamente estéreis e tidos como formação detrítica. Na Quinta da Balaia os depósitos de antigas praias têm expressão cartográfica à cota de 50 m, atingindo a espessura de 1 m. Não existem nesta área terrenos de aluvião.

A nível hidrográfico salienta-se o Vale Faro, com uma área de 2,30 km2 e um curso com 2,4 km. O Barranco de Santa Eulália com uma área de 5 km por metro quadrado e com 3,6 km de curso e o barranco de Vale Navio com uma área de 2,3 km por metro quadrado e 2 km de comprimento.

Relativamente à classe de capacidade de uso do solo preponderante, geralmente é apontada a «D», com riscos de erosão elevada e não susceptível de utilização agrícola, sendo aí mais adequada a exploração florestal.

Já houve na região de Olhos de Água uma cobertura florestal, sobretudo de pinheiro-bravo e pinheiro-manso, da qual se extraía a madeira usada na construção de barcos de pesca. Essa cobertura florestal ocupava os solos mais fracos. Há ainda hoje restos desse povoamento do chamado «Pinhal do Concelho», localizados na Medronheira, Branqueira e Santa Eulália. As áreas' de pinhal foram diminuindo ao longo do tempo face à pressão da procura de terrenos para várias utilizações, sobretudo a urbanística não se procedendo à sua replantação.

3 — Demografia

A zona de Olhos de Água tem evidenciado um forte crescimento demográfico, sobretudo a partir da década de 70, decorrente de uma conjuntura económica favorável, assente primordialmente na actividade turística.

Entre 1955 e 1970 registou-se uma forte tendência migratória. No entanto, a partir da década de 70 a situação inverte-se. Segundo os registos censitários, o maior volume populacional ocorreu nos anos 80. Para além das migrações internas, verifica-se o retorno de emigrantes e aumenta o saldo fisiológico natural. Segundo a Comissão de Coordenação da Região do Algarve, o crescimento registado entre 1970 e 1990 foi de cerca de 50 000 residentes, absorvido na sua totalidade pelas freguesias do litoral, particularmente entre Lagos e Quarteira. E, no conjunto,

as que apresentam maior crescimento situam-se na região de Albufeira, Portimão e Lagos. Olhos de Água encontra--se numa situação de sobrepovoamento, denotando-se grandes problemas de infra-estruturas e de equipamentos. No entanto, é importante que se refira que este problema não conduziu a um fenómeno de urbanização. Esta situação, deve-se, sobretudo ao tipo de actividades económicas que sustentam o crescimento demográfico, que no caso é o sector terciário.

4 — Economia

A economia de Olhos de Água encontra-se organizada à volta de dois pólos valorizadores dos recursos e vantagens naturais.

O turismo, que nas últimas décadas foi o principal motor de crescimento da zona de Olhos de Água e que está na base da forte terciarização da economia do município, da concentração demográfica do litoral e ritmo acelerado de urbanização, é responsável por profundas alterações do meio. Esta zona foi uma das áreas preferenciais de localização de equipamentos turísticos, tendo-se aí implantado grande quantidade de unidades hoteleiras e com uma grande procura de parte de turistas. Trata-se de uma área ainda pouco agredida, mas por onde estão crescentemente a convergir as atenções dos promotores turísticos, obrigando à adopção de medidas de ordenamento daquela zona demográfica.

Nesta análise do turismo serão abordados alguns indicadores do número de estabelecimentos hoteleiros (de facto, estes dados não conseguem contabilizar o elevado número de «estabelecimentos» e camas ditas clandestinas, cujo número é, provavelmente, muito superior ao quantitativo apresentado), restaurantes, cafés, discotecas, pastelarias, etc., de Olhos de Água.

A pesca, embora seja uma das actividades que mergulhou num acentuado declínio, continua a ter alguma importância, com 22 embarcações de pesca artesanal local e 3 embarcações de pesca artesanal costeira em Olhos de Água e 4 de pesca artesanal local em Santa Eulália. Esta gradual e constante quebra da actividade piscatória, e consequente quebra de rendimento, advém do atraso tecnológico das frotas, da carência de profissionais com formação adequada, do desconhecimento dos recursos e de práticas de pesca.

Embarcações segundo as modalidades de pesca

Tipos de frota

Número

de barcos

Local

   

22

Olhos de Água

   

3

Olhos de Água

   

4

Santa Eulália

Quanto à diversidade ictiológica, salientam-se as seguintes espécies em cardumes de permanência costeira sazonal, sardinha, carapau, cavala, sarda e atum, e regular, boga, choupa, besugo, dourada, linguado, salmonete e robalo, e outras espécies que habitam ao largo — pescada, pargo e corvina. Os mariscos, chocos e lulas completam os recursos das águas de Olhos de Água.

Da indústria transformadora da zona, que não tem muito significado, apenas a construção civil vai dinamizando as indústrias do alumínio, da serralharia civil e carpintaria para a construção. O mercado local e turístico fizeram surgir algumas unidades no ramo das bebidas e da alimentação.