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34 | II Série A - Número: 123 | 27 de Maio de 2009

Uma das estações arqueológicas mais notáveis do concelho de Sintra é a villae romana da Granja dos Serrões e as campanhas de escavações realizadas permitiram descobrir estruturas romanas e da alta Idade Média que atestam a ocupação humana do território numa continuidade que vai de meados do século I DC. até finais do século XI, em plena ocupação muçulmana. Os vestígios documentados mais antigos datam do século primeiro e são várias inscrições lapidares, com referências dos ancestrais habitantes de Montelavar (nomes de pessoas e famílias, dados pessoais e relações entre pessoas, noções sobre o culto dos mortos, etc.).
Dos testemunhos epigráficos descobertos na região destaca-se o conjunto da Granja dos Serrões e, também, nos limites de Abremum, um total de mais de duas dezenas de monumentos. Foram ainda encontrados na região outros materiais da época romana, nomeadamente cerâmicas, como é o caso de um fragmento de boca e arranque de asa de uma ânfora, datável do século I/II DC, de fabrico peninsular e que serviu para transportar pasta de peixe. Esse importantíssimo espólio encontra-se no Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas.
Da Idade Média à constituição da freguesia: os romanos vieram ensinar novas técnicas agrícolas, trouxeram novas ferramentas e novos plantios, abriram estradas e caminhos, ofereceram às tribos lusitanas uma nova língua e um novo sistema de ensino e incutiram, sobretudo, um novo espírito administrativo.
Após a queda do império romano, chegaram os visigodos que devem ter-se enquadrado bem no seio dos habitantes dos campos montelavarenses, pois eram um povo de agriculturas e pastoreio. Na chamada «charneca saloia», no território norte do concelho de Sintra, encontram-se alguns vestígios deste período em São João das Lampas, na Terrugem, em Pêro Pinheiro, Almargem do Bispo e em Montelavar.
Os mouros invadem a Península Ibérica em 711 e, comandados por Tarik, derrotam o último rei godo, D.
Rodrigo, nas margens do Guadalquivir, tendo chegado a Sintra por volta de 713. A evolução agrícola neste período foi muito significativa para os habitantes da região, os moçárabes, ou seja, os cristãos habitantes do campo, os çaharoi, termo árabe que daria origem à palavra «saloio». Exímios agricultores, os mouros introduziram novas culturas, em especial os citrinos, novas técnicas de lavoura (novos arados e novos métodos de cultivo), de regadio (nora e picota), de moagem de cereal e azeitona (azenha, pisão e moinho de vento). Relatos da região sintrense foram efectuados por vários geógrafos árabes, como são os casos de Edrici, Al Bacr ou Alumini Alhimiari. Parte integrante da antiga freguesia de Montelavar era a povoação de Morelena, referida em documentos antigos como Mourelena, portanto terra de mouros.
Em 1154 o primeiro Rei de Portugal dava carta de foral a Sintra, constituindo o município e dividindo-o nas freguesias de São Pedro de Canaferrim, São Martinho, São Miguel e Santa Maria. Montelavar integrava esta última, até se tornar freguesia autónoma já no século XVI. Num documento 1253 surge pela primeira vez o nome de Montelavar, com a grafia «monte Alavar», forma muito próxima da actual e que terá a sua raiz em «alvo», «alvar», «alvor», afinal monte branco, claro, provavelmente pela qualidade da pedra que predomina na região, o mármore branco.
Dos séculos XIII e XIV existe documentação relativa à história de Montelavar: em documento de 1342 é referido que Domingos Bartolomeu e Catalina Joanes, moradores nas Mastrontas, eram rendeiros do «Cassal de Erdade», pertença do Mosteiro de São Vicente de Fora, localizado no dito lugar; em 1354, existe registo de que Sancha Martins, moradora na vila de Sintra e com capela na Igreja de São Martinho, deixava para sustento dessa capela um casal em Montelavar; testamento de João Eanes Garcês, de Montelavar, feito em 4 de Abril de 1391, vem reforçar a convicção de que a primitiva igreja local era dedicada a Santa Maria e já existia, pelo menos, em 1348.
As grandes obras no Paço de Sintra, levadas a cabo por D. João I, após a crise do Interregno de 13831385, terão, muito provavelmente, utilizado mármore e mão-de-obra de Montelavar, tendo esta evoluído bastante durante o século XV, o que levou, nos finais de 400, a que se começassem a levantar as vozes dos locais com vista a constituir a povoação como cabeça de freguesia e paróquia autónoma.
Datam do primeiro quartel do século XVI as obras da Igreja de Montelavar e, em simultâneo com a criação da paróquia e freguesia, provavelmente ocorrida em 1538, com a desanexação da paróquia de Santa Maria, deve ter mudado a epifania para Nossa Senhora da Purificação. Em 1517 a Rainha D. Leonor deu finalmente sentença definitiva sobre o casal de Sancha Martins, em Montelavar, que ela havia doado à Igreja de São Martinho de Sintra em 1354. Em 1538 foi efectuado o Tombo das propriedades pertencentes ao dito casal e esta necessidade de identificar e medir as suas propriedades, por parte do vigário de São Martinho, poderá ter sido forçada pela constituição da nova paróquia de Montelavar.