O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

12 DE JULHO DE 2013

11

daquela que hoje é monumento nacional e um dos mais valiosos ícones da paisagem urbana comum das

cidades do Porto e de Gaia.

A propriedade da ponte Maria Pia é e continua a ser da REFER, entidade que, desde que o serviço

ferroviário passou a ser feito pela nova ponte de S. João, deixou de cuidar de forma adequada e minimamente

compatível com a importância nacional e internacional da antiga ponte ferroviária, atual monumento nacional.

Nestes 22 anos de inatividade funcional, a Ponte Maria Pia foi apenas objeto de uma pintura geral,

realizada no ano de 2009, tendo a REFER, em resposta dada a uma Pergunta (Pergunta n.º 167/X (3.ª) de 5

de novembro de 2007) que na altura o Grupo Parlamentar fez ao Governo, garantido que a Ponte de D. Maria

estava incluída “num programa de inspeções devidamente estruturado, utilizado em todas as pontes da Rede

Ferroviária Nacional”.

Apesar destas declarações já tão datadas no tempo, a situação real da ponte de D. Maria Pia é uma

questão que preocupa de forma crescente a opinião pública, em geral, e as populações ribeirinhas, em

particular, face ao visível estado de abandono funcional a que Governo continua a votar este monumento

nacional. Nem sequer a hipótese, em tempos aventada, para a sua utilização numa via ciclo pedonal entre as

duas margens, dependente de uma pretensa disponibilidade, nunca assumida, das duas autarquias

ribeirinhas, do Porto e de Vila Nova de Gaia, isentam o Governo e a REFER das suas indeclináveis

responsabilidades de conservar esta histórica construção em ferro do século XIX, que é, repita-se e sublinhe-

se monumento nacional.

2. Quase nove anos depois de inaugurada a ponte ferroviária Maria Pia, em Outubro de 1886, foi aberto ao

trânsito o tabuleiro superior da ponte rodoviária de D. Luís, um novo projeto em ferro exclusivo do engenheiro

belga Seyrig, que tinha sido coautor com Eiffel da ponte Maria Pia. Dois anos depois, em 1888, a ponte de D.

Luís ficou com a estrutura atual, com a entrada em funcionamento do tabuleiro inferior.

Em Junho de 2003, quase 117 anos depois, o tabuleiro superior da Ponte D. Luís encerrou ao trânsito

automóvel que passou a circular pela ponte do Infante D. Henrique, nova travessia rodoviária construída pela

empresa do Metro do Porto, SA, e que havia sido inaugurada alguns meses antes (março de 2003). Esta

alteração foi, como se sabe, determinada pela construção da linha Amarela da rede do metropolitano ligeiro de

superfície da Área Metropolitana do Porto, que passou a circular entre o Porto e Gaia a partir de setembro de

2005.

A empresa Metro do Porto, SA assumiu total responsabilidade financeira pela construção da nova ponte

rodoviária do Infante D. Henrique e, simultaneamente, passou a ser a única entidade responsável pela

manutenção do tabuleiro superior da ponte D. Luís, o qual, até Junho de 2003, estava sob inteira tutela da

empresa Estradas de Portugal.

Só que, curiosamente, a empresa Estradas de Portugal passou, de forma muito conveniente mas

igualmente muito oportunista, a entender que ficou libertada não só da responsabilidade pela manutenção do

tabuleiro superior da ponte D. Luís, como passou igualmente a não ter qualquer responsabilidade por tudo o

que se relacione com a estrutura construída por Seyrig, incluindo o seu tabuleiro inferior.

Sucede que, no que respeita ao tabuleiro inferior da Ponte D. Luís, nada se tinha alterado relativamente ao

que acontecia desde a sua entrada em funcionamento, em 1888. Ou seja, o tabuleiro inferior da Ponte D. Luís

continua a ser de utilização rodoviária, continua integrado na Rede Rodoviária Nacional e, evidentemente,

permanece (e deve continuar a permanecer) sob responsabilidade do Governo através da empresa Estradas

de Portugal, incluindo todas as responsabilidades relativas à sua manutenção e conservação.

Enquanto a empresa Estradas de Portugal “lava as mãos como Pilatos” pela responsabilidade da

conservação do tabuleiro inferior da ponte D. Luís, e procura endossar tais responsabilidades – sem qualquer

razão plausível - para a empresa Metro do Porto, SA e/ou para as autarquias do Porto e de Gaia, em 2012,

uma inspeção realizada pela própria empresa Estradas de Portugal, EP concluiu que a ponte precisa de obras

de manutenção e de reabilitação e recomendou a necessidade de se proceder a diversas intervenções de

reparação, nomeadamente ao nível do pavimento na zona com calçada, nas juntas de dilatação e também de

pintura de vigas e guarda-corpos.

Embora esta inspeção da empresa Estradas de Portugal tenha também concluído que, de momento, as

anomalias verificadas na ponte D. Luís e no seu tabuleiro inferior não colocam em risco a segurança de

automobilistas e de peões, a verdade é que ela recomenda a realização, num horizonte de cinco anos, de uma