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26 | II Série A - Número: 005 | 4 de Outubro de 2013

José, num regime de rotatividade mensal. O eventual funcionamento da urgência em rotatividade é totalmente descabido e não tem em conta aspetos organizativos, ao nível dos hospitais, dos profissionais de saúde e da rede de emergência pré-hospitalar, que pode gerar ainda mais entropia. Aos profissionais de saúde, a rotatividade de funcionamento desta urgência, introduz mais desregulamentação nas condições de trabalho. A confusão pode-se também instalar junto dos utentes. Muito provavelmente, os utentes não saberão exatamente a que hospital se devem dirigir, podendo chegar mesmo ao cúmulo de numa situação de urgência ainda têm de ir procurar qual o hospital em que funciona a urgência metropolitana.
Face à enorme contestação à decisão de criar uma urgência metropolitana em Lisboa, num comunicado no sítio da internet Portal da Saúde, o Governo afirma que a concentração das urgências será faseada. A 1.ª fase já está concluída e consistiu na concentração da urgência da especialidade de otorrino. A 2.ª fase, implementada a 2 de setembro, concentrou as especialidades de oftalmologia e psiquiatria e a 3.ª fase está prevista para o final do corrente ano. Entretanto, o Ministro da Saúde veio a público dizer que o sistema de rotatividade seria adiado e que necessitava de mais estudos.
Num comunicado de agosto de 2013, da responsabilidade da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), sobre a criação da tal urgência metropolitana em Lisboa é referida a intenção de concentrar no período noturno no Centro Hospitalar Lisboa Norte e/ou no Centro Hospitalar Lisboa Central as seguintes especialidades: oftalmologia, otorrino, cirurgia plástica/maxilo-facial, cirurgia vascular, urologia, neurologia, gastrenterologia, cardiologia de intervenção, cirurgia cardíaca e psiquiatria. Contudo, não se sabe ao certo quais são efetivamente as especialidades a concentrar, se as há enumeradas ou se ainda serão alargadas a outras.
O Presidente da ARS-LVT diz que a concentração destas especialidades numa urgência metropolitana se deve à baixa casuística no período noturno e à reduzida disponibilidade de médicos disponíveis, atendendo à existência de poucos médicos com menos de 50 anos. No entanto não fundamenta as razões invocadas com dados concretos. Relativamente á falta de mçdicos, o Sindicato dos Mçdicos da Zona Sul afirma que “existem médicos mais jovens que continuam a aguardar por concursos públicos e que têm formas precárias de trabalho sem qualquer possibilidade de evolução técnico-científica”.
Os Colégios de Especialidade de neurologia, urologia, cirurgia maxilo-facial, cirurgia plástica e cirurgia vascular da Ordem dos Médicos manifestaram o seu desacordo a esta decisão. Também, a Ordem dos Médicos e o Sindicato dos Médicos da Zona Sul emitiram parecer negativo.
Sobre o impacto desta reorganização da urgência noturna na região de Lisboa e Vale do Tejo, apontamos o que sucede com a concentração da especialidade de psiquiatria. Assim, com esta reorganização o Hospital de Santa Maria e/ou São José serão os hospitais de referência para toda a Área Metropolitana de Lisboa, todo o sul do país, Santarém e Leiria, pelo que qualquer doente com qualquer tipo de patologia mental residente neste vasto território terá de se deslocar a Lisboa para ter uma atendimento urgente com especialista. Acresce ainda que esta reorganização ocorre num período que, em consequência da difícil situação económica e social imposta pelo Governo aos portugueses, há enormes riscos de aumentarem as perturbações mentais.
O Governo dá como exemplo a reorganização de urgências na Área Metropolitana do Porto. Importa dizer que a urgência metropolitana do Porto abrange metade da população da de Lisboa e que segundo a Ordem dos Médicos “a neurologia e a cirurgia vascular não foram objeto de concentração (») no Porto, mas serão em Lisboa” e que apresenta “problemas que nunca houve interesse em auditar. Por exemplo, o facto da Urgência de ORL (S. João) e a urgência de Gastrenterologia (Sto. António) estarem em hospitais separados, o que coloca problemas nos casos de corpos estranhos no esófago”.
O exemplo mor do impacto negativo da reorganização ocorrida no Porto é-nos dado pela psiquiatria. De acordo com o que nos foi transmitido, um doente psiquiátrico da área de residência de Vila Nova de Gaia que necessite de um atendimento urgente (por exemplo uma tentativa de suicídio) dirige-se ao Hospital de Gaia, aí são-lhes prestados cuidados básicos, sendo depois transferido para o Hospital de São João, onde receberá cuidados prestados por médicos afetos a Gaia. Caso o doente necessite de um acompanhamento posterior, o mesmo será prestado pelo Hospital de Gaia. Este procedimento implica deslocações necessárias e transtornos acrescidos para o doente, podendo mesmo interferir na adesão à terapêutica e ao acompanhamento psiquiátrico. Tudo isto seria evitado se o serviço de urgências do Hospital de Gaia contemplasse a especialidade de psiquiatria.