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5 DE FEVEREIRO DE 2016 7

resultados foram insuficientes e muitos destes atrasos persistiam e contribuíram para fragilizar a situação

portuguesa face à crise internacional. A esta situação, acresciam outros problemas, como a quebra de natalidade

e o envelhecimento.

Na atual fase, os dois maiores instrumentos competitivos da economia portuguesa decorrem de

investimentos materializados antes da crise financeira de 2008: o capital humano disponível e as infraestruturas

e instituições. Nenhum destes ingredientes estava disponível nos anos 80. Em 1980 apenas 2 % dos

trabalhadores das empresas privadas tinham licenciatura. Em 2010 já eram cerca de 16%. Entre os mais jovens

a percentagem de licenciados aproximou-se dos padrões europeus. A qualidade da educação tem também vindo

a aumentar, fruto dos investimentos realizados na última década, tal como demonstram os instrumentos

comparativos internacionais, como os testes PISA, ainda que alguns destes progressos tenham sido postos em

causa no período recente, como demonstram os indicadores de insucesso escolar.

Não se pode correr o risco de voltar a perder a corrida da tecnologia. No passado, a ausência do País dessa

corrida contribuiu para a baixa produtividade e custou-lhe sucessivas vagas de emigração e um aumento enorme

da desigualdade entre portugueses.

Num espaço económico aberto ao mundo, como é hoje o europeu, o sucesso da sociedade portuguesa tem

que passar por um crescimento sustentado no aumento das qualificações. Esta aposta permitirá que Portugal

deixe de ser o país da UE com uma maior proporção de indivíduos entre os 10% com menores rendimento

salariais. Apenas a educação e a criação de emprego permitirão ultrapassar situações como esta.

Os últimos 10 anos expuseram a desadequação das instituições portuguesas às perturbações a que a

economia foi sujeita. Por um lado, a globalização, que pode ser entendida como uma alteração da distribuição

internacional da produção, para a qual Portugal não estava preparado, nomeadamente em termos de formação

da força de trabalho, mostraram as debilidades do modelo de crescimento seguido. Por outro lado, a entrada no

euro decorreu num quadro institucional que não facilitou uma adequada afetação dos recursos e talentos

nacionais aos seus fins mais produtivos. A modernização que se verificou no tecido produtivo e no padrão de

especialização foi claramente insuficiente face aos desafios externos colocados à economia portuguesa.

A baixa das taxas de juro e a falta de enquadramento institucional adequado induziu uma excessiva

concentração de investimento em sectores de bens não-transacionáveis. A redução dos custos de financiamento

não promoveu um crescimento saudável de empresas competitivas a nível internacional e, pelo contrário,

favoreceu estratégias de descapitalização, de tal forma que o sector empresarial não-financeiro se encontra

fortemente debilitado, com elevados níveis de endividamento e uma dimensão média das empresas inferior à

da generalidade dos países da UE.

Tendo por base este quadro geral descrevem-se em seguida as principais linhas de força da evolução

verificada nos últimos anos.

Desempenho macroeconómico

A economia portuguesa registou nos últimos anos uma evolução macroeconómica claramente negativa.

Desde 2010, o produto interno bruto (PIB) diminuiu em termos reais 6%, um desempenho pior em cerca de

9 pontos percentuais ao registado na UE28 e 7,2 pontos pior do que o verificado na Zona Euro, agravando assim

de forma significativa a divergência face ao espaço onde Portugal está inserido.

No mesmo período, a produtividade total dos fatores permaneceu quase constante, registando também um

desempenho pior do que o verificado quer na Zona Euro, em que aumentou 0,5%, ou no conjunto da UE28, em

que aumentou 1,2%.

Este desempenho traduziu-se numa diminuição, em mais de 7%, do rendimento disponível bruto das famílias

no mesmo período, provocando uma regressão significativa neste indicador.

O reequilíbrio das contas externas foi um dos grandes objetivos do programa de ajustamento implementado,

pois só essa correção permitiria aumentar a capacidade de financiamento da economia e reduzir o

endividamento. Pretendia-se promover uma aceleração do crescimento das exportações e assegurar um

contributo positivo da procura externa líquida para o crescimento do PIB com uma alteração da estrutura da

economia, corrigindo o excessivo peso dos bens não transacionáveis na economia portuguesa. Assistiu-se de

facto a uma correção acelerada dos desequilíbrios externos, apresentando a economia portuguesa um saldo

positivo da balança corrente e de capitais desde o final de 2012. Infelizmente, essa correção não resultou da

aceleração das exportações, nem corresponde a uma correção estrutural, ficando a dever-se muito à