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26 DE MAIO DE 2020

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pela União Europeia (UE) desde 21 de junho de 1996.

Mais recentemente e através do Despacho n.º 2337/2019, datado de 8 de fevereiro, foi determinado que

fosse conferida, a nível nacional, proteção à denominação «cereja do Fundão» como Indicação Geográfica,

com efeitos a partir de 9 de agosto de 2018, data de apresentação do pedido de registo à Comissão.

Em março de 2020, a Comissão Europeia certifica a cereja do Fundão como produto de Indicação

Geográfica Protegida, tendo salientado, em nota de imprensa, que a produção de cereja na região do Fundão

«impulsionou a economia local, criando sete mil empregos numa década».

A economia circular em torno deste fruto no concelho do Fundão, Covilhã, Belmonte e Castelo Branco é

inequívoco, sendo que em anos normais a produção de cereja está estimada, só no concelho do Fundão, em

sete mil toneladas.

Porém, as condições meteorológicas adversas e extremas, entre o final de março e início de abril deste

ano, nomeadamente neve, chuva intensa, queda de granizo e geada fora de tempo, causaram uma quebra de

produção que se estima em cerca de 70%, num prejuízo direto de oito milhões, sendo um impacto muito

significativo na economia local, na medida em que as perdas não se refletem apenas para os produtores, mas

têm também reflexo direto nos trabalhadores e no comércio local dos quatro concelhos.

Acrescem ainda os prejuízos decorrentes da crise sanitária provocada pela pandemia COVID-19 na região,

iniciada em março face às restrições e confinamento pedido pelo Governo e autoridades de saúde, impedindo

o fluxo de turistas, na época do florescimento, e o já anunciado cancelamento de certames, tais como a Festa

da cereja, em Alcongosta, no concelho do Fundão, e a Feira da cereja, na freguesia do Ferro, concelho da

Covilhã, que atraem milhares de pessoas à região, em tempos ditos normais. O flagelo, neste setor, está

instalado.

Para além da baixa produtividade, a qualidade do fruto também é inferior, pois apresenta-se fendilhado,

característica que deprecia o seu valor comercial ou que impede mesmo a sua comercialização.

A Cerfundão, organização de produtores, começou a receber cereja dos produtores locais, sendo que nos

diversos mercados da cereja distribuídos pelos concelhos já sentem a quebra. A organização prevê já um

decréscimo na ordem dos 70%.

Igualmente nos concelhos do Fundão, Covilhã, Castelo Branco e Belmonte, junto com os seus produtores

de cereja, enfrentam a pandemia comunitária da COVID-19 com todas as suas limitações e constrangimentos,

sabendo articular e preparar, em parceria com a Universidade da Beira Interior, autarquias locais e Ministério

da Agricultura, uma nova campanha que garantisse aos consumidores a manutenção da confiança no produto,

a par da sua valorização, no entanto, a adversidade vivida pelas condições meteorológicas hostis determinou

perdas substanciais que importa acautelar.

A situação descrita e os seus impactos não se circunscrevem à realidade do Fundão e da Cova da Beira.

Em Resende, outro dos importantes centros de produção de cereja, a produção da cereja de Resende regista

quebras que chegam aos 50 por cento. A apanha, que arrancou no início de maio, foi afetada pelas

intempéries em altura de pandemia em que a neve, temperaturas negativas, geada e a chuva complicaram o

trabalho.

O Ministério da Agricultura tem acompanhado atentamente a evolução da situação particular da produção

de cereja de 2020, nas Indicações Geográficas Protegidas (IGP) e nas denominações de origem protegida

(DOP), quer face à pandemia COVID-19, quer face às intempéries conhecidas, num trabalho de proximidade

com os produtores e com os autarcas, o que tem permitido obter de forma mensal e sistemática a evolução da

produção agrícola nacional de várias culturas, onde se integra a cereja, pois esta ganhou, nos últimos anos,

uma grande importância e relevância para a economia nacional em diversas regiões do país, e em particular

no distrito de Castelo Branco. Importa ainda referir que existe um forte apoio do Estado à contratação de

seguro de colheitas, sendo os níveis de apoio aos prémios de seguro de cerca de 60% a fundo perdido, porém

face às duas dimensões relatadas, é importante divulgar a sua existência.

Também o sector agrícola sentiu necessidade de observar condições especificas para o funcionamento da

sua atividade, face à pandemia da COVID-19 e ao levantamento progressivo das restrições impostas,

nomeadamente na utilização de equipamentos de proteção individual, distanciamento físico, higienização de

espaços e a constante higienização das mãos pelos trabalhadores da apanha de cereja. O sector necessitou

ainda de proceder à adaptação dos seus estabelecimentos à nova realidade, adotando métodos de

organização do trabalho e relacionamento com os clientes e fornecedores face às novas condições exigidas

neste contexto, garantido desde a primeira hora o cumprimento das normas estabelecidas e das