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II SÉRIE-A — NÚMERO 60

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• No relatório científico «Saúde mental em tempos de pandemia – SM-COVID-19» publicado em outubro

pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, IP, observa-se, entre muitos outros aspetos, que:

➢ «A Pandemia de COVID-19 está a ter impacto na saúde global das populações, nomeadamente na saúde

mental, como consequência direta da infeção viral, mas também devido às alterações sociais e económicas

resultantes em grande parte das medidas adotadas para controlar a disseminação do vírus na comunidade

mundial. Neste contexto, muitas das alterações ocorridas têm sido apontadas como responsáveis por

impactarem negativamente na saúde mental e no bem-estar psicológico, em particular das pessoas infetadas e

dos profissionais de saúde que delas cuidam (...)»;

➢ «(...) 33,7 % dos indivíduos da população geral e 44,8% dos profissionais de saúde apresentavam sinais

de sofrimento psicológico. Na população geral 27% dos inquiridos reportaram sintomas moderados a graves de

ansiedade, 26,4% de depressão e 26% de perturbação de stress pós-traumático. Estas prevalências são mais

elevadas do que as previamente reportadas pelo 1.º Estudo Epidemiológico Nacional da Saúde Mental. São

sobretudo as mulheres, os jovens adultos entre os 18 e os 29 anos, os desempregados e os indivíduos com

mais baixo rendimento quem apresenta sintomas de sofrimento psicológico moderado a grave, em várias das

dimensões de saúde mental analisadas (...)»;

➢ «(...) Em relação aos profissionais de saúde, os resultados mostram taxas mais elevadas de problemas

de saúde mental relativamente à população geral, em particular de sofrimento psicológico e de ansiedade

moderada a grave. São sobretudo aqueles que estão a tratar doentes com COVID-19 os mais afetados, com

um risco de sofrimento psicológico 2,5 superior àqueles que não tratam doentes com COVID-19. É ainda no

grupo dos profissionais de saúde que os níveis de burnout (exaustão física e emocional) são mais elevados

(32.1%) (...)»;

➢ «(...) Dos indivíduos que estão ou estiveram em quarentena, em isolamento ou já recuperados, 72%

reportam sofrimento psicológico e mais de metade tem sintomas de depressão moderada a grave. Dos

indivíduos infetados que estiveram em internamento hospitalar ou em cuidados intensivos, a esmagadora

maioria (92%) refere sintomas de ansiedade moderada a grave. (...)»;

➢ «(...) Os resultados do estudo identificaram nos três grupos populacionais em análise, percentagens

elevadas de sintomas relativos a sofrimento psicológico e as dimensões da saúde mental consideradas e,

também, fatores preditores associados a saúde mental e bem-estar, os quais podem ser usados para planear

intervenções no contexto da pandemia de COVID-19. Nesse sentido, compreender o impacto psicológico desta

na população em geral e, em particular, nos profissionais de saúde e grupos diretamente afetados pela doença,

permite apoiar a resposta do SNS, orientando os decisores e as equipas dos serviços de saúde mental nas

abordagens dirigidas a estes grupos. (...)».

O CDS-PP vem afirmando que a Saúde Mental tem sido o «parente pobre» do SNS e, por isso, ao longo dos

anos, temos apresentado iniciativas legislativas nesta área, em particular no que diz respeito às Demências e à

Doença de Alzheimer. É urgente que haja uma mudança na abordagem aos cuidados de Saúde Mental em

Portugal, abordagem essa que, nesta fase, tem necessariamente de ter em conta o contexto de pandemia de

COVID-19.

Sendo certo que, em abril de 2020, foi criado no Centro de Contacto SNS24 o serviço de Aconselhamento

Psicológico e que, segundo o Presidente da SPMS, desde então já foram atendidas cerca de 60 000 chamadas

– das quais cerca de 4500 de profissionais de saúde que necessitavam de apoio psicológico –, é preciso ir mais

além: assegurar que os atendimentos neste serviço não se ficam por telefonemas isolados e que são feitas as

referenciações necessárias para teleconsultas de acompanhamento regular, sempre que tal se revele

necessário.

É, também, determinante dotar o SNS dos profissionais de saúde necessários para dar resposta aos

crescentes problemas de Saúde Mental, em particular nos Cuidados de Saúde Primários.

A resposta à Saúde Mental não pode ser quase exclusivamente farmacológica, por falta de condições e

recursos para se proporcionar a estes doentes o necessário e desejável acompanhamento regular e de

proximidade de que necessitam.

É urgente que seja feito um levantamento das necessidades em termos de recursos humanos, de unidades

residenciais de apoio e integração social, de equipas de apoio domiciliário e que, após esse levantamento, sejam