O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3 DE OUTUBRO DE 2023

9

Nas principais causas elencadas vigoram críticas aos baixos salários, a precariedade do mercado laboral e

a crise no mercado habitacional. Os dados indicam que 3 em cada 4 jovens recebem menos de 950 euros por

mês. Mas é preciso olhar estes dados com mais profundidade: 30 % dos jovens portugueses auferem de

remuneração líquida mensal entre 601 € e 767 €, 19 % recebem entre 768 € e 950 € e apenas 3 % recebem

acima dos 1642 €2.

Importa ainda sublinhar que, em Portugal, quase metade (44 %) dos profissionais que integram a geração Z

(nascidos entre 1995 e 2004) e 31 % dos millennials (nascidos entre 1982 e 1994) acumulam dois empregos (a

tempo parcial ou completo) para conseguirem honrar compromissos financeiros. Esta é uma das conclusões a

retirar do inquérito «Gen Z and Millennial Survey 2023», realizado pela consultora Deloitte3.

Ao olhar para os congéneres europeus, um jovem português confronta-se com a dura realidade: trabalhar

em Portugal significa ganhar, em média, apenas 70 % do que receberia pelo desempenho das mesmas funções

noutros países da zona euro4.

Avança a Fundação Calouste Gulbenkian que dois em cada três jovens nascidos nos anos 90 têm um

contrato a prazo como modelo de vínculo laboral. Já ao nível de desemprego jovem, o nosso País apresenta

uma tendência de agravamento, tendo a 5.ª taxa mais elevada da OCDE5.

Neste cenário de baixos salários e precariedade laboral, os preços praticados no mercado de habitação

tornam-se incomportáveis para os jovens, obrigando-os a adiar a saída de casa dos pais, passo fundamental

para a sua emancipação. Segundo o Eurostat, os jovens portugueses saem de casa dos pais, em média, aos

29,7 anos, valor superior à média europeia. Uma das causas que leva a este adiamento prende-se com a

dificuldade de obter um crédito à habitação e, quando obtido, este valor não chegar aos 100 %. Com um elevado

custo de vida e um salário reduzido torna-se difícil para um jovem poupar o valor suficiente para a entrada da

casa. Assim, os jovens são empurrados para um mercado de arrendamento desajustado dos parcos valores que

auferem. A subida dos preços das casas nos últimos anos deriva sobretudo de uma baixa oferta para uma alta

procura. Os preços das casas aumentaram a um ritmo bem mais elevado do que os rendimentos dos jovens,

elevando – e muito – a sua taxa de esforço quer para comprar, quer para arrendar casa. Em Lisboa, em

dezembro de 2022, o preço médio de arrendamento por metro quadrado era de 21 €/m², já para aquisição o

preço por metro quadrado rondava os 4947 €/m² 6.

Factualmente, as políticas de habitação têm falhado, há décadas, e as que têm sido implementadas apenas

fomentam o incremento de preços no setor imobiliário. Estas opções políticas não só não aumentam o poder de

compra dos jovens, como também os deixam dependentes da subsidiação estatal.

Este cenário impacta a sociedade portuguesa em múltiplas dimensões, mas é fundamental correlacionar

2 Mais de metade dos jovens portugueses admite emigrar – Sondagem Público (publico.pt) 3 https://www.idealista.pt/news/financas/mercado-laboral/2023/08/30/59096-trabalho-jovem-44-da-geracao-z-e-31-dos-millennials-tem-2-empregos 4 Jovens em Portugal ganham 70% do que ganhariam em média na Europa (obsempregojovem.com) 5 Portugal tem a quinta taxa de desemprego jovem mais elevada da OCDE – ECO (sapo.pt) 6 Imobiliário: Lisboa com o maior aumento de preços de arrendamento na Europa – Revista do Empreendedor