O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-A — NÚMERO 185

20

passaram pela suevo-visigótica e prolongaram-se pela Idade Média e Moderna até à atualidade. Neste caso, o

melhor exemplar é a já citada calçada romana da Pia. As outras que ainda existem mantêm uma admirável

configuração medieval.

• Idade Média:

A tradição monástica da Arquidiocese de Braga vem do primeiro quartel do Século V. «Com efeito, o monge

Baquiário (autor De Fide, por volta do ano 450) foi o primeiro a mencionar a existência de um mosteiro na

Península Ibérica, que Lambert situou na diocese de Braga». No cartulário bracarense Liber Fidei, compilação

de documentos do Século XI a XIII, são citados vários mosteiros em Braga, um dos quais é o de Gualtar,

dedicado a S. Martinho, com o orago S. Miguel. Na obra D. Pedro Bispo de Braga, de Avelino de Jesus da Costa,

refere que, no Século X, o mosteiro e a vila de Gualtar já existiam, assim como as herdades que eram pertença

do abade Ildevredo. Estudos indicam que o mosteiro se situava no local onde está a antiga igreja, dados os

achados de elementos construtivos de épocas anteriores à edificação (Século XI) da igreja românica,

encontrados em trabalhos arqueológicos, efetuados no interior da capela-mor, que são, provavelmente, do

antigo mosteiro. Os mosteiros que não tinham património próprio acabaram por se extinguir passando os seus

oratórios, em alguns casos, a serem as futuras igrejas paroquiais. Foi o que aconteceu com o antigo mosteiro

de Gualtar: o mosteiro e o património passaram, por doação, para a posse da condessa D. Ilduara.

• Idade Moderna:

No fim do Século XV, escreve-se que eram cobradas XXX libras à Igreja de S. Miguel de Gualtar (livro

Censual de D. Diogo de Sousa). No início do Século XVI, a mando do Arcediago do Couto de Braga, D. Diogo

Gomes de Abreu, lavrou o Tombo da Igreja de S. Miguel de Gualtar. No Século XVII era vigararia anexa ao

Arcediago da Sé de Braga, tendo nessa data cerca de 100 vizinhos. A Igreja Velha de S. Miguel de Gualtar era

um edifício com frontispício virado a poente, com nave de duas águas e torre sineira e, na soleira da porta de

acesso ao coro, possuía uma inscrição com a data de 1685. No fim do Século XVII julga-se que a primitiva igreja

românica tenha sido modificada. Em meados do Século XVIII, o altar-mor foi embelezado com talha dourada;

também nessa data, a Imagem de S. Miguel foi substituída. A fachada principal é típica do Século XVIII, data

em que a igreja sofreu uma grande modificação arquitetónica, alterando, principalmente, o seu frontispício com

arte da era moderna, continuando a parte norte até à atualidade com a sua bela e histórica arte românica. Na

parede exterior do altar-mor e no interior da nave, no arco cruzeiro e portas laterais, são visíveis as modificações

arquitetónicas introduzidas nas reconstruções dos Séculos XVIII/XIX, onde o seu interior foi embelezado e

enriquecido com arte sacra bracarense da época. Ainda no património da era moderna é importante fazer

referência às várias casas, capelas, cruzeiros e alminhas existentes. De entre elas, o destaque para a Casa da

Pia (casa típica do Século XVII/XVIII), a Casa da Quinta do Pomar (Século XVIII/XIX) e a Capela de Nossa

Senhora do Desterro, localizada nesta última quinta. Incontornável, é, ainda, o complexo de Sete Fontes

(monumento nacional), situado nas freguesias de Gualtar e S. Victor, uma obra de engenharia hidráulica única,

datada do princípio do Século XVIII com importante valor histórico, ambiental e arquitetónico. Trata-se de um

«sistema de abastecimento de água composto por 14 galerias subterrâneas (minas) e 6 depósitos de junção.

Ao todo é um conjunto construído em pedra trabalhada que se estende por cerca de 3500 metros. As minas

subterrâneas têm no seu fundo caleiros rasgados na pedra que conduzem a água através de galerias (algumas

chegam a ter mais de 1 km de comprimento), até aos depósitos de encontro. Por seu turno, a água que aí corre

vai confluindo em depósitos espalhados na vertente (seis ao todo numa distância aproximada de 500 metros).

O primeiro depósito a montante, que recebe água de duas minas, fica no ponto mais alto (264 metros) e ostenta

a maior pedra d'armas, em pedra lavrada, do seu doador. Existem mais três depósitos, que embora sejam mais

pequenos, apresentam o mesmo modelo, de planta circular e cobertura em domo com pináculo no topo; os

restantes são apenas bocas de minas com portas trabalhadas. Destes depósitos sai a conduta que traz água

para a cidade, construída de pedras justapostas formando uma fileira de cerca de 3 km. São pedras retangulares

com um comprimento à volta de um metro e meio metro de lado e vazadas no interior formando um tubo com

trinta centímetros de diâmetro».