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II SÉRIE-A — NÚMERO 199

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facilitando a comunicação entre estas duas capitais romanas do noroeste peninsular.

Projetada para servir as legiões romanas, esta via imperial rapidamente assumiu-se, também, como o

principal canal de escoamento de produtos metalíferos, que eram explorados intensamente no território

montanhoso e acidentado da antiga Hispânia.

Um complexo, mas bem definido, conjunto de caminhos secundários, que passavam junto das principais

explorações mineiras auríferas (Três Minas/Jales em Vila Pouca de Aguiar, Urros em Torre de Moncorvo ou em

Las Médulas, Bierzo – Castilla/Léon), e que convergiam para o grande eixo transversal formado pela Via

Romana XVII, foram fundamentais para o escoamento do ouro, incentivando, por outro lado, o aparecimento de

inúmeros povoados romanos ao longo destes eixos viários, promovendo o natural desenvolvimento

socioeconómico desta região.

Face à notável técnica de construção destas vias, a intensa e sistemática exploração mineira, que teve o seu

auge durante a governação de Trajano, entre 98-117 d.C., fez com que a reparação destes caminhos fosse uma

das prioridades do império romano, não pondo em causa o complexo processo de circulação do ouro.

No concelho da Póvoa de Lanhoso, numa extensão de aproximadamente 15 km, a Via Romana XVII

apresenta, também, correlações com a distribuição dos povoados, em especial com o Castro de Lanhoso, onde

apareceram três torques castrejos em ouro, joias estruturalmente simples, constando de um aro de perfil circular

e remates típicos nos extremos, profusamente decorados com filigrana.

A adaptação desta via romana como percurso pedestre (GR 117) pretende contribuir para a revitalização do

que foi a azáfama nos tempos áureos do império romano, dando a conhecer, por outro lado, muito do património

natural, edificado e arqueológico do concelho da Póvoa de Lanhoso.

O visitante encontra aqui um percurso histórico aliado à natureza, cenário apropriado para despertar o

imaginário de cada um.

3.3. Património religioso

a) Santuário de Nossa Senhora do Pilar

O Santuário de Nossa Senhora do Pilar é composto por Via Sacra, constituída por capelas dos Passos

desenvolvidas ao longo de uma calçada que serpenteia a encosta do monte, Capela do Senhor do Horto, casa

do ermitão e a igreja.

Este conjunto religioso começou a ser edificado em 1680 por encomenda de André da Silva Machado, talvez

abençoado por um milagre da Nossa Senhora. Este excelso devoto nasceu pobre no lugar de «Aldemil», Póvoa

de Lanhoso, e mais tarde tornou-se um dos mais ricos negociantes da cidade do Porto.

Depois da construção da igreja da Senhora do Pilar, há registo de romeiros provenientes de várias regiões

que ficavam hospedados nas «cazas da romagem, en que vive hum ermitão». Era no topo do monte que faziam

«humas festas de cavalos, a não haver perigo dos despenhadeiros».

Após a construção do templo principal, foi criado um estaleiro de obras no Monte de Lanhoso e a ampliação

do Santuário só viria a terminar volvidos aproximadamente 100 anos. O acesso era por «hum carreiro, en que

huma só pessoa pode hir […] por devoção de algumas pessoas, se tem aberto huam estrada (calçada) e posto

por elle varias ermidas, obra em que ainda se trabalha, neste presente anno de 1724». É já em meados do

Século XVIII que se dá início à construção da Capela do Senhor do Horto, última grande obra religiosa do

Santuário de Nossa Senhora do Pilar, uma das mais belas joias do concelho da Póvoa de Lanhoso enriquecido

pela proximidade ao notável Castelo de Lanhoso.

b) Igreja de Nossa Senhora do Amparo

A Igreja de Nossa Senhora do Amparo é situada no coração da vila da Póvoa de Lanhoso.

O terreno onde foi implantada integrava a quinta das Lourenças e intitulava-se exatamente campo da

Lourença de Cima, que à época (1872) pertencia a João Baptista Antunes Guimarães e a sua mulher D. Maria

Joaquina Miranda Lemos e Vasconcelos. Ficava nos arrabaldes da vila, junto ao campo da feira do gado, tendo

sido vendido pela quantia de 230 000 réis. O campo tinha 37 metros de frente de nascente para poentes e de

fundo 35 metros de sul para norte. Foi procurador de Manuel Joaquim Barbosa Castro, à época a residir em

Lisboa, Francisco José de Sousa Lobão.