O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16 DE JULHO DE 2014

67

Portanto, este navio, por essa razão, está fora do mercado e, como também foi referido, foi um navio feito

muito de propósito para os portos que iriam ser usados nos Açores, o que significa que todo o aspeto de

aberturas, entradas e saída, etc., não é standard. Logo, este navio, não sendo standard, só por sorte…”92

O Sr. Dr. Carlos Alberto Veiga Anjos, ex-Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, entre

setembro de 2010 e junho de 2011, respondeu ao Sr. Deputado Eduardo Teixeira, sobre a tentativa de venda

do Atlântida para a Venezuela:

“(…) O Presidente Chávez veio cá, creio que em novembro de 2010, veio assinar o contrato dos asfalteiros

e, nessa data, visitou o navio e mostrou muito interesse no mesmo.

A partir daí decorreram negociações com a PDVSA, que é a empresa de petróleos e era ela que iria

comprar o navio para o pôr ao serviço do turismo na Venezuela.

Portanto, o Presidente Chávez queria ter um navio que viajasse, digamos assim, interilhas a tarifas baixas

e onde os venezuelanos mais carenciados pudessem viajar. Queria dar-lhes esse presente.

De maneira que decorreram conversações e, em fevereiro, fui à Venezuela, a Caracas, para assinarmos o

contrato. Levei comigo o jurista, levei comigo o homem responsável pela área comercial, levei comigo o

mandato dos Estaleiros, delegando em mim a assinatura do contrato. Depois, os juristas estiveram todo um

dia a tratar das formalidades do contrato, tendo ficado apenas o preço para decidir.

Portanto, trataram das formalidades e, depois, estivemos uma manhã inteira a negociar o preço que, creio,

foi de 42 milhões de euros, sendo 35 milhões, que era o valor do navio, e 7 milhões eram para modificações

que o navio tinha que sofrer. Celebrámos esse contrato na sede da PDVSA, com o vice-presidente desta

empresa, onde nos cumprimentámos, bebemos champanhe, convidaram-nos para almoçar e ficámos de

assinar o contrato – estava lá, na altura, o Secretário de Estado da Economia português – no dia seguinte, às

4 horas da tarde, um sábado, no Palácio dos Negócios Estrangeiros de Caracas.

Qual não é o nosso espanto quando, cerca do meio-dia, estávamos no hotel, recebemos a indicação de

que não se podia formalizar a assinatura, porque o presidente da PDVSA tinha que ver aquilo, pois não estava

lá e só vinha na terça-feira seguinte.

Bom, fiquei até à terça-feira seguinte em Caracas à espera que o Sr. Presidente pudesse assinar o contrato

e o Sr. Presidente, ao fim do dia, mandou dizer que tinha muitas coisas para ver e que ainda não tinha

chegado a altura de autorizar a compra do navio.

De maneira que fiquei mais três dias com o diretor comercial e, chegados ao sábado seguinte, o Sr.

Presidente continuava sem ter tido tempo de assinar. Regressei e deixei lá o diretor comercial com mandato

para assinar o contrato, em nome da empresa.

Depois, as coisas começaram a enrolar-se. A certa altura, já em abril princípios de maio, comunicaram-nos

que viria cá o Ministro do turismo para ver o navio – isto já em fins de abril, princípios de maio. Em maio, veio

cá o Ministro do turismo para ver o navio, gostou muito dele, achou-o talvez até bom demais para as viagens

que queriam fazer com ele.

Visitou o navio, ficou encantado, esteve em Viana connosco, recebemo-lo muito bem e, depois, regressou

e acho que fez um relatório para o seu Governo a dizer que o navio era demasiado luxuoso e que não o

queriam. Isto já foi para aí em maio e eu saí dos Estaleiros em junho.

Portanto, para os nossos padrões, o barco Atlântida estava vendido e não passava pela cabeça, nem de

nós nem de ninguém da delegação, que, depois disto tudo, depois de ternos cumprimentado, negociado o

preço e feito contrato, este não viesse a ser assinado.

Portanto, foi isto que fiz pelo Atlântida.”93

O Sr. Dr. Carlos Alberto Veiga Anjos, ex-Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, entre

setembro de 2010 e junho de 2011, esclareceu o Sr. Deputado Altino Bessa sobre o Atlântida:

“ O Sr. Dr. Carlos Alberto Veiga Anjos: — Tratando-se de uma empresa pública portuguesa dos Açores e

tendo em conta os motivos que foram invocados para não receber o navio, acho isso inacreditável. Acho

inacreditável e revolta-me, como cidadão e como gestor, que uma empresa tenha rejeitado um navio daquela

92

Cfr. Ata da audição da CPIENVC, de 6 de maio de 2014, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC no período de julho a

setembro de 2010, Sr. Contra-Almirante Victor Gonçalves de Brito, págs. 45-47. 93

Cfr. Ata da audição da CPIENVC, de 6 de maio de 2014, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC no período de setembro

de 2010 a junho de 2011, Sr. Dr. Carlos Alberto Veiga Anjos, págs. 9-11.