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16 DE JULHO DE 2014

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Esse projeto nunca foi alterado a pedido da Atlânticoline durante o tempo em que presidiu ao conselho de

administração?

O Sr. Eng.º Arnaldo Pedro Figueirôa Navarro Machado: — Sr. Deputado, penso que as grandes alterações

feitas a pedido da Atlânticoline foram feitas em aditamentos anteriores à minha chegada. Este navio tem uma

coisa um bocadinho estranha e penso que o que foi assinado foram duas minutas, duas especificações: uma

que foi anexa ao contrato e outra que foi aberta uns meses depois, mas que tinha sido acordada anteriormente

já na altura da assinatura do contrato.

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Mas que não era do conhecimento do conselho de administração

quando o contrato foi iniciado? A segunda parte de que me está a falar era secreta?

O Sr. Eng.º Arnaldo Pedro Figueirôa Navarro Machado: — Acho que não era secreta, mas era…

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): —Era, pelo menos, estranha…

(…)

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Daquilo que é a sua memória dos acontecimentos, e de todos os

problemas que existiram durante a construção do navio Atlântida, tem consciência se essas alterações tiveram

relevância em relação ao resultado final que todos conhecemos?

O Sr. Eng.º Arnaldo Pedro Figueirôa Navarro Machado: — Julgo que sim e aqui vem a segunda parte

daquilo que eu disse há bocado.

Penso que o prazo de entrega muito curto levou a que as pessoas não tivessem tempo para tomar

decisões que não fossem ultra rápidas e os resultados do tanque de testes de kyrlov que levavam à situação

de haver uma folga muito razoável na velocidade do navio levaram a que as pessoas tomassem algumas

decisões…

Vou dar-lhe uma decisão que, provavelmente, terá sido a mais marcante de todas: a troca dos motores

principais que eram para ter 3400 kw cada um e foram comprados com 3000 kw cada um e porquê? Porque

não havia no mercado, nessa altura, motores com 3400 kw com um prazo de entrega que servisse ao navio.

Como havia no mercado um motor mais pequeno que servia o navio e como, aparentemente, havia muita folga

na velocidade do navio, tomaram a decisão de baixar a potência dos motores.

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Mas essa decisão é anterior à sua entrada nos Estaleiros ou é

ulterior?

O Sr. Eng.º Arnaldo Pedro Figueirôa Navarro Machado: — É anterior.

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Essa da compra do motor do navio?

O Sr. Eng.º Arnaldo Pedro Figueirôa Navarro Machado: — Sim, sim, é anterior.

A conjugação destes dois factos, de não haver tempo para nada e haver folga teórica na velocidade, levou

a que as pessoas tomassem decisões que pareciam ser exequíveis e depois não eram.

O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Gostaria de chamar a atenção da Sr.ª Presidente, para que ficasse

registado em ata, que existe uma contradição factual, não direi insanável como agora está na moda, entre os

depoimentos do Sr. Eng.º Figueirôa Machado e do Dr. Fernando Geraldes, que ouvimos na parte da manhã,

em relação ao contrato do navio Atlântida.”87

O Sr. Dr. António Jorge Garcia Rolo, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC, no período de

2009 a 2010, esclarece o Sr. Deputado Abel Baptista sobre o Atlântida:

“O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): —(…)

Quanto ao navio Atlântida, o Sr. Doutor disse uma frase que desperta ainda mais a minha curiosidade.

Disse que, quando tinha o dossier do navio Atlântida, pensava que era só um problema de atraso.

O atual Presidente da EMPORDEF disse aqui que não compreendia, como gestor, por razões

empresariais, como é que se firma um acordo relativamente ao Atlântida e ao Anticiclone de rescisão do

contrato e de acionamento da garantia, que estava em vigor, de trinta e tal milhões de euros.

87

Cfr. Ata da audição da CPIENVC, de 29 de abril de 2014, Presidente do Conselho de Administração dos ENVC no período de 2007 a

2009, Sr. Eng.º Arnaldo Pedro Figueirôa Navarro Machado, págs. 33-37.