O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-B — NÚMERO 3

4

personalidades políticas, criando e fomentando boatos que visavam descredibilizar o negócio e o próprio fundo

de investimento». […] «este processo de permanente interferência política […] culminou no chumbo de última

hora ao negócio da venda das participações do GMG na agência Lusa». Como consequência, também a Agência

pública LUSA é participada por um fundo com origem nas Bahamas.

No dia 15 de dezembro, onze diretores dos quatro títulos do grupo (JN, TSF, O Jogo, Dinheiro Vivo) e o

diretor digital do grupo apresentaram a sua demissão. No dia 28 dezembro, a Comissão Executiva insiste que

«Apesar dos esforços desenvolvidos ao longo das últimas semanas no sentido de assegurar em tempo útil o

processamento dos salários referentes ao mês de dezembro, a Comissão Executiva vê-se obrigada a informar

todos os trabalhadores do Global Media Group não existirem, à data de hoje, condições que permitam o

pagamento dos salários deste mês. Tal como foi comunicado aos diretores editoriais numa reunião mantida na

manhã de hoje, a situação financeira do GMG é extremamente grave, em particular após o inesperado recuo do

Estado português no negócio já concluído para a aquisição das participações que o grupo possui na agência

Lusa, da injustificada suspensão da utilização de uma conta caucionada existente no Banco Atlântico Europa

há cerca de 6 anos, bem como de todo o aproveitamento político-partidário que, em época pré-eleitoral, tem

sido feito em redor do grupo».1

No dia 28 dezembro 2023, foi o próprio Governo a emitir uma nota à comunicação social sobre a situação da

Global Media, afirmando que «o Governo acompanha com preocupação as notícias sobre a Global Media, grupo

que detém, entre outros, a rádio informativa de maior alcance geográfico do país e quatro jornais diários com

importante património histórico e profundo enraizamento social. […] o ambiente de instabilidade que hoje se vive

nas redações da Global Media corresponde a um empobrecimento do pluralismo informativo, que comporta

sérios riscos para a democracia», acrescentando que «o processo negocial com vista a que o Estado pudesse

vir a assumir uma posição mais significativa na estrutura acionista da Agência Lusa visava preservar a autonomia

desta agência e o seu papel na defesa do jornalismo. Tal operação tinha um propósito estratégico e, como é

evidente, não podia ser encarada como a solução para problemas de tesouraria de curto prazo eventualmente

enfrentados por um novo acionista.» Este comunicado chamava ainda a atenção para as várias incompreensões

geradas pelo negócio: «gera a maior das perplexidades que, após a entrada de um novo acionista num grupo

económico – a qual foi acompanhada de declarações de investimento no jornalismo –, se tenha passado

rapidamente para afirmações de sentido contrário, que culminaram, no dia de hoje, no anúncio de que os salários

do mês de dezembro não serão pagos na data devida. Cabia aos investidores estarem informados sobre as

circunstâncias financeiras do grupo em que decidiram investir, pelo que não é crível virem agora alegar

desconhecimento».

A troca de acusações prosseguiu, tendo os acionistas Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes

Ferreira denunciado, no dia 29 de dezembro, o «manifesto incumprimento por parte do World Opportunity Fund,

Ltd, quanto a obrigações relevantes dos contratos, que, ao não ter ocorrido, teria permitido o pagamento dos

salários e o cumprimento de outras responsabilidades da empresa», assegurando que «os acionistas não

deixarão de recorrer a todos os meios ao seu dispor para exercer os direitos legais e contratuais que lhes

assistem e, bem assim, de tudo fazer quanto estiver ao seu alcance para restaurar a credibilidade do GMG e

das suas marcas, honrando a história do Grupo e de todos aqueles que diariamente dão o seu melhor por um

jornalismo de excelência».

Em resposta, José Paulo Fafe referiu já ter exposto em reunião de acionistas «algumas situações e

procedimentos detetados que nos suscitaram sérias dúvidas quanto à sua legalidade e transparência» […]

dando nota que a «Comissão Executiva decidiu realizar uma auditoria a todas as decisões, operações e

negócios que conduziram o Global Media Group ao estado atual, não sendo de descurar uma posterior decisão

em recorrer a outras instâncias, no sentido de apurar eventuais responsáveis por situações menos claras e que

indiciam em alguns casos uma gestão, no mínimo, pouco transparente».

No dia 2 de janeiro, nova nota da Comissão Executiva reafirma que «Ao longo destes pouco mais de três

meses, desde que esta Comissão Executiva entrou em funções, raro é o dia em que não somos apanhados de

surpresa por factos e procedimentos que fizeram parte deste grupo ao longo dos últimos anos e que, sem

1 A este propósito, deve-se acrescentar que o Grupo Parlamentar endereçou um requerimento ao Banco de Portugal a requerer informações relativas ao bloqueio da conta do Grupo Global Media no Banco Atlântico Europa e a respetiva fundamentação legal, tendo o BdP esclarecido que «a informação prestada pela instituição de crédito foi objeto de análise pelo Banco de Portugal, não se tendo configurado indícios de que o acesso à conta bancária em questão tenha sido vedado ou que tenha sido bloqueada a movimentação do respetivo saldo.»