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12 DE ABRIL DE 2024

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margem para dúvidas, roçam a fronteira daquilo que pode ser considerada uma gestão pouco transparente e

irresponsável […] Temo-nos diariamente deparado com uma situação financeira muito difícil, e que a ‘due

dilligence’ que previamente foi levada a cabo não refletiu de todo.

A troca de acusações aqui exposta prolongou-se e ganhou novos contornos na audição de ambos os

membros do CA na Comissão Parlamentar de Cultura, onde Marco Galinha e José Paulo Fafe voltaram a referir

a existência de má gestão sem nunca esclarecer, no entanto, a origem do negócio entre o WOF e o GMG, a

verdadeira intenção e a propriedade do capital atrás do fundo das Bahamas. A estas acusações acrescem várias

denúncias feitas à mesma comissão por anteriores diretores do GMG, a saber Rosália Amorim e Domingos

Andrade, sobre ingerências editoriais e de possíveis interesses económicos na gestão do grupo: «A nova gestão

ainda mal tinha acabado de chegar e o senhor Paulo Lima de Carvalho [administrador], depois de ter tentado

pressionar o diretor adjunto da TSF» para que ele «dissesse quem foi que aprovou uma determinada notícia»

que tinha ido para o ‘site’ da rádio e goradas as tentativas, tentou «fazer o mesmo comigo», relatou o jornalista.

«Isto é apenas um episódio», acrescentou. «Tive conhecimento a partir de um telefonema de Marco Galinha

[que era na altura presidente executivo (CEO) da GMG] dizendo que íamos ter ajuda de um novo administrador»

que se chamava Paulo Lima de Carvalho, que viria com o fundo «cujas negociações estariam em bom

andamento», que este tinha trabalhado em «várias áreas», entre as quais na Casa da Música, no Porto, e que

também tinha ligações a uma empresa de assessoria para a comunicação «e que tinha ligações a um familiar

de Luís Bernardo de outra empresa que se chama WL Partners». «A destruição de valor tem sido tão grande,

tão grave, tão gritante, eu não consigo sequer vislumbrar o que pode acontecer daqui para a frente»,

acrescentou.

Na mesma ocasião, Rosália Amorim denunciou o que considerou ser uma «desvalorização das marcas» de

media através das declarações que surgem na comunicação social. Inês Cardoso, diretora demissionária do

Jornal de Notícias acrescentou que «há um discurso de ataque direto e desvalorização do título que não consigo

compreender. Não conheço situações em que os CEO das empresas venham para o mercado dar números

incorretos para baixo, ou seja, para agravar a situação da empresa».

Tendo em conta toda a informação disponível à data, sendo as várias acusações e suspeitas conhecidas e

denunciadas pelos trabalhadores, pelas direções demissionárias, pelo Governo e pelos grupos parlamentares,

é incompreensível que apenas no dia 8 de janeiro a ERC tenha comunicado a abertura de procedimentos

relativos à situação do Grupo Global Media, deliberando:

«1. A abertura de processo administrativo autónomo para a aplicação do artigo 14.º da Lei da Transparência,

dado que existem fundadas dúvidas sobre se, entre os detentores do World Opportunity Fund (WOF), existem

participações qualificadas nos termos da Lei da Transparência (representando 5% ou mais do capital social e/ou

dos direitos de voto do Grupo Global Media).

2. A abertura de um procedimento oficioso de averiguações com vista a esclarecer as seguintes matérias:

a) Verificar da existência de uma alteração de domínio dos operadores de rádio não autorizada pela ERC

com a entrada do acionista WOF na estrutura de propriedade do Grupo Global Media;

b) Verificar da ocorrência de uma modificação não aprovada pela ERC ao projeto do serviço de programas

TSF;

c) Verificar das consequências da reestruturação em curso no Grupo Global Media sobre o pluralismo e a

preservação das linhas editoriais dos diferentes órgãos de comunicação social do grupo.»

Ainda assim, decorreram mais de dois meses até a ERC finalmente determinar «a falta de transparência da

titularidade da participação qualificada de 51,00 % do World Opportunity Fund, Ltd., na Páginas Civilizadas, L.da,

e, por essa via, da titularidade da participação indireta de 25,628 % na Global Notícias – Media Group, S.A.»,

tendo como consequência «a suspensão do exercício dos direitos de voto do World Opportunity Fund, Ltd., na

Páginas Civilizadas, Lda., e consequentemente na Global Notícias – Media Group, S.A.; 2. A suspensão do

exercício dos direitos patrimoniais do World Opportunity Fund, Ltd., na Páginas Civilizadas, L.da, e

consequentemente na Global Notícias – Media Group, S.A. (ERC/2024/127 (TRP-MEDIA)».

O tempo decorrido entre as primeira notícias do negócio que envolvia a compra de uma participação

qualificada na Global Media por um grupo desconhecido sediado nas Bahamas e a ação do regulador deixou