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0443 | II Série C - Número 037 | 05 de Abril de 2003

 

13h 00 Almoço privado.
15h 00 Visita de cortesia de S. Ex.ª o Sr. Engenheiro Joaquim David, Primeiro- Ministro em exercício e Ministro da Indústria a S. Ex.ª o Sr. Mota Amaral, Presidente da Assembleia da República Portuguesa.
15h 30 - Visita de cortesia a Sua Reverendíssima Arcebispo de Luanda.
16h 30 - Encontro com o Grupo de Amizade Angola-Portugal - Sala n.º 2.
20h 00 - Jantar oficial a ser oferecido por S. Ex.ª Sr. Roberto Víctor de Almeida, Presidente da Assembleia Nacional.

Dia 13 de Março - Quinta-Feira
09h 00 Pequeno almoço
09h 30 Conferência na Universidade Dr. Agostinho Neto (Faculdade de Direito).
11h 00 Partida para a Barra do Kuanza.
13h 00 Almoço.
15h 30 Regresso ao Hotel.
18h 00 Inauguração de uma exposição do Pintor Raul Indipwo (Centro Cultural Português).
20h 30 Jantar oficial a ser oferecido por S. Ex.ª Dr. Mota Amaral, Presidente da Assembleia da República Portuguesa em retribuição ao seus homólogo (Residência do Embaixador).

Dia 14 de Março - Sexta-Feira
09h 30 Pequeno almoço.
10h 00 Assinatura do acordo entre os dois Parlamentos.
11h 00 Regresso ao Hotel.
13h 00 Almoço privado (Restaurante Caribe).
Tempo livre.
17h 30 Cocktail com a comunidade portuguesa.
20h 00 - Jantar privado.
22h 245 Partida para o Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.
Conferência de imprensa.
23h 30 Partida da Aeronave.

Anexo 2

Intervenção do Presidente da Assembleia da República de Portugal,
Dr. João Bosco Mota Amaral, na Assembleia Nacional de Angola

Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Agradeço, muito sensibilizado, ao Presidente Roberto Almeida a generosidade do seu convite para usar da palavra nesta sessão especial da Assembleia Nacional de Angola.
Hoje, escreve-se aqui uma página da história multissecular das relações entre o povo português e o povo angolano - uma página nova, esperançosa, marcando o nosso reencontro, cheio de promessas para o futuro.
Esta é a primeira vez que o Parlamento de Angola acolhe uma delegação, ao mais alto nível, da Assembleia da República de Portugal, após o fim do terrível conflito e o início da paz e das grandes esperanças por ela despertadas no coração de todos.
Encaramo-nos uns aos outros, de olhos nos olhos; desconhecidos, até há pouco, eis que nos descobrimos afinal bem próximos, partilhando, para o bem e para o mal, um passado comum e exprimindo a nossa surpresa, os nossos sentimentos e interesses numa mesma língua - a antiga língua portuguesa, que sob os sóis tropicais soa, atrevo-me a dizê-lo, ainda mais bela.
Nem tudo correu como gostaríamos, nesse percurso iniciado pelos nossos antepassados longínquos, há mais de meio milénio.
Os navegadores portugueses pretendiam expandir até estas paragens africanas, ao sul da foz do rio Zaire, a fé e o império, uma civilização moderna e dinâmica, promotora do homem e da sua dignidade. Mas quantos desvios ao sonho inicial, quantos abusos, quanta rapina, quantas práticas vergonhosas, culminando na escravatura e na injustiça absoluta do tráfico negreiro, que hoje não hesitaríamos em qualificar como crimes horrendos contra a Humanidade!...
É o reconhecimento dos erros de outrora e o assumir da sua culpa colectiva e das inerentes responsabilidades que liberta e purifica a memória de ambas as partes e permite enfrentar o porvir com corajosa determinação.
Além disso, no convívio luso-angolano não faltaram também aspectos positivos: a fixação de amplas fronteiras, o desbravar do território, a descoberta de tantas riquezas naturais e o início do seu aproveitamento, a difusão do sistema educativo, a melhoria das condições sanitárias, o estabelecimento de laços de sangue, cálidos e fortes - tudo isto marcando a identidade de Angola e as suas aptidões para um assinalável progresso no seio do continente africano e para nele vir a ser - já é! - uma potência regional, como tal reconhecida e até cortejada, como se está vendo nestes dias, por todo o mundo.
Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: O termo do colonialismo português não foi feliz aqui, nem aliás em parte alguma. E, no entanto, talvez tivesse podido sê-lo… Para isso teria bastado que os governantes de Portugal, concluída a II Grande Guerra, que ensanguentou o mundo inteiro, compreendessem os ventos da História e assumissem a honrosa missão, não já de dar ao mundo novos mundos, novos céus, novas estrelas - como no século de oiro da nossa expansão marítima , que Camões imortalizou num dos grandes poemas da literatura universal - mas sim, na esteira do grande Brasil, novos países, pluri-étnicos e multi-culturais, nomeadamente uma grande Angola e um não menor Moçambique, sem esquecer os outros (Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e o longínquo Timor-Leste), onde na altura drapejava a bandeira verde-rubra.
A falta de fundamentos democráticos do regime então vigente em Portugal impediu a transição pacífica dos territórios e dos povos colonizados para a sua justa independência nacional. Foi um trágico erro histórico, responsável por mergulhar o país numa guerra colonial sem esperança, que por pouco não terminou num segundo Alcácer-Quibir.
Valeu-nos, para a arrancada decisiva, o espírito de liberdade, inovador e solidário, da Revolução do 25 de Abril. Encerrando o decadente período imperial, recolhidos na ocidental praia lusitana os destroços, materiais e humanos, das orgulhosas naus das descobertas - o povo português, retomando uma alternativa antigamente ponderada, encontrou um novo rumo, europeu, para continuar Portugal.
Contrariando a maldição das cassandras, que agoiravam o fim da pátria com a perda do império, Portugal abriu-se definitivamente à modernidade e progrediu, nos últimos trinta anos, mais do que em vários séculos anteriores.
Não enjeitamos, porém, o nosso passado, asiático, sul-americano, africano - ultramarino, ecuménico!... - com as suas glórias e os seus recantos obscuros. Nem é aliás possível escapar um povo às malhas que o império tece, sobretudo quando traduzidas nas mais íntimas e fecundas