O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

56 | II Série C - Número: 055 | 14 de Maio de 2007

A Deputada Relatora, Cecília Honório.

Agrupamento de Escolas da Ordem de Santiago, Setúbal

Participantes na reunião: Presidente do Conselho Executivo, Presidente do Conselho Pedagógico, Coordenadores de Departamento, Coordenadores de Escolas de 1.º Ciclo, Coordenador da Escola Segura, Associação de Pais, DREL e Coordenador da Área Educativa.
Deputados: Luís Rodrigues, do PSD, Marisa Costa, PS, Júlia Caré, do PS.
Questões diagnosticadas/ dificuldades: a falta de segurança das instalações escolares, os constantes assaltos, apesar da vídeo vigilância e da colaboração da PSP foram os problemas mais focados. A tipologia das instalações, pavilhões pré-fabricados profundamente degradados, com salas de aula decadentes onde chove e se tirita no Inverno e se transpira no Verão, dispersos por uma área considerável torna fácil aos intrusos, cujo alvo são as salas de TIC, a escalada dos gradeamentos circundantes. Apesar da diversidade étnica e cultural do bairro envolvente, fortemente mediatizado pela negativa, a coexistência entre a escola e o meio é pacífica, excluindo os assaltos. Acusam, inclusivamente, os media de amplificar o negativo e os alunos sentem-se desmotivados pela imagem que a escola tem, o que potencia indisciplina. Referiram que há até jornalistas que pagam aos alunos que lhes forneçam informações sobre distúrbios, mas o bairro é mais seguro do que se diz. Não negam a existência da cultura de grupo, gangs, mas referem que eles não atacam nem a escola nem o bairro, nem há fenómenos de lutas rivais e se actuam é fora. Registam de facto o roubo de automóveis e o tunning.
Reconhecem haver conflitos de etnias fora da escola, mas não têm tido casos de incidentes graves.
Referem no entanto casos de agressões de pais e encarregados de educação a professores, e a alunos, principalmente no 1.º ciclo e pré-escolar. As crianças mimetizam a violência familiar e chegam muitas vezes à escola sem as menores regras de socialização. Os pais acham-se na obrigação de resolver os conflitos em que os filhos se envolvem e invadem as salas de aula, o que revela alguma vulnerabilidade das escolas destes ciclos, no respeitante à segurança. A concentração de crianças de etnia cigana com a sua maneira peculiar de ver a escola, faz com que muitas vezes conflitos entre grupos rivais sejam transpostos para dentro da escola, criando problemas acrescidos. Mesmo assim, referiram já ter havido alguma melhoria, fruto da carolice dos professores… Lamentaram a propósito alguma descoordenação das ONG que trabalham sozinhas, respondendo pouco aos pedidos de ajuda para uma acção concertada com a escola. Por outro lado assinalam a ajuda do Instituto de Apoio à Criança, que fornecendo técnicos e animadores de pátio, permite trabalhar a família e fazer a ponte da socialização. Os vigilantes da PSP, que podem intervir na aula, caso seja solicitado, são também uma ajuda importante.
Elegem o absentismo dos alunos que só vão à escola para garantirem a concessão de prestações sociais ao agregado familiar, como principal causador de insucesso, bem como o abandono escolar, as baixas expectativas quer de alunos, que dizem, alguns, querer ser traficantes, quer da família em relação à escola, os grandes desafios a vencer. Para muitos basta estudar o suficiente para tirar carta de condução e poder acompanhar os pais no mercado. Vive-se do subsídio, rouba-se para satisfazer o consumo, alega-se falta de recursos para comprar os materiais escolares, mas possui-se tudo o que é topo de gama, desde os telemóveis aos plasmas, porque isso dá a ilusão de estatuto social. E quando se melhora a situação económica, comprase casa fora do bairro — na Camarinha, por exemplo. O desenraizamento e a falta de um sentido de pertença são patentes na falta de higiene, na degradação dos prédios, no vandalismo, modos de estar que a escola tenta contrariar… Os problemas de integração põem-se não em relação ao bairro, mas em relação à cidade. Há algum estigma social. No entanto a relação de alunos e ex-alunos com a escola não deixa de ser curiosa: o espaço escolar é privilegiado, mesmo que não se vá às aulas e mesmo depois de abandonar a escola eles voltam para ir ao bar, falam com os professores e funcionários. Aspecto positivo é o facto de a população escolar do agrupamento não se cingir ao bairro, mas incluir alunos oriundos de outros agregados populacionais circundantes, crianças e jovens que oriundos de famílias onde ainda imperam valores tradicionais — «os betinhos» como os alcunham os alunos do Bairro — ajudam a fazer o contraponto, a promover a interculturalidade e a socialização. Sentem que as famílias encaram a escola como depósito dos filhos, demitindo-se de lhes inculcar as normas básicas do respeito pelo outro.
No que respeita as actividades de enriquecimento curricular, apontam-nas como focos de indisciplina, quando são descontínuas; e se os alunos não as valorizam são contraproducentes. Defendem uma maior articulação entre a escola que fornece os espaços e a entidade promotora.
Projectos/ propostas: Consideram o projecto TEIP muito importante pelas medidas de intervenção que possibilita. A escola tem procurado respostas nas oportunidades de diversidade curricular propostas pelas diversas equipas governativas. Ofertas de formação profissional, agora em protocolos com o IEFP centros de emprego e receptividade por parte das empresas tradicionais, cursos EFA, currículos alternativos, 9.º ano mais um, ensino recorrente diurno, considerando que se em 30a alunos, dez conseguirem já é muito bom. A carpintaria é o que a escola melhor fornece, têm equipamentos para isso e a informática tem muita procura, mas olhando