O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

 

aqui foram feitas referências à minha falta de jeito para lidar com os media, e é verdade; não tenho nem paciência nem jeito. Aprecio quem tenha essa paciência e jeito, porque é uma qualidade notável, mas eu não a tenho. Para além de outros defeitos, não tenho paciência nem jeito para as intervenções sucessivas nos media, mas também não me têm feito falta nenhuma, porque a um juiz isso não faz falta absolutamente nenhuma. Se eu fosse aspirante a política teria de ter esse quadrante mediático, que hoje é fundamental, essencial, e há quem consiga viver muito bem com esse meio.
Quanto à questão da demissão, tirando toda a subjectividade e indo ao objectivo (começo pelo objectivo palpável), a verdade é que a Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado enviou por fax um pedido de demissão, o qual está junto ao processo porque me pediram para o juntar.
A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado, no dia seguinte, enviou-me uma carta extremamente amável (quero referir outra vez que continuo a considerá-la como sempre a considerei, pois não lhe tenho azedume nenhum, absolutamente nada. Depois de ler o que eu aqui disse na outra comissão penso ter agido talvez com um certo empolamento em relação à outra personalidade em causa, mas quanto à Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado há uma separação, uma barreira, uma definição de linhas; continuo a ter por ela o apreço profissional que sempre tive).
Portanto, a verdade é que, na sequência do pedido de demissão - a Sr.ª Dr.ª qualificou-o como de demissão, mas continuo a dizer que, tecnicamente, é um pedido de fim de comissão de serviço, e não de demissão -, no dia seguinte a esse pedido ter entrado, a Sr.ª Dr.ª teve a amabilidade de enviar-me pessoalmente uma carta, um fax.
Nesse fax diz a Sr.ª Dr.ª o seguinte: "Esclareço junto de V. Ex.ª que os motivos que deram origem ao meu pedido de demissão se relacionam única e exclusivamente com questões de estratégia operacional respeitantes à organização desta direcção central. Em consequência, repudiamos veementemente toda e qualquer interpretação de natureza política, nomeadamente a que tem sido feita por certos órgãos de comunicação social, a qual nos é inteiramente estranha. Queira V. Ex.ª aceitar este repúdio como prova da minha consideração pessoal e profissional e prova do meu respeito por V. Ex.ª e por todos os profissionais da Polícia Judiciária".
Permitam-me que diga, tal como ela - associo-me exactamente à Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado -, que repudio veementemente toda e qualquer interpretação de natureza política, nomeadamente a que tem sido feita por certos órgãos de comunicação social, já então, antes, depois, ontem, e mesmo hoje - o meu despertador é o rádio e por isso acordei com este som da interpretação de natureza política, ou seja, acordei mal -, a qual nos é inteiramente estranha, segundo ela diz.
Perdoem-me que repita, abusando da vossa paciência, que as razões da demissão relacionam-se única e exclusivamente com as questões de estratégia operacional respeitantes à organização desta direcção central, portanto da DCICCEF. Isto é verdade. Era verdade na altura em que chegou à minha mão, ou seja, no dia 29. Era verdade ontem, é verdade hoje, será sempre verdade.
Não façam… Se quiserem, obviamente, poderão fazer, mas para mim, a verdade é a verdade. Não há verdade formal, não há verdade substancial, é verdade. A verdade é que tanto ela como eu repudiamos veementemente toda e qualquer interpretação de natureza política, nomeadamente a que tem sido feita por certos órgãos de comunicação social, a qual nos é inteiramente estranha. No dia anterior, a Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado já tinha respondido a um jornal - e a meu ver muito bem -, dizendo isto, por outras palavras, e manifestando até com alguma vivacidade a opinião que ela tinha sobre os aproveitamentos políticos de atitudes das pessoas.
Ontem foi, para mim, significativamente importante ouvir um director-geral dizer - e ouvi-o pessoalmente - que um director geral quando se demite não presta declarações. Demite-se, assume que não pode, que não quer, que não tem condições, que não lhe foram dadas condições para sair, e deve, para preservar as instituições do Estado, sair como qualquer magistrado quando, permitam-me que o diga, sai de um tribunal para ir para outro. A vida não acaba numa comissão de serviço, há muito mais oportunidades de prestar serviço.
Portanto, não é motivo para vir agora gerar perturbações ou atear incêndios que estão para trás, prejudicando quem vem para a frente. Penso que essa atitude é a mais correcta e esta carta, este repúdio que aqui foi afirmado vale para mim como uma afirmação de uma pessoa correcta, como uma afirmação de seriedade, que subscrevo, tendo ficado extremamente gratificado quando vi esta carta, que penso que posteriormente foi desvalorizada, não sei bem porquê. Mas para mim tem um significado e continuo a preservar o que aqui está escrito.
Quero também dizer, adoptando aquele brocado latino que diz que verba volant, scripta manent, isto é, as palavras voam, os escritos ficam, que este escrito está aqui, ficou aqui.
Quando me dizem que há diversas versões sobre a demissão, não as entendo. Quanto à demissão ou ao fim da comissão de serviço, disse, naquela dita cuja entrevista televisiva, que quando as pessoas estão em comissão de serviço, quando sentem… Aliás, eu também disse que isso se aplicava a mim, pois já estive em três comissões de serviço e quando entendi que não podia lá estar - e em alguns casos estava lá muito bem, porque nomeadamente vivi em Manhattan quatro anos e meio e compreendem que quando se sai de Manhattan para vir para Portugal há uma diferença de vida -, quando senti que não podia lá continuar, quando senti que não estava lá a fazer o que deveria fazer, pedi o fim dessa comissão de serviço e vim-me embora. Não fui demitido, pedi o fim da comissão de serviço pura e simplesmente. O mesmo aconteceu depois em Bruxelas quando me dei conta de que a tarefa não era muito gratificante até para pessoas licenciadas em direito, quanto mais para um magistrado judicial.
Portanto, sempre saí das comissões de serviço pelo meu pé, nunca saí que não fosse pelo meu pé. Porque é assim, a comissão de serviço é uma coisa que se aceita, é uma coisa que se exerce enquanto se lá pode estar, enquanto ela é remuneradora em termos intelectuais e profissionais. Quando se sente que não há essa remuneração sai-se, e quando se sai, a meu ver, deve sair-se como se entrou, não prejudicando a estrutura estatal onde se esteve e não criando quaisquer ondas que se repercutam. Esta é a minha posição, sempre foi.
Nunca disse por que é que saí de duas comissões de serviço onde estive e só amigos muito íntimos (muito poucos, um ou dois) é que saberão essas razões, que guardo para mim, não têm nada a ver com a instituição onde estive.