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coagido ou pressionado. Deve ser uma pessoa que se sente livre.
De facto, eu queria encontra uma pessoa com essas características, que, mantendo-as, tivesse disponibilidade para aceitar o lugar.
Como lhe digo, não foi uma tarefa fácil e penso que quem conhece a Polícia Judiciária sabe que nunca é uma tarefa fácil escolher pessoas para órgãos directivos.
Socorri-me então de pessoas que conheciam, que tinham muito mais vida vivida, porque eu estive muito tempo fora da magistratura em Portugal, ao todo uns 7 ou 8 anos, e houve muitas pessoas que eu deixei de conhecer, muitas pessoas que entraram nos tribunais no período em que eu não estive em Portugal. Quando cheguei do estrangeiro fui para um tribunal de competência muito especializada, o Tribunal de Execução de Penas, que não permite viver com os grandes meios dos tribunais, e depois passei para o Tribunal da Relação que, como sabem, é um circuito muito fechado. Permite, praticamente, conhecer só as pessoas da secção e pouco mais do que isso. Mas estive também no Barreiro, onde conheci uma ilustre Deputada aqui presente.
Mas a verdade é que quando regressei do estrangeiro passei por uma vida muito compartimentada, ou seja, conheci muito pouca gente. Assim, socorri-me de algumas pessoas, para saber por quem, neste grau de prognóstico, optar para aquela direcção. Uma pessoa cujo grau de informação poderia ser-me muito útil era alguém de quem sou extremamente amigo, em quem tenho extrema confiança, que é muito fiável - foram dezenas de anos de convívio -, uma pessoa extremamente experiente no crime, nomeadamente no campo do crime organizado, complexo, e que, por isso mesmo, hoje ocupa uma posição central, crucial, no Ministério Público: é uma sua ilustre Procuradora Geral Adjunta, uma das mulheres mais significativas, talvez até a mais significativa, na magistratura do Ministério Público, segundo eu entendo esta magistratura.
Ela estava num ponto privilegiado de contacto - assegura hoje a direcção do DCIAP, a grande estrutura do Ministério Público em Lisboa e, permitam-me que o diga, talvez no País, em termos operativos - e a indicação que recolhi dela para o cargo da DCCB, após a sua averiguação, foi o nome do Dr. Pedro Cunha Lopes.
Obviamente - disse-o da outra vez e repito-o agora -, pensei nele exclusivamente para a DCCB. O objectivo era esse e a amplitude de conhecimentos da Sr.ª Dr.ª Cândida de Almeida geriu-se nesse compartimento. Portanto, ela fez-me a busca, indicou-me a pessoa e, na sequência, eu falei com ele. Mas quem estabeleceu o intercâmbio, porque eu não o conhecia, como disse, nem de vista nem sequer de nome - só conhecia o pai dele, que é conselheiro jubilado - foi, de facto, a Dr.ª Cândida de Almeida. Ela é que nos pôs a falar.
De qualquer modo, a Dr.ª Cândida de Almeida apenas o contactou apenas para o exercício das funções que eu pedi. Não compreendo, pois, como tem sido possível manter a ideia de que o Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes poderia ser por mim concebido como pessoa para a Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira. Disse-o da outra vez e repito: são duas coisas completamente distintas e a pessoa que está na Direcção Central de Combate ao Banditismo não pode ser a mesma pessoa que está na Direcção Central de Investigação da Corrupção e Criminalidade Económica e Financeiro, porque as realidades são completamente diferentes e as pessoas têm de ser diferentes. Não tem comparação possível a liderança de uma direcção de combate ao banditismo com a uma direcção de combate ao crime económico. Os alvos, digamos assim, são completamente distintos, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Não é possível, em minha opinião, confundi-las, fazer esse mélange, dizer que aquilo que serve para um lado serve para o outro ou pôr as duas coisas ao mesmo nível.
Realmente, fiquei impressionado com a ideia que foi aqui vertida, e que foi transmitida depois em grandes parangonas, porque eu tenho a sensibilidade que toda a gente tem e sinto-me sensibilizado quando dizem "algum dos dois mente", "será aquele que mente ou será o outro que mente?", "a verdade não tem hierarquias, alguém está a mentir, qual dos dois é?", "vamos pôr a máquina da verdade a funcionar". Eu senti a dicotomia de quem faz a pergunta, porque, obviamente, é o que se ocorre nos tribunais. Toda a minha vida, nos julgamentos, ouvi dois testemunhos, ouvi três testemunhos, e quando chegava ao fim do dia, para responder aos quesitos - na altura respondia só aos quesitos - ou para formular a resposta à matéria de facto, havia sempre a angústia de saber qual deles falava a verdade. Face a estes dois pesos, umas vezes é a experiência do tribunal o que vai lá e outras vezes é a correlação da vida. Porque o juiz tem de ter essa decisão todos os dias!… Portanto, eu sei que é dramático fazer a opção.
Nesses parâmetros, os de compreender isso, tive a necessidade, que me custou, de pedir à Dr.ª Cândida de Almeida que me formulasse, segundo a sua própria versão - não intervim nisso - a sua percepção, a sua memória daquilo que se passou nessa altura. Ela, que compreendeu a minha angústia de estar aqui perante VV. Ex.as quando um diz uma coisa e o outro diz outra, havendo, assim, um parâmetro de dificuldade extrema, transcreveu a memória da experiência vivida por ela nesta matéria.
Assim sendo, peço encarecidamente que esta Comissão e o Sr. Presidente permitam que a posição que me foi apresentada pela Sr.ª Dr.ª Cândida de Almeida - e que, obviamente, poderá ser aqui vertida, se o entenderem, mas essa é uma questão a decidir depois - seja inserida e levada à apreciação de todos os membros desta Comissão, porque retrata, realmente, o que aconteceu.
Sobre a matéria do convite ao Sr. Dr. Pedro Cunha Lopes, perguntou-me o Sr. Deputado como foi feito. Foi feito desta forma. Para quê? Foi feito para a DCCB. Quem o escolheu? Fui eu, baseado em informação vinda de uma pessoa que considero ser de bastante fiabilidade. Não houve convite para a directoria de Lisboa, não houve convite para a DCICCEF - repito-o e afirmo aqui. Caberá a VV. Ex.as fazerem, como faz qualquer juiz em tribunal, a bissetriz da realidade e apurar qual é a verdade. Como digo, e repito, a verdade não tem qualificativos, a verdade escusa de ser empolada, não pode ser uma vez verdade formal, outra vez verdade substancial, outra vez verdade empírica, outra vez verdade afirmada e outra vez verdade revelada. É a verdade, e ponto final!
Não sei se o Sr. Deputado ficou esclarecido sobre esta matéria. O documento foi entregue ao Sr. Presidente da Comissão - penso que todos poderão consultá-lo - e corresponde àquilo que afirmei.
A outra pergunta que o Sr. Deputado colocou refere-se à detenção de um indivíduo de nacionalidade indiana. Sinceramente, não sei se será indiano se paquistanês, mas, na verdade, do que se trata é de uma pessoa multifacetada.