O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5 | - Número: 016 | 14 de Fevereiro de 2009

Desde os ataques de 11 de Setembro de 2001 que a noção de que estamos perante um chamado «choque de civilizações» tem, infelizmente, vindo a ganhar cada vez mais adeptos. Na sequência desta visão do mundo têm surgido diversas iniciativas que visam encorajar uma maior compreensão entre fés e culturas diferentes.
Em particular, os esforços de cariz inter-religioso são provavelmente o reflexo de uma maior consciencialização nos círculos políticos da importância das comunidades religiosas que enfrentam os problemas de um mundo cada vez mais interdependente. Estes esforços reflectem também uma preocupação relativa ao impacto nocivo que o extremismo religioso tem na estabilidade global, bem como à necessidade de promover e reforçar influências mais moderadas e construtivas no seio das tradições religiosas, enquanto barreiras contra tais desenvolvimentos.
Por todas estas razões, a Aliança apoia fortemente todos os esforços que envolvam diversos dirigentes e activistas religiosos, no sentido de valorizar e viabilizar o seu contributo para a compreensão intercultural e para a construção da paz.
Sendo uma iniciativa à escala mundial, a Aliança tem como objectivo consolidar o seu papel dentro da Agenda Global das Nações Unidas, enquanto pilar para a boa governação da diversidade cultural e ferramenta para a prevenção de conflitos e a construção da paz.
Quando os conflitos são justificados com questões de identidade em vez de interesses divergentes, tornam-se extremamente difíceis de resolver. Os esforços para lidar com divisões culturais e religiosas tornamse, assim, extremamente importantes e a boa governação da diversidade cultural está incluída em todas as abordagens abrangentes relativas à paz sustentável.
Escusado será dizer que os conflitos políticos apenas podem ser resolvidos através de negociações políticas. Por exemplo, não será possível alcançar uma resolução a longo prazo das tensões entre as sociedades muçulmana e ocidental enquanto algumas das mais relevantes fontes de hostilidade não forem enfrentadas.
Contudo, é igualmente verdade que os acordos de paz são raramente cumpridos se não forem veementemente apoiados pelas comunidades envolvidas. No passado, muitos acordos de paz fracassaram porque persistiram fortes sentimentos de desconfiança e de hostilidade, dividindo as pessoas em questões culturais e religiosas. Por outras palavras, criar as condições necessárias para a paz sustentável exige outro tipo de esforços, com o objectivo de provocar uma mudança de mentalidades no seio de comunidades divididas. Para tal, é importante incutir nas pessoas, em especial nos jovens, os valores da tolerância e do respeito pelo outro. As actividades interpessoais, também conhecidas como «diplomacia das cidades», os programas de intercâmbio para jovens e a educação cívica também podem contribuir para alcançar esse objectivo, juntamente com iniciativas que promovam debates informativos nos média sobre imigração, integração e a gestão da diversidade cultural.
É por esta razão que os esforços que procuram dar resposta a divergências culturais e religiosas se revelam tão importantes. Estes podem ajudar a derrubar as barreiras que impedem as negociações e a abrir o caminho para um diálogo político bem sucedido. Num cenário pós-conflito, podem também permitir que se preste apoio durante o longo e árduo processo de reconciliação. E quando a coexistência pacífica de diferentes comunidades for ameaçada por tensões emergentes, os referidos esforços podem, desde logo, ajudar a prevenir o desenvolvimento de conflitos.
Enquanto Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, tenho vindo a promover a implementação de estratégias nacionais visando o diálogo intercultural e a contribuir para juntar políticas governamentais com iniciativas de sociedades civis, com o objectivo de reconciliar comunidades divididas. A Aliança reconhece ainda o papel construtivo que as comunidades religiosas podem desempenhar na mediação e resolução de conflitos. No sentido de apoiar esse processo, o Fórum da Aliança, que se realizou em Madrid no passado mês de Janeiro, reuniu dirigentes religiosos de todo o mundo para que estes definissem e se comprometessem com estratégias de apoio à construção da paz nas respectivas comunidades.
De modo a fomentar a criação de condições sociais que estimulem a tolerância e a compreensão, a Aliança desenvolve ainda projectos práticos para promover a cooperação entre diversas comunidades culturais e religiosas. Por exemplo, em Janeiro, apoiou o lançamento do projecto Silatech, uma grande iniciativa para a criação de empregos para jovens no mundo árabe. Apoiado por uma parceria internacional que ultrapassa as divisões culturais e religiosas, este projecto irá agilizar o processo de criação de empregos e de