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II SÉRIE-D — NÚMERO 25

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prevendo-se que o mesmo possa aumentar dos 6,1% para os 9,6%, podendo mesmo atingir os 12%, como

aconteceu na Croácia.

Defende por isso que políticas que promovem a igualdade trazem benefícios económicos, e que as

sociedades com êxito económico são sociedades mais inclusivas e onde as mulheres podem exercer os seus

direitos. Em sua opinião, a ausência de direitos das mulheres, é um reflexo de uma ausência de escolhas,

geradora de uma dependência económica que impede as mulheres, por exemplo, de ter a capacidade de fugir

a situações de violência doméstica. Salientou que infelizmente, ainda hoje, em muitas partes do mundo as

mulheres são pouco valorizadas e até mesmo inferiorizadas, o que é repudiável e inaceitável. Na Croácia, por

exemplo, os tribunais são demasiado condescendentes para com os agressores e as vítimas de violência

sexual são frequentemente olhadas com ceticismo, e a violação continua a ser utilizada como uma arma de

guerra.

As mulheres também recebem menos que os homens pelo mesmo trabalho, há mais desemprego entre as

mulheres, a mobilidade das mulheres no mercado laboral está limitada pelo seu direito de constituir família e

as jovens mulheres são discriminadas no acesso ao emprego pelo facto de poderem quer exercer a

maternidade. Mas, ainda assim, as mulheres conseguem ser pilotos, engenheiras, cientistas, físicas nucleares,

astronautas e presidentes, ao mesmo tempo que são mulheres e mães. Não bastando toda esta sobrecarga

de trabalho, no mundo laboral têm de trabalhar muito mais e fazer muito melhor que os homens para ter êxito.

É um fardo imenso e, no entanto, as mulheres provam todos dias que o conseguem fazer e que são muito

boas a fazê-lo, mesmo em circunstâncias muito adversas as mulheres demonstram à sociedade que

conseguem ser mulheres, e mulheres de sucesso simultaneamente.

Considera por isso, que as mulheres já conquistaram o seu direito a serem representadas nos governos,

nos parlamentos e nos órgãos executivos, embora o poder político só se lembre de as integrar nas suas listas

quando, depois de elaboradas, percebem que são compostas apenas por homens. Aliás, em alguns países, os

Partidos Políticos até preferem pagar as multas associadas ao incumprimento da lei da paridade, a integrar

mulheres nas suas listas.

Esta realidade mostra bem que, no que diz respeito à luta pela igualdade e pelos direitos das mulheres, o

esforço que agora tem que ser feito tem de incidir sobre a mudança de mentalidades. É necessário promover

uma cultura política que conduza à participação igualitária e equitativa das mulheres na política.

Para o efeito, considera que é essencial alimentar a ambição das mulheres, das jovens e das meninas,

deixando de lhes dizer o que podem ou não fazer. A sociedade em geral tem de deixar de segregar as

meninas e os meninos ao coloca-los a desempenhar papeis sociais diferentes, competindo a homens e

mulheres banir estes estereótipos de género fortemente enraizados na sociedade.

Disse recursar-se a aceitar argumentos culturais como justificação para as desigualdades de uns perante

os outros, muito menos desigualdades entre os homens e as mulheres. Os costumes e o património cultural

não podem servir de desculpa para a inércia na defesa dos direitos das mulheres.

Considera que esta é também uma mensagem firme e forte que a União Europeia tem de passar, ao

integrar migrantes nas suas sociedades, ou seja, que na UE a cultura e a religião não alimentam estereótipos

de género. A mesma mensagem tem de perpassar nos manuais escolares, na publicidade, na comunicação

social e na nossa vida social em geral.

Em sua opinião a educação tem um papel fundamental a desempenhar na desconstrução dos estereótipos

e na promoção dos direitos das mulheres, porquanto, sendo ela dirigida a meninas e meninos, mulheres e

homens, lado a lado, ela transforma-se numa arma poderosa com o potencial e capacidade para abrir e mudar

mentalidades. Desde modo, a educação é, do seu ponto de vista, essencial para construir um futuro melhor

para as mulheres, para os homens e para a humanidade em geral, devendo ser utilizada quer pelos países

desenvolvidos, quer por países em desenvolvimento, para promover a inclusão e a igualdade de

oportunidades e para lutar contra o preconceito e as desigualdades.

Quanto ao papel dos meios de comunicação social, referiu que estes continuam a utilizar frequentemente

os estereótipos de cariz sexual quanto ao papel da mulher, o que é indesejável. Ao invés, apelou a uma

abordagem mais equilibrada entre homens e mulheres, que possa incutir na sociedade uma visão de equilíbrio

de poder entre os dois géneros, potencialmente geradora de um sentimento de maior segurança e confiança

entre ambos.