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9 DE MAIO DE 2019

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Constatámos igualmente, na visita a Monchique e a Silves e nas reuniões aí realizadas, que muitas

máquinas de rasto trabalharam maioritariamente sem o apoio de meios de combate e de pessoal capaz de

supervisionar o seu trabalho. Em vários sectores do incêndio estiveram disponíveis, mas inativas, sendo que

algumas nunca trabalharam, seja por falta de operador, de combustível ou tão só por falta de atribuição de

missão.

Com base no relatório da AFOCELCA sobre este incêndio e no que ao ATA diz respeito, constata-se um

alinhamento com os demais documentos produzidos, sendo que no empenhamento das máquinas de rasto

não foi possível estabelecer uma estratégia com o combate organizado no seu todo, seja com os demais

meios terrestres, seja com os meios aéreos.

3.6. As operações de rescaldo, reativações e reacendimentos

Os problemas associados às operações de rescaldo dão origem a reativações e reacendimentos, que são

fenómenos do mesmo tipo mas diferentes na sua definição. A Diretiva Operacional Nacional 2 (DON2)

esclarece que, enquanto a reativação se refere a um "aumento de intensidade de uma parte ou de todo o

perímetro de um incêndio durante as operações de rescaldo e antes de este ser considerado rescaldado, pelo

COS", o reacendimento é "uma nova ocorrência que tem início no perímetro da área afetada por um incêndio

considerado extinto (após términus das ações de rescaldo e vigilância), ou seja, em que todos os meios já

abandonaram o teatro de operações. Estas ocorrências têm obrigatoriamente área ardida associada às quais

é atribuído o tipo de causa ‘reacendimento’ e a causa 711 – ‘fonte de calor do incêndio anterior’.

Tal como consta nas secções anteriores, terão existido diversas oportunidades perdidas em momentos em

que o incêndio parecia estar dominado e em que a questão do rescaldo poderia ser determinante.

Referem-se em particular as "janelas de oportunidade" entre a noite de dia 3 e a manhã de dia 4, quando o

incêndio esteve quase inativo, a noite entre o dia 4 e 5 e a madrugada do dia 6, em que a meteorologia se

mostrou mais favorável. Nesta secção iremos detalhar os factos da noite e manhã de 3 para 4 de agosto,

altura em que o incêndio esteve praticamente extinto, em que ainda tinha uma dimensão e um perímetro

pouco expressivos (relativamente à dimensão final) e em que as operações de consolidação e rescaldo

poderiam ter feito uma grande diferença.

De acordo com a diversa informação consultada (ANPC e AFOCELCA) o incêndio encontrava-se

praticamente extinto ao final da madrugada do dia 4, ou seja, com cerca de 20:00 horas de atividade. Da

análise do incêndio pelo NAD-AIR pelas 02:40 horas do dia 4 de agosto, dão-se as várias recomendações

(Informação Operacional n.º 2 relativa à ocorrência ANPC 2018080033743), Refere-se nomeadamente a

necessidade de aproveitar a janela de oportunidade noturna (inversão térmica), flanquear todo o perímetro do

incêndio, preferencialmente com recurso a máquinas de rastos, apoiada com meios terrestres e ferramenta

manual e rescaldar todas as orlas do perímetro realizando separação de combustível.

De acordo com o relatório AFOCELCA ao final da manhã do dia 4 existiriam quatro pontos críticos: dois a

norte e a oeste a cargo da AFOCELCA e dois a sul e a leste a cargo da ANPC. São precisamente os dois

últimos pontos que reativam cerca das 14:30, dando origem à segunda fase do incêndio que passa a

propagar-se para Sul-Sudeste, e a partir da qual tudo se complica em termos operacionais. Aparentemente

não terão sido cumpridas as recomendações feitas pelo NAD-AIR de modo a extinguir todos os focos de

combustão, tendo o incêndio reativado na hora de maior calor. Não chegou a este Observatório informação

detalhada sobre o que se terá passado para que não tenha existido uma completa extinção do incêndio nestes

dois pontos críticos. No entanto diversas informações indiciam que o desempenho das equipas colocadas

nestas zonas não terá sido o mais adequado de modo a garantir a completa extinção do fogo. Nem sempre é

possível chegar aos locais com máquinas de rasto, nomeadamente em encostas muito declivosas, pelo que

pelo menos nesses casos, devem ser utilizadas ferramentas manuais. No entanto não temos conhecimento de

terem sido envidados esforços nesse sentido, nem também, diga-se, sobre a exequibilidade prática deste tipo

de operações nesses pontos. Em todo o caso, tudo leva a crer que terão existido condicionantes de natureza

operacional que terão permitido que o incêndio se reativasse numa altura em que todos os focos de

combustão deveriam estar extintos.

Há nos documentos consultados várias referências a insuficiências no trabalho de rescaldo e consolidação.

Por exemplo nos pontos de melhoria do Relatório Primeiras Impressões assinado pelo CODIS de Faro,