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9 DE MAIO DE 2019

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GNR deveriam fazer visitas planeadas a locais ainda não reconhecidos, para obter os dados de contato, os

pormenores dos acessos e outros dados relevantes.

A fiscalização das ações obrigatórias de gestão de combustível é importante mas mantem-se aqui a

recomendação anterior de uma revisão dos critérios para a gestão de combustíveis no âmbito das redes

secundárias com base na análise já efetuada pela Comissão Técnica Independente e no melhor conhecimento

técnico e científico sobre a matéria. Esta recomendação aplica-se também à gestão de combustíveis

associada às linhas elétricas.

A vigilância inclui as duas componentes, a fixa da rede Nacional de Postos de Vigia, e a móvel,

complementar da primeira e dedicada sobretudo às zonas sombra. Neste caso, os detalhes da vigilância

móvel não são conhecidos e por isso é difícil avaliar a sua contribuição. Recomenda-se que sejam sempre

guardados e analisados os percursos de vigilância móvel. Quanto à deteção, e dada a confusão que se

instalou na correta localização do incêndio, em linha com o já verificado noutros incêndios com manifesto

prejuízo da primeira intervenção, urge avaliar o sistema de deteção e localização em vigor, pela entidade

responsável pelo mesmo. A utilização de toponímia leva a erros, como foi o caso, pelo que se aconselha a

utilização de um sistema exato de coordenadas que identifique de forma inequívoca o local aproximado do

incêndio.

O ataque inicial é uma fase fundamental que não foi conseguida neste incêndio. A abundância de

recursos pré-posicionados e o rápido despacho de meios poderiam apontar para uma extinção rápida, apesar

das condições meteorológicas e de combustível desfavorável. No entanto, tal não foi conseguido. Recomenda-

se que, em condições de meteorologia, combustível e território semelhantes, seja aplicado o conceito de

vigilância armada para que possa existir uma intervenção mais eficaz com equipas helitransportadas.

A segurança das populações foi um dos aspetos muito positivos desta ocorrência. Há a relevar o facto de

não ter ocorrido nenhuma fatalidade num incêndio com estas características. Apesar de dificuldades da

situação de Alferce, o sistema de proteção civil e as evacuações promovidas pela GNR funcionaram em geral

de maneira adequada, pelo que há que continuar a melhorar esta linha de atuação de forma a minimizar a

perda de vidas humanas em incêndios rurais.

O ataque ampliado que, neste incêndio, se prolongou por vários dias, mereceu uma análise detalhada,

incluindo as mais diversas vertentes. Desde logo é essencial estabelecer uma estratégia de controlo, antever o

potencial de propagação do incêndio e a sua evolução, e as janelas de oportunidade de controlo que a

meteorologia oferece, conjugada com as condições do terreno e do combustível. Esta definição estratégica foi

largamente subutilizada neste incêndio. Por outro lado, as estratégias de combate e articulação das forças no

teatro de operações não foram as mais adequadas. Por exemplo, no que se refere às máquinas de rasto,

apesar do grande número de unidades presentes, não se teve em conta as limitações operacionais que têm,

pelo que deve a utilização deste meio ser sempre acompanhada e complementada por outras valências,

nomeadamente a utilização de ferramentas em zonas inacessíveis, o uso de água, o apoio aéreo e o uso do

fogo. Também para que o uso do fogo tático seja eficiente nas manobras de extinção, torna-se imprescindível

investir na formação, bem como agilizar e simplificar a autorização para a sua utilização. Em incêndios com

esta duração a questão da rotação de meios é essencial. A rotação de meios deve ocorrer a cada 10:00 horas

de trabalho na linha de fogo e deve ser feita no local, para que não se perca o trabalho que se está a efetuar

em cada momento por quebra na sua continuidade.

O rescaldo e a extinção do incêndio foram de grande dificuldade. As condições meteorológicas e de

combustível eram claramente desfavoráveis, mas não foram aproveitadas as condições mais favoráveis para

as operações de rescaldo, durante a noite e madrugada. Falta de estratégia, de empenhamento, de

cumprimento das ordens de comando, de pouca motivação para uso de ferramenta manual, todas foram

apontadas como razões que contribuíram para as muitas reativações identificadas. Deve existir uma auditoria

externa em situações com a gravidade do incêndio em análise, de forma a responsabilizar quem não fez o

trabalho que era suposto ter feito. O que se passou na manhã do dia 4 é bem ilustrativo deste problema, já

que estavam perfeitamente identificados os pontos quentes que deveriam ter sido adequadamente

rescaldados. O mau desempenho de quem estava encarregado de fazer este trabalho foi determinante para o

que se seguiu nos dias seguintes e para a elevada extensão do incêndio.

A investigação de causas foi outro aspeto negativo encontrado. Havendo indicações que apontam para

um local específico de início do incêndio e para uma causa associada a uma linha elétrica, que a EDP