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regiões, à exceção do setor dos transportes, o consumo encontra-se concentrado em povoações

de pequena e média dimensão, espacialmente isoladas. Nestes territórios, a biomassa florestal

produzida anualmente e para a qual não existe procura significativa pela indústria, é suficiente

para satisfazer as necessidades anuais nos setores residencial e serviços/indústria (Azevedo et

al. 2011).

A transformação (e valorização) da biomassa através da sua conversão em péletes adquiriu na

última década uma elevada relevância global. A razão para esta transformação física da

biomassa é a possibilidade de obter um produto de elevado conteúdo energético e com baixo

teor de humidade, simultaneamente de dimensão e forma homogéneas, que facilita o transporte

e armazenamento, e que permite a utilização de tecnologia de conversão energética mais

sofisticada, eficiente e limpa, envolvendo maior grau de automação.

Portugal adquiriu no passado posições cimeiras entre os principais produtores e exportadores

de péletes da europa e do mundo. Após 2014, a produção tem vindo a decair como resultado da

escassez de matéria-prima e dos incêndios florestais, como é o caso dos incêndios de 2017, em

que para além da biomassa perdida foram consumidas pelo fogo duas unidades de produção.

Em 2018, contudo, aumentaram o número de unidades de produção (mais 3 unidades) e a

produção (mais 12%) (Bionergy Europe 2019). Apesar do decréscimo observado desde 2014,

Portugal encontra-se ainda entre os 10 maiores produtores da Europa, com uma produção anual

de 783 000 toneladas para uma capacidade instalada de 1 300 000 toneladas em 2018, e entre

os 10 maiores exportadores da Europa, com 488 000 toneladas exportadas em 2017 (Bionergy

Europe 2018, Bionergy Europe 2019).

Os péletes em Portugal são produzidos industrialmente em 23 unidades (Bionergy Europe 2018),

quase exclusivamente a partir de biomassa lenhosa proveniente da exploração e transformação

no setor florestal. Existem, contudo, condições para produzir péletes a partir de biomassa

arbustiva, como se verificou experimentalmente e industrialmente com recurso a biomassa de

espécies de giesta (Cytisus) e esteva (Cistus), com resultados promissores (Marques 2019).

O consumo de péletes é ainda relativamente escasso em Portugal (cerca de 310 000 toneladas

por ano), tendo expressão praticamente nos setores residencial e comercial (160 000 toneladas

no setor residencial e 150 000 no comercial), ao contrário de outros países que utilizam

essencialmente péletes industriais na produção de eletricidade, calor e frio. O aumento de 24%

no consumo interno de péletes em Portugal nos dois últimos anos (Bionergy Europe 2019) deve-

se ao aumento do consumo nestes setores.

Importa, contudo, salientar que a utilização crescente de péletes a nível mundial não é compatível

com a urgência das medidas necessárias para cumprir o Acordo de Paris dado que a combustão

de biomassa em larga escala a nível global não contribui para atingir a neutralidade carbónica

nos intervalos de tempo relativamente curtos disponíveis (Norton et al. 2019).

II SÉRIE-E — NÚMERO 25_______________________________________________________________________________________________________

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