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3. Biomassa para energia disponibilizada pela redução do risco de incêndio

A investigação baseada em observação (por exemplo, Fernandes et al. 2014) e em

experimentação (Regos et al. 2016) indicam que a estrutura e distribuição vertical e espacial dos

combustíveis ao nível do povoamento e da paisagem afetam o comportamento do fogo a estas

escalas, afetando igualmente a resistência e resiliência destes sistemas. Com base nestes

princípios podem ser provocadas modificações nos povoamentos florestais e na paisagem de

forma a limitar ou condicionar a progressão do fogo e a sua severidade.

Ao nível do povoamento, os modelos de silvicultura adotados em cada situação afetam o

comportamento do fogo através de aspetos diversos como espécie dominante, estrutura do

povoamento, revolução, número e tipo de desbastes e modelo de regeneração, entre outros,

tanto pelo efeito que têm na carga de combustíveis mortos e vivos e na sua dimensão, como

pela continuidade e distribuição vertical e horizontal no interior do povoamento. Por exemplo,

plantações florestais de curta rotação e geridas de forma intensiva tendem a ter uma estrutura

pouco favorável ao fogo porque a acumulação de combustível é reduzida. Em povoamentos de

revoluções mais longas, práticas de condução como desramas e desbastes de árvores de

pequeno porte e/ou em andares dominados impedem fogos de copas.

Ao nível da paisagem, o conhecimento atual aponta especificamente para um conjunto de

medidas de gestão da vegetação (combustível) com efeito na velocidade e intensidade do fogo

criando condições para o seu combate e diminuindo a severidade do fogo (mosaicos de gestão

de combustível) ou permitindo contenção de incêndios (faixas de gestão de combustível) (OTI

2019).

Todas estas modificações implicam a remoção de biomassa lenhosa (árvores e arbustos),

individualmente, em grupos ou em faixas, dos povoamentos ou da paisagem, que pode ficar

disponível para outros usos. Todas as modificações têm igualmente custos diretos associados.

Mesmo que estes custos possam ser considerados como investimentos para assegurar um

conjunto de benefícios de valor inúmeras vezes superior, a gestão de combustíveis depende

sempre de recursos financeiros imediatamente disponíveis, o que habitualmente limita a sua

implementação.

A biomassa a remover das florestas e da paisagem para redução do risco de incêndio é

enquadrável na categoria de Biomassa Florestal Residual, tal como definida por Cunha e

Marques (2019). De acordo com os dados compilados por estes autores, no ano de 2016 apenas

22,4% da Biomassa Florestal Residual produzida em Portugal foi aproveitada para energia (0,67

milhões de toneladas de Resíduos florestais). Da biomassa da categoria Outra Biomassa

8 DE ABRIL DE 2020_______________________________________________________________________________________________________

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