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que, na nossa esfera de capacidades, entendemos dar nesta matéria para o desenvolvimento da educação em Portugal, tal como estamos a fazer na área da divulgação científica e do desenvolvimento da ciência.
Para que não fiquem dúvidas, gostava ainda de deixar claro que considero, e estou seguro que a Sr.ª Deputada me acompanha, que as relações entre a ciência e o cidadão, designadamente nas escolas, e que a promoção da cultura científica das pessoas não está separada das actividades de base para a criação de condições de investigação em Portugal. Se Portugal tem hoje muitos jovens que querem fazer ciência e que vão para cursos de natureza científica, é também porque existe uma sensibilização geral para a ciência, ao contrário do que acontece com grande parte dos países europeus, que, segundo dizem, se debatem com problemas gravíssimos de falta de vocações na área da ciência e da tecnologia. Se Portugal tem hoje uma posição exemplar no que respeita à participação de mulheres na ciência, é também porque, como ensinam os livros, a participação em actividades de natureza científica de rapazes e raparigas muito novos se amplificou muito neste momento, o que não cria esta ideia de que as ciências são para uns e não para outros. Creio que neste caminho há, obviamente, muito para fazer, pelo que nunca me ouvirão dizer que está tudo feito ou que a situação portuguesa é óptima - não é! De facto, a situação portuguesa é de enorme atraso estrutural, já que a comunidade científica que temos hoje em Portugal é, no seu essencial, na sua parte produtiva, extremamente nova em relação aos padrões internacionais, faltando-lhe um conjunto de gerações que a história portuguesa não produziu como devia ter feito, numa altura em que não havia liberdade ou investimento nesse sector.
Estamos com elevadíssimas taxas de crescimento em relação a todos os outros países, e ainda bem, porque tal significa que estamos em convergência real com o resto da Europa. É verdade! Essa convergência real não é partilhada com a generalidade dos países que estão mais abaixo nessa "cauda", mas é partilhada com alguns dos países de maior desenvolvimento, como a Finlândia ou a Irlanda, por exemplo. Contudo, tenho consciência de que tal não chega e tenho consciência de que, com este ritmo de crescimento, atingiremos em cinco, seis anos os níveis médios de capacidade científica humana em Portugal. Todavia, porque faltam todas as gerações para trás, não é só com este ritmo de crescimento que atingiremos a penetração da ciência e tecnologia em todo o tecido social económico, já que esta exige, obviamente, muito mais pessoas do que as que temos e pessoas com muito mais experiência, facto para o qual precisaremos de mais alguns anos.
Terminaria dizendo que o crescimento da investigação e desenvolvimento das empresas é, naturalmente, um dos pontos críticos desta problemática. Na semana passada tiveram lugar as Jornadas da Inovação, na Exponor, no Porto, e aí houve ocasião de mostrar resultados, ou seja, de mostrar o que tinha acontecido com os projectos de investigação feitos em consórcio, isto é, financiados por concurso, pelo Ministério, e executados por empresas, que os lideraram, e por universidades. Tivemos, portanto, ocasião de ver quais eram os resultados desses projectos, que, em boa verdade, já não são resultados, mas, sim, nalguns casos, protótipos, produtos de mercado ou processos comercializados. É preciso não esquecer, no entanto, que, obviamente, alguns deles sentem enormes dificuldades para chegar ao mercado internacional, para ultrapassar as empresas do mercado ibérico, etc.
De facto, o segundo texto que gostaria de deixar à Sr.ª Presidente, pedindo-lhe o favor de o distribuir aos Srs. Deputados, é o catálogo desses projectos que são resultados, porque considero que este é um elemento de avaliação pública na área da investigação empresarial, permitindo-nos aferir aquilo que está a ser feito, aquilo que de bom se fez, aquilo que de menos bom se conseguiu, mas, em suma, aquilo que o País está a progredir nesta matéria.

A Sr.ª Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Margarida Botelho.

A Sr.ª Margarida Botelho (PCP): - Sr.ª Presidente, eu não quero atrasar mais os nossos trabalhos, mas coloquei uma questão a que o Sr. Ministro se esqueceu de responder e que era relativa às verbas que existem para as linhas de apoio à inserção profissional dos investigadores.

A Sr.ª Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Ciência e da Tecnologia.

O Sr. Ministro da Ciência e da Tecnologia: - Por estranho que lhe pareça, Sr.ª Deputada, eu dei-lhe essa resposta na Comissão de Educação, Ciência e Cultura, mas volto a repetir-lha aqui.
No documento que lhe distribuí, a rubrica orçamental que se refere a este assunto é aquela que fala da formação e da inserção. Por sua vez, a verba que lá está é, muito simplesmente, aquela que for necessária, porque, ao contrário do que possa imaginar, as verbas necessárias para a inserção são, neste momento, escassíssimas e reduzidíssimas quando comparadas com as verbas de formação. É que estamos a falar de 400 ou 500 pós-doc em Portugal, dos quais 200 ou 300 são estrangeiros, mas estamos a falar de 5000 bolseiros no total, o que quer dizer que estamos a falar de, pelo menos, 4000 bolseiros de doutoramento. Tal significa que estamos longíssimo de atingir qualquer patamar financeiro no que respeita à inserção, ou seja, para pôr isto "preto no branco", nenhum doutorado de qualidade será recusado por razões financeiras pelo nosso sistema científico.

A Sr.ª Presidente: - Não havendo mais pedidos de esclarecimento, agradeço ao Sr. Ministro da Ciência e da Tecnologia a sua colaboração com a nossa Comissão.
Lembro aos Srs. Deputados que recomeçaremos os nossos trabalhos amanhã, às 10 horas, para discutir, na especialidade, o orçamento do Ministério do Planeamento.
Srs. Deputados, está encerrada a reunião.

Eram 20 horas e 55 minutos.

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