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Portanto, é só este o pedido que faço ao Sr. Ministro, na medida em que quem dá dinheiro pode, depois, avaliar e dizer que o trabalho foi mal feito, mas não admito é que um País como o nosso não tenha um dicionário decente, que cubra todas as virtualidades da língua portuguesa, porque isso faz falta aos estudantes, aos professores, aos Deputados, aos Ministros, e, assim, não teríamos muitas pessoas por aí a dizer "eu fui de encontro à tua opinião", o que de facto significa exactamente o contrário daquilo que seria necessário.
Por outro lado, e fico-me por aqui, porque tenho a mesma opinião que o meu colega David Justino, não sei se o Sr. Ministro está a par das intrigas universitárias, embora eu pense que deva estar. De qualquer maneira, digo-lhe que, pelas últimas informações que tenho tido, o Instituto de Meteorologia "tem-se fechado em copas" sempre que se pretende que ele dê informações aos homens da biofísica da Faculdade de Ciências. Pelo menos, eram estas as queixas que me chegavam no tempo em que eu me dava com eles, ou seja, que se fecharam, que "fizeram uma quinta" - enfim, no fundo, agora, é necessário ter uma casa no Alentejo para se ser bom português e também é necessário ter uma quinta científica para se ser um bom cientista.
Mas, Sr. Ministro, chamava a sua atenção para isto, porque, naturalmente, julgo que o Instituto de Meteorologia ganharia também com uma troca de impressões com os seus colegas da Faculdade de Ciências, que são colegas deles, embora, como se sabe, não haja pior inimigo do professor do que o próprio colega. De qualquer maneira, a situação existente era essa mesmo!
Por outro lado, voltava a insistir, pois não sei como é que tem coordenado isto nem como é que tem marcado os parâmetros, para que, de facto, se estudassem a sério as energias alternativas, em Portugal.
Neste momento, a União Europeia, pela primeira vez, começou a descobrir que o lobby dos homens do petróleo nem sempre queria o bem da União - ou, então, e espero que não seja, porque não pagam já suficiente, mas penso que isso não será verdade. De qualquer modo, já começaram a pensar, novamente, em fazer o bio-etanol e, naturalmente, já começaram a fazer o biodiesel. Ora, isso poderia fazer reavivar muitas superfícies de cereais, de beterraba e de outros produtos agrícolas que foram abandonadas e que teriam como fim fazer um combustível do qual, como o Prof. Mariano Gago sabe, resulta para os americanos o chamado corn gluten feed, que excedeu as expectativas da indústria americana porque é pago a preço de ouro na Europa e entra sempre por Roterdão, sendo um dos produtos que tem levado ao grande desenvolvimento da indústria porcina na Holanda, porque em redor de Roterdão há uma série de criações de porcos.
Desculpem-me descer tão baixo, mas a verdade é que eu não vivo só de Homero e de Virgílio e julgo que a ciência poderia contribuir, e muito, para que esses aspectos pudessem ser estudados e melhorados em Portugal, tal como as energias alternativas e outros aspectos que, naturalmente, conhece tão bem ou melhor que eu.

Entretanto, reassumiu a presidência a Sr.ª Presidente da Comissão, Manuela Ferreira Leite.

A Sr.ª Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Margarida Botelho.

A Sr. Margarida Botelho (PCP): - Sr.ª Presidente, Sr. Ministro da Ciência e da Tecnologia, em relação ao Orçamento do Estado do Ministério da Ciência e Tecnologia, a preocupação maior que nós temos, de facto, é em relação à estratégia usada, ou seja, é um facto que há verbas para este Ministério que não descem tanto como descem as de outros Ministérios, mas a realidade é que grande parte do orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia se destina a divulgação científica, o que nos parece ser um objectivo louvável, mas não se destina à investigação e desenvolvimento, o que, em nossa opinião, deveria ser um investimento estratégico que o nosso País deveria fazer.
Se nós "desmontarmos" o Orçamento do Estado nesta perspectiva, a realidade que temos é um pouco diferente da que nos quis fazer passar o Sr. Deputado do Partido Socialista.
Em primeiro lugar, porque se retirarmos ao orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia o Programa Operacional Sociedade da Informação, o Programa Ciência Viva e a Cooperação Internacional, chegamos à verba 35,6 milhões de contos, muito longe da "gloriosa verba" que nos querem fazer passar. Ou seja, desde 1999, esta verba aumentou cerca de 17,5%, mas se descontarmos aqui cerca de 12% das sucessivas inflações e se contarmos com os cerca de mais 5200 trabalhadores que entretanto foram admitidos, vemos que não há propriamente muito crescimento neste orçamento.
Mas se retirarmos, ainda, a estes 35,6 milhões de contos o dinheiro das bolsas de estudo (e não podemos considerar que todos os doutorandos e mestrandos contribuem para a investigação e desenvolvimento como os organismos internacionais a definem), chegamos à soma de 21 milhões de contos. Ou seja, comparando com 1999, em que estavam orçamentados 19,6 milhões de contos, há aqui uma evolução muito pequena, que, para nós, é praticamente estagnação.
Em oposição, os programas da sociedade da informação passaram de 0,1 milhões de contos, em 1998, para 21,6 milhões de contos, em 2002. Assim, Sr. Ministro, pergunto-lhe: onde é que se discutiu esta estratégia? E faço-lhe esta pergunta uma vez que os organismos que devem ser ouvidos para discutir as estratégias na área da ciência da investigação e do desenvolvimento não foram escutados. Como o Sr. Ministro bem sabe, esses organismos reúnem muito pouco.
Também lhe queria renovar algumas questões que eu já tinha colocado no debate na generalidade e que foram respondidas de uma forma muito pouco concreta.
Assim, gostaria de lhe perguntar que verbas existem para as linhas de apoio à inserção profissional dos investigadores doutorados, em Portugal ou no estrangeiro, que foram anunciadas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia?
A segunda pergunta é quantos recrutamentos foram feitos para a carreira de investigação nos laboratórios do Estado desde que o Ministério da Ciência anunciou a nova forma de contratação? A resposta que o Sr. Ministro deu a esta pergunta, no debate na generalidade, ou seja, que se via caso a caso, quando o argumento para não se abrir o concurso fosse falta de verba, não é exactamente o que