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418 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

prensa, nas commissões o na camara, seria muito maior do que aquella que sobre elle recairia se antes dessa discussão ter logar o tivesse já comprado; porque agora, já pelo que se tem aclarado a esse respeito, s. exa. tem obrigação de saber que a acquisição desse vapor não era conveniente.

Ha um outro ponto, sr. presidente, em que eu discordo do sr. ministro da marinha: é o que só refere ao preço da lanchões. Eu li hontem a s. exa. e á camara uma tabella, onde se encontrara os preços das lanchas a vapor á venda em Inglaterra; e s. exa. apresentou uma participação do official que está incumbido dessa compra, a qual não está do accordo com as minhas informações, quando indica os preços dos lanchões. Se o sr. ministro entende por lanchões lanchas grandes, as informações que eu lhe dei são exactas, pois na tabella que apresentei á camara encontrará variedade de dimensões; mas se são barcas a Vapor, que possam levar uma peça de artilheria, isso então é outro caso; tire-lhe o nome de lanchões e chame-lhe vapores.

Da participação do official de marinha em Londres que o sr. ministro leu á camara deduzo eu que s. exa. chama lanchões a barcos a vapor das dimensões do Hugh Parry mas mais perfeitos, por serem do fundo chato, por terem dois hélices, fornalhas para consumo de lenha, e outras condições exigidas para navegar nos rios da Guiné.

Eu imaginava que o sr. ministro pretendendo comprar o Hugh Parry, o que queria, era comprar lanchas grandes, ou lanchões, ou como lhe queiram chamar para acompanharem o Hugh Parry, coadjuva-lo e entrarem nos esteiros onde este vapor não podesse entrar.

Essas lanchas que eu julgava que s. exa. queria comprar custam as maiores o mais luxuosas 3:0OO$000 réis. Emquanto aos barcos de vapor que s. exa. pertende, barcos em que se possa pôr uma peça, que tenha dois hélices, para poder voltar e manobrar com grande facilidade nos rios, desses efectivamente o preço é de 8:000$000 a 9:000$000 réis, mandados fazer de novo. Esses barcos porém não são proprios para entrar nos esteiros, nem podem lá entrar, e se o sr. ministro quizer comprar dos que estão á venda em Inglaterra, nas condições de lanchões, com dois hélices, podendo navegar nos rios, conformo a nota que eu já aqui apresentei, póde s. exa. encontrar alguns que possam satisfazer aos seus intinctos, e que se vendem por 4:000$QQO, 5:000$000 e 6:000$000 réis.

Necessariamente o governo tem de mandar comprar estes barcos a Inglaterra, dos que ha feitos, se quizer aproveitar a monção, pois não ha tempo para se fazerem de proposito, e nas condições especiaes que se exigem.

Chamo, portanto, a attenção do meu illustre amigo o sr. ministro da marinha para este assumpto, e peço a s. exa. que acredite que o meu pensamento unico insistindo neste ponto não é fazer opposição a s. exa; é porque desejo que no ministerio da marinha, gerido pelo meu amigo o sr. Thomás Ribeiro, se faça uma excepção á politica ostentosa o esbanjadora do governo, o que s. exa. gaste as sommas que o parlamento lhe votar com economia é acerto.

Deste modo por que procedo não pretendo mais do que auxiliar o sr. ministro da marinha no interesse do paiz.

Foi com este exclusivo intuito que lhe tenho apresentado as considerações que me tem suggerido o assumpto que se debate, e é ainda com o mesmo pensamento, julgando que assim bem sirvo tambem o paiz, que lhe tenho ministrado as informações relativas ao barco Hugh Parry, e ao armamento. E quanto a este ainda direi o seguinte:

Como já tive occasião de observar ao sr. ministro, as armas de Martini Henry que s3o as melhores, do alcance superior e adoptadas para o exercito inglez, postas em Lisboa, custam tres libras.

Já vê s. exa. que no seu orçamento o preço dessas armas, estando calculado em quatro libras, não está exacto. Esta libra a mais, que é talvez a commissão que querem levar ao governo pela compra das armas, é una desperdicio que eu pretendo evitar.

Temos um meio simples de chegar ao fim que o nobre ministro deseja conseguir, mandando armas usadas do nosso exercito, e que vão ser substituidas por outras por já não serem capazes para ella.

Às armas Sneider com que está armado o nosso exercito, segundo o relatorio de commissões competentes, e mesmo a opinião do sr. presidente do conselho, são muito inferiores ás do sistema Martini Henry, pois teem um pequeno alcance relativamente a estás.

Se o governa entender dever substituir estas armas pelas do systema Martini Henry com que está armado o exercito inglez ou por outras de maior alcance, para que o nosso exercito esteja nas circumstancias de repellir qualquer aggressão de um exercito estrangeiro, poder-se-ia mandar uma porção daquellas armas que já estão experimentadas e usadas para a Guiné e para Cabo Verde.

As armas Sneider ali naquellas paragens cobertas de arvoredos e accidentadas, embora na Europa não possam competir com outras de menor alcance, devem dar magnificos resultados e satisfazer aos intuitos, porque estas armas são superiores ás que os pretos possuem que são ainda do antigo systema, e a maior parte dellas velhas, sem precisão, difficeis de carregar e de fazerem fogo. Nestas condições as armas Sneider que deixar o nosso exercito são o sufficiente para os ataques e escaramuças da Guiné.

É provavel que algumas das armas dos pretos sejam até de pederneira, em quanto estas nossas são de carregar pela culatra, e por consequencia teem muito mais vantagem pela velocidade de carregar, é pelo numero do tiros que dão.

Se estas minhas reflexões convencessem o sr. ministro, poder-se-ia mandar para Cabo Verde aquellas armas, que haviam de satisfazer ao fim desejado, e para o exercito d@ Portugal mandava vir as que já indiquei ou outras que melhor conviessem.

Isto é pelo que diz respeito aos 200:000$000 réis, que o sr. marquez de Ficalho não deseja votar, mas que eu voto se o sr. ministro da marinha quizer, não direi fazer-nos a fineza, mas combinar comnosco que estamos aqui discutindo os interesses da patria, em dividir este projecto em duas partes: uma urgente, a que tratasse dos meios necessarios e promptos a acudir desde já aos opprimidos na Guiné, e a preparar as cousas para uma expedição futura, que, bem organisada e dirigida, consiga que a bandeira portugueza depois de desafrontada torne a ser respeitada naquelle região, e temida como o tem sido, e a outra parte, que é a que diz respeito á creação de um governo na Guiné, essa pediria eu a s. exa. que tratássemos della mais tarde, quando s. exa. estivesse melhor informado, e conhecesse o modo de organisar mais convenientemente os serviços, e de saber se a sede daquelle governo deve ser era Bolama.

Faço este reparo, porque o governo, no seu primitivo projecto, não considerava Bolama como posição adequada para a sede do governo e carecia de informações. Em fim, convem preparar tudo primeiro para que sejam organisados devidamente todos os serviços, com todos os dados o esclarecimentos para poder o sr. ministro apresentar á camara um projecto completo que traga todas as providencias que faltam a este.

Igualmente seria conveniente saber-se qual é a despeza que se deve fazer todos os annos com este novo governo e se a receita da provincia da Guiné dá para a sua despeza, ou se teremos de a subsidiar ou mandar dinheiro para satisfazer essa nova despeza.

Eu insto nestas minuciosidades e desejo saber tudo isto, porque, depois que tive conhecimento que o orçamento rectificado apresentava um deficit de 7.000:000$000 réis, assustei-me, a estou convencido que os dignos pares não poderão tambem deixar de se assustar, quando se convence-