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Sessão de 3 de Dezembro de 1918 17

posição do Regimento, princípio por declarar a minha moção.

Leu.

Julgo, Sr. Presidente, que me não será preciso tomar à Câmara muito tempo e lazer um longo discurso para justificação da moção que acabo de ler, porquanto eu sou de opinião de que não é apenas com palavras que mostramos compreender o grande significado da vitória dos aliados, tornando-se antes mais necessário que os nossos actos e as nossas resoluções correspondam de facto ás nossas palavras.

É indispensável que, consagrando a causa da Liberdade, do Direito, e da Justiça, não fiquemos numa situação que é manifestamente contraditória dos princípios pelos quais no campo de batalha lutaram os aliados.

Tendo perante nós, a resolver, o importantíssimo problema da paz, é absolutamente preciso que todos os nossos esforços e cuidados se congregem para que êsse problema seja para nós solucionado de harmonia com os interesses nacionais, procurando-se não a colaboração dalgumas oligarquias, mas a colaboração efectiva de todas as forças políticas, de todas as correntes da opinião pública, de todos os portugueses, tornando-se de igual modo imprescindível que se preparem as cousas por forma a se tornar essa colaboração um instrumento concretamente útil, dando-se atenção a reclamações cuja solução é absolutamente urgente e inadiável.

Não se pretenda ver nas minhas palavras uma intenção que não seja absolutamente conciliatória, porque não será, sem dúvida, preciso lembrar a todos - principalmente aos conservadores - que esta época é absolutamente transformadora, formidavelmente revolucionária, havendo o mais alto interesse para todos em evitar que a colisão entre as correntes conservadoras e as correntes democráticas tenha um aspecto cruel, um aspecto violento.

Portanto julgo que haverá conveniência em fazer calar todos os ódios, e que todos se juntem em volta desta obra em que nós todos temos que colaborar com todo o nosso esforço, boa vontade e inteligência.

Termino as minhas considerações agradecendo a atenção da Câmara.

Antes, porêm, permita V. Exa. que eu dirija uma saudação em especial aos soldados indígenas, que se bateram nos campos de batalha de África, quando tantos outros fugiram.

Feito êste apelo, eu devo declarar à Câmara que estou pronto a fazer tudo aquilo que se julgue de beneficio para bem do nosso país.

O orador não revia.

O discurso será publicado, revisto pelo orador, quando êle restituir as notas taquigráficas que lhe foram enviadas.

Moção de ordem

A Câmara dos Deputados, em nome dos altos ideais da democracia, exprime o seu voto, para que a vitória das nações aliadas marque com a queda de todas as autocracias o início duma nova era tutelada apenas pelo direito e estabilizada pela liberdade;

Confia em que a República Portuguesa saberá reintegrar o país e as colónias na grande obra da construção da humanidade e para isso reconhece como condição essencial e imprescindível a paz interna que só poderá preparar-se:

1.° Pela revogação imediata de todas as leis de excepção promulgadas por motivo da guerra;

2.° Reconhecimento aos indígenas de todos os direitos de cidadãos portugueses;

3.° Por uma ampla amnistia que abranja todos os delitos políticos e sociais;

4.° Pela satisfação progressiva das reclamações justas dos operários.

O Deputado, João de Castro.

Para a Secretaria.

O Sr. Carlos da Maia: - Sr. Presidente: Falo pela primeira vez nesta legislatura, e por isso envio a V. Exa. as minhas saudações pelo elevado cargo que está ocupando.

E ousadia levantar a voz neste momento, depois de terem sido proferidos discursos tam brilhantes.

Sou homem de acção e marinheiro, não possuo a facilidade oratória que seria necessária para exteriorizar a minha alegria neste momento. Mas falo, porque eu fui um homem que arrisquei a minha vida e a minha situação pela democracia, e, portanto, enche-me de alegria a vitória dos