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Sessão de 3 de Dezembro de 1918 15

caído em Portugal todos os tiranos que o acaso armou dum cérebro que, em lugar de elaborar idcas, só deita cá para fora murros. Assim tem caído por êsse mundo de Cristo, nestes abendiçoados quatro anos de lutas e martírios, todos os que procuravam entravar a marcha das correntes mundiais. Algum lucro se havia de tirar dêsse cataclismo, dêsse pesadelo duma noite horrível, cujas trevas a liberdade conseguiu emfim dissipar. Hoje só os loucos não vêem que os que se não adaptam morrem.

É preciso que nos convençamos de que a Alemanha foi derrotada e partamos do princípio de que temos obrigação moral de orientar a nossa política interna em harmonia com tal facto. (Apoiados).

E preciso que mostremos aos aliados que não queremos ter espécie nenhuma de solidariedade com as criaturas que, directa ou indirectamente, tiveram relações ou traficaram no sentido de auxiliar o inimigo (Apoiados).

E preciso que esta casa, com esta saudação aos aliados, faça a solene afirmação de que procurará apurar todas as responsabilidades dos homens que no seu seio são apontados como traidores á causa dos aliados a fim de ilibar os inocentes e castigar os culpados, se culpados houver. (Apoiados).

Está proso um membro desta Câmara, sob esta, tremenda acusação. Que o Govêrno nos dê na próxima sessão explicações claras e francas sôbre os motivos que determinaram tal prisão. Queremos saber se se trata dum equívoco ou se êsse homem deve ser amarrado ao poste da infâmia. Saudados os portugueses intervencionistas e as nações aliadas, e a não poderia, e para tal recebi comissão dum grupo de oficiais desta Câmara, deixar de saudar os soldados portugueses que lá por fora tam bem souberam honrar o nome e a tradição portuguesa. Alguns dêsses pobres legionários por lá ficaram, por êsses campos razões da França. Para eles a minha saudade infinita e as lágrimas sinceras dum português. Para os vivos, com o meu entusiasmo, os votos por que regressem brevemente a esta querida ferra de Portugal!

O Sr. Joaquim Crisóstomo: - Sr. Presidente: associo-me com o mais íntimo entusiasmo, à proposta de V. Exa. sôbre as homenagens a prestar à vitória das nações aliadas, que com tanto sacrifício e ardor souberam lutar pela nobre causa da justiça e do progresso.

Em nome dos sagrados princípios da Liberdade e da Razão era absolutamente necessário contrapor-se uma barreira sólida e firme às desmedidas ambições da Alemanha, que se propunha dominar o mundo inteiro pelo terror dos seus exércitos e das suas esquadras. Reuniram-se assim as grandes potências da Europa, não por espírito mesquinho, acanhado e vil de vingança e ódio, mas unicamente inspiradas por um elevado ideal, pelo desejo de manter a paz, a ordem e a harmonia dos povos.

Na luta enorme, leonina, travada, em que, como todos nós o sabemos, o inimigo usou e abusou de processos o mais desliais e infames, não houve uma só hora, um só instante de desfalecimento ou incerteza por parte das nações aliadas. Todas essas nações, à excepção da Rússia, procuraram identificar-se numa inteligente acção comum, dando assim o seu hércules esforço, um extraordinário exemplo de abnegação e de coragem.

A Bélgica, invadida e assolada por uma horda de bandidos, jamais desanimou, lutando sempre com a maior coragem e ardor pelas suas prerrogativas de nação livre* e independente. A França, desvastada tambêm pelos exércitos invasores, lutou com o mais sublime heroísmo para defender as suas gloriosas tradições de Liberdade e de Justiça. A Inglaterra, bloquiada por uma legião de submarinos que deslialmente atacavam a sua marinha mercante, preparou-se rapidamente e com a firmeza própria dos seus habitantes, estabelecendo um plano grandioso: o plano redentor das nações pequenas, das nações fracas e oprimidas.

Perante tais factos, reveladores dos mais profundos sentimentos humanitários e altruístas, impõe-se o preito da nossa homenagem, o culto da nossa admiração.

A vitória dos aliados sintetiza a emancipação dos povos oprimidos. É a vitória do Direito e da Justiça, a alvorada de luz bela e prometedora que há-de acompanhar os estados pequenos, mas bem organizados, à realização das suas aspirações de perfectibilidade.