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6 Diário da Câmara dos Deputados

de actividade e do meios de propaganda que lhe permitiram uns certos êxitos parciais e momentâneos. Para conseguir êsses êxitos e porventura outros maiores que só esperariam, deve dizer que numerosos panfletos foram distribuídos por particulares pelas unidades militares. Sente não ter ali alguém porque o seu texto é interessante e é interessante porque em iodos êles se denota um espírito de subversão da hierarquia existente.

O movimento de Coimbra que precedeu o de Évora e deveria ser conjunto com outros movimentos menos bom preparados, não foi para o Govêrno uma surprêza.

Como todos mais ou monos sabem, Coimbra esteve um dia ou dois em poder dos revolucionários. O Govêrno dirigia sôbre a cidade de Coimbra forças do norte e sul do país que se conservaram absolutamente fiéis e foram mesmo cheias de entusiasmo, tendo o orador ocasião, então, de notar - tanto a respeito dêsse movimento da tropas que se necessitou fazer para sufocar a tentativa de Coimbra como depois a de Évora - que toda a Nação, todas as suas forças militares apoiavam em absoluto o Govêrno. Dou-se o facto curioso de que, mesmo antes de a estas guarnições militares terem chegado as ordens do Govêrno para seguirem as forças para Coimbra, já essas forças tinham tomado a iniciativa de partir e outras tinham já partido. E forças houve que levaram os seus efectivos duplicados. Isto demonstra o estado do espírito dessas tropas e a decisão com que os seus chefes apoiaram imediatamente o que supunham deveria ser a acção do Govêrno.

Êsse estado de espírito notou-se não só nas tropas, mas tambêm nas próprias populações, pelo entusiasmo com que aclamou as forças que partiam. Após estas duas tentativas que provocaram a necessidade de fazer uai grande número de prisões não parou a onda revolucionária.

Posta de parte a hipótese do poderem dispor de forças militares de maior ou menor importância, apareceu o movimento político-social que foi a tentativa de greve nos caminhos de ferro, mais ou menos generalizada, acompanhada da tentativa da sua extensão às outras classes operárias.

O Govêrno no seu propósito de manter à outrance a ordem e o sossego no país, procedeu com energia. Podia, talvez, usá-la em maior grau; podia ter chegado à mobilização das brigadas do caminho do ferro. Não quis, porêm, usar de medidas ta m violentas. Não as julgou mesmo necessárias.

Ocuparam-se as estações do caminho de ferro é tomou só o material. Foi-se, emfim, ao encontro do movimento, tendo-se prendido es perturbadores, sobretudo, os instigadores à greve. Assim conseguiu o Govêrno dominar rapidamente o movimento que era derruídor do existente.

O programa dêste movimento preconizava a abolição da magistratura, do exército, da polícia, da marinha. Emfim, era a desordem completa; era a destruição do organismo social!

Era um programa bolchevista: a desordem, a anarquia!

Propunham-se até à divisão da fortuna e ao sequestro dos metais e pedras preciosas na posso dos particulares. Mas - acrescenta o orador - isto ainda não foi tudo. Depois de ter sido dominado êste movimento, depois da cidade de Lisboa, no dia da parada, ter feito uma manifestação grandiosa ao Sr. Presidente da República e ao exército, ainda agora se anuncia para os dias de 3 a 8 próximos uma nova tentativa, tendo-se já descoberto um novo complot em Lisboa e proximidades.

É sem dúvida uma nova tentativa que há-de tambêm falhar, mas perturbadora da ordem e própria para alarmar os espíritos mais timoratos.

Nestes termos, e dada a quantidade de prisões que tiveram de ser feitas, levando algum tempo o trabalho dos interrogatórios, o Govêrno entende necessário que as garantias continuem suspensas o que se mantenha a censura à imprensa.

Acentua, porêm, o orador, a restrição seguinte:

O artigo 15.° da Constituição versa sôbre o exercício das funções legislativas. Sôbre êste ponto de vista, não julga o Govêrno necessário suspender esta garantia.

Pelo que respeita à censura dos relatos das sessões parlamentares, poderão sem inconveniente ser publicados, a não ser quando encerrem qualquer cousa que de