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Sessão de 4 da Dezembro de 1918 9

viajado no estrangeiro por motivos de serviço. Eu já lá estive, bem como todos os vogais que suo militares e o único que não é militar, tambêm tem viajado à sua custa, conhecendo muito bem a França e outros países, é o Sr. Pinheiro Torres. Basta, pois, isto para se ver evidentemente que nenhum membro da comissão queria passear à custa do Estado.

A verdade é que há documentos que precisam ser vistos nos arquivos do Corpo Expedicionário Português, para que o trabalho seja honesto e só podiam ser examinados pela sub-comissão que fôsse a França.

Por isso, a comissão precisa que lho seja concedida a verba para as despesas de viagem.

Se o Parlamento não lha quiser conceder, faz-se um trabalho, mas incompleto, porque há documentos especiais, principalmente os que dizem respeito à aplicação da justiça, que estão nos arquivos dos quartéis do Corpo Expedicionário Português e é lá que devem ser examinados.

Asseguro que a comissão tem patriotismo bastante para não apresentar na Câmara documentos de natureza serrota que não devam ser apresentados.

A comissão tem critério bastante e patriotismo mais que suficiente para pedir uma sessão secreta, na qual seja tratado o assunto. (Apoiados).

Devo dar ainda uma explicação à Câmara, para que ela fique sabendo porque só agora se concluiu uma parte do trabalho que devia ter sido concluído há um mês.

Em Agosto próximo passado mandou-se uma nota de natureza confidencial para o Sr. Secretário de Estado da Guerra. Na tarde dêsse dia já um jornal da noite a publicava.

Passados vinte dias sem resposta a ela, um dos vogais, encontrando o Sr. Secretário de Estado da Guerra, disse-lhe que S. Exa. não havia respondido à nota que lhe fora enviada pela comissão, o que a magoava, porque alêm de nos não permitir trabalhar, víamos nisso uma falta de atenção para connosco. S. Exa. respondeu que não tinha conhecimento dela.

Mandou-se segunda nota e a resposta só veio vinte dias depois. Quer dizer, mediaram quarenta dias entre o envio da nota e a resposta. Isto é para a Câmara

avaliar as dificuldades que têm havido, para só poder fazer alguma cousa, do pouco que a comissão tem feito.

Não quero cansar a Câmara, aludindo a outros factos que se têm passado com a comissão.

No caso da Câmara desejar que ela prossiga nos seus trabalhos, apresentará uma proposta para que seja concedida a verba necessária, a fim da comissão ir junto do exército em operações fazer o seu inquérito.

Outro assunto que se prende tambêm com o Corpo Expedicionário Português e que vou tratar, é o que diz respeito aos prisioneiros de guerra.

Os prisioneiros de guerra foram-no pelei fôrça das circunstâncias, e a responsabilidade não sei a quem cabe, verdade seja que a situação de prisioneiro do guerra não é honrosa para ninguém. O que é certo, é que o país não deve descurar êsses homens que do fundo das trincheiras foram arrastados para a Alemanha, sem ter culpa alguma.

Quem conhece a topografia duma trincheira, quem esteve dentro dela, pode fazer idea do que é lá estar, sem saber o que se passa no mundo exterior, se da parte dos comandos não os informarem do que está na sua frente, que é muitíssimo limitada. Se não houver reforços que da parte da retaguarda os vão socorrer, pode perder-se um exército.

Da parto dos nossos Govêrnos não tem havido para com os prisioneiros de guerra o carinho que devia haver, o que não tem acontecido com os das outras nações.

Os nossos prisioneiros de guerra tem passado fome, os nossos prisioneiros de guerra não têm que vestir e não se tem tomado providências de modo a minorar as dores do seu cativeiro.

Foi publicado um decreto, de uma iniciativa muito louvável. Era a concessão dum subsídio correspondente à subvenção de campanha, mas como não foi regulamentado, até hoje não se deu essa subvenção.

Tenho lido nos jornais que os outros países têm mandado para os prisioneiros de guerra que estão na Alemanha, rações, fardamentos e todas as cousas de primeira necessidade.

Por cá não se tem atendido a cousa alguma, os Govêrnos não têm mandado