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Sessão de 16 de Dezembro de 1918 7

to muito arreigado dentro da minha alma, e que neste momento faltaria ao mais sagrado dos deveres se não falasse com todo o coração, com toda a verdade, relembrando as qualidades daquele ilustre extinto.

Sr. Presidente: não repito as palavras com que V. Exa. terminou o seu brilhantíssimo discurso, mas recordo-as, e que elas nos sirvam de lema para que sempre honremos a nossa Pátria e sempre trabalhemos por ela.

Tenho dito.

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Almeida Pires: - Sr. Presidente: é sob uma das mais intensas comoções que tenho experimentado que, hoje, uso da palavra nesta Câmara.

Ainda do meu espírito não se apagou a impressão dolorosíssima que experimentei quando soube da morte traiçoeira e bárbara que alguns scelerados e sicários infligiram ao nosso querido, ao nosso sempre chorado Presidente Dr. Sidónio País.

Dificilmente, pois, Sr. Presidente, eu poderei falar, nesta ocasião, com a serenidade, com a tranquilidade de espírito indispensável em actos e comemorações desta natureza - porque não é fácil calar a nossa mais profunda e legítima indignação o calar, tambêm, os gritos da nossa intensa dor.

Como V. Exa. disse há pouco, e muito bem, na sua primorosíssima e eloquente alocução, está de luto a Pátria Portuguesa, porque Portugal, Sr. Presidente, não pode ser o responsável pelo acto indigno e vil que alguns sicários praticaram, - scelerados que só de portugueses tem nome. O povo português, êsse bom povo a que V. Exa. se referiu, tambêm, e cujas qualidades de afectos, de nobreza e de bondade nós continuamos, sempre, a admirar, êsse bom povo está sentindo a vergastada que lhe inflingiram com a morte do Chefe de Estado que êle tanto amava. Marejaram-se muitos olhos de lágrimas. A repulsa e a revolta foram profundas; - e só um acendrado patriotismo e a compreensão nítida do gravíssimo momento que atravessam as nacionalidades puderam aplacá-las.

Sr. Presidente: a morte de Sidónio Pais não roubou apenas, à Nação, o seu primeiro magistrado. Roubou-nos o homem que simbolizava os nossos ideais, o nosso Chefe ilustre, aquele que nós tínhamos jurado defender e seguir.

É profundamente triste ver cortada rapidamente, inesperadamente, a obra grandiosa dêsse grande português que amava, eternecidamente, a sua Pátria, essa Pátria que êle tinha em mim enobrecer e engrandecer.

A nada, Sr. Presidente, atenderam êsses sicários; a cousa alguma êles atenderam, nem mesmo ao gravíssimo momento que, sob o ponto de vista internacional, atravessamos, quando se avizinha a Conferência da Paz, onde se vão debater tantos interesses desencontrados, e onde se vão chocar tantas ambições.

Mas, Sr. Presidente: é necessário para honra de todos nós, para honra da Nação, que atentados desta natureza não se repitam. (Apoiados gerais).

É indispensável que o Govêrno empregue todos os seus esforços para procurar os verdadeiros culpados, aqueles que armaram o braço do assassino. (Muitos apoiados). Que se lhe aplique o castigo enérgico, o eficaz castigo, que não exclui a justiça, mas de forma que o mundo inteiro fique sabendo que a Nação Portuguesa repele, indignadamente, a cumplicidade em semelhante monstruosidade.

Vozes gerais: - Apoiado! Apoiado! Muito bem. Muito bem!

O Orador: - E cedo, ainda, como já pouco disse S. Exa. o Sr. Almirante Canto e Castro, para se fazer a história da obra presidencial do chorado Dr. Sidónio Pais. Talvez, ainda, não esteja bem frio o sangue derramado. O seu corpo ainda não foi dado à sepultura. Não é, pois, o momento para se fazer a história da sua assombrosa actividade em tudo que respeitava ao bam da Nação. Mas, Sr. Presidente, o que não podemos é deixar, neste momento, no esquecimento a obra grandiosa que êle executou no tocante à caridade pública, quando principalmente a temerosa crise das subsistências estava na sua fase mais aguda, ocasião em que êle tanta fome mitigou e tanto sofrimento fez cessar.

Também justo é lembrar a atitude nobilíssima que, com risco da própria vida, o Sr. Presidente da República desempe-